Celebramos o início da Semana
Santa com a preparação ao Tríduo Pascal de Jesus no qual celebramos a Ceia, a
Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus. O Domingo de Ramos é uma síntese deste
mistério mostrando a Paixão e a Glória de Jesus. A liturgia destes dias tem
origem em Jerusalém como podemos ler no “Diário de Etéria”, escrito do final do
século IV (380), que testemunhou esta liturgia. Esta tem caráter geográfico e é
celebrada onde aconteceram os fatos. Os evangelistas narram que Jesus veio de Betfagé,
no Monte das Oliveiras. Este monte é um local bíblico de grande importância.
Ali iniciou sua caminha final para a realização do desígnio do Pai. Ele é o
grande rei que vem tomar posse de sua cidade (Sl
47,3).
Apresenta-se na humilde, como diz Zacarias (Zc 9,10). O povo O
acolhe e coloca-Lhe mantos para que Ele passe. É uma entrada gloriosa. Jesus
aceita a glorificação do povo, mas a assume como serviço. Até hoje, a sofrida
Igreja de Jerusalém faz esta caminhada festiva. As orações da celebração conduzem
os fiéis a perceberem que a caminhada continua até à Jerusalém Celeste. Esta
glória prenuncia a glória da Ressurreição. O sofrimento de Cristo não é um fim de tudo,
pois Deus não O abandona no poder da morte, como anuncia Pedro no dia de
Pentecostes (At 2,31). A celebração lembra que não
podemos parar na morte. A liturgia de hoje ensina que Cristo continua entrando
para ser acolhido. O povo O aclama. A palavra “Hosana” significa – salvai-nos! Ele é rei aclamado até na cruz: rei dos
judeus. A antífona diz que as crianças cantavam. Infelizmente calaram a boca
das crianças na Igreja. O altar deve continuar a ser o colo da mãe Igreja para
as crianças.
Exemplo
de humildade
A Paixão é o momento em que
Cristo imprime em si com mais grandiosidade nossa humanidade realizando em Sua
vontade humana a vontade Divina. A segunda leitura, que é um hino da Igreja
primitiva, é uma profissão de fé em Jesus sofredor e glorioso. É o processo de
transfiguração da humildade à glória. O homem foi feito imagem e semelhança de
Deus. Na Encarnação que culmina na Paixão, Ele se faz imagem e semelhança do
homem escravo do pecado, servo sofredor na morte vergonhosa da cruz. Por isso
Deus o superexaltou. O nome que está acima de todo nome é a Sua Divindade. O
próprio nome de Jesus revela o Pai, Deus é salvação. Ele foi o cordeiro mudo.
Humilha-se e tem confiança no socorro de Deus. Como o Servo sofredor, cantado
por Isaias (Is 50,4-7) ouve a voz de
Deus e tem consciência de sua missão. Jesus em Seu sofrimento ouve a vontade do
Pai. Ensina-nos que a humildade é estar aberto a Deus cada manhã.
Não
calar a voz do povo
A entrada de Jesus em Jerusalém
foi um momento em que o povo pôde soltar a voz e acolher Jesus como o Messias:
“Bendito o que vem em nome do Senhor”... “Este é o profeta Jesus, de Nazaré da
Galiléia” (Mt 21,9.13). O povo escolhe
quem o salva. Não se pode dizer que na Sexta-Feira o mesmo povo o condena. Podemos
dizer que será ele a acolher as Palavras de Pedro no dia de Pentecostes. Deus
está do lado do povo e o leva a manter-se de cabeça erguida e ter autonomia de
sua consciência. Deus abre seus ouvidos para ouvir Sua voz. Como o Servo,
aprende com o sofrimento a confortar os que sofrem. O povo é solidário e socorre os abatidos. Por isso
resiste com a cabeça erguida. É pacífico e tem confiança que seu sofrimento não
é o fim, mas a passagem para a Glória.
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