quinta-feira, 31 de maio de 2018

REFLETINDO A PALAVRA - “Bendito o que vem em nome do Senhor”

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA-REDENTORISTA
50 ANOS CONSAGRADO
Seguindo com alegria Cristo
               Celebramos o início da Semana Santa com a preparação ao Tríduo Pascal de Jesus no qual celebramos a Ceia, a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus. O Domingo de Ramos é uma síntese deste mistério mostrando a Paixão e a Glória de Jesus. A liturgia destes dias tem origem em Jerusalém como podemos ler no “Diário de Etéria”, escrito do final do século IV (380), que testemunhou esta liturgia. Esta tem caráter geográfico e é celebrada onde aconteceram os fatos. Os evangelistas narram que Jesus veio de Betfagé, no Monte das Oliveiras. Este monte é um local bíblico de grande importância. Ali iniciou sua caminha final para a realização do desígnio do Pai. Ele é o grande rei que vem tomar posse de sua cidade (Sl 47,3). Apresenta-se na humilde, como diz Zacarias (Zc 9,10). O povo O acolhe e coloca-Lhe mantos para que Ele passe. É uma entrada gloriosa. Jesus aceita a glorificação do povo, mas a assume como serviço. Até hoje, a sofrida Igreja de Jerusalém faz esta caminhada festiva. As orações da celebração conduzem os fiéis a perceberem que a caminhada continua até à Jerusalém Celeste. Esta glória prenuncia a glória da Ressurreição.  O sofrimento de Cristo não é um fim de tudo, pois Deus não O abandona no poder da morte, como anuncia Pedro no dia de Pentecostes (At 2,31). A celebração lembra que não podemos parar na morte. A liturgia de hoje ensina que Cristo continua entrando para ser acolhido. O povo O aclama. A palavra “Hosana” significa – salvai-nos!  Ele é rei aclamado até na cruz: rei dos judeus. A antífona diz que as crianças cantavam. Infelizmente calaram a boca das crianças na Igreja. O altar deve continuar a ser o colo da mãe Igreja para as crianças.
Exemplo de humildade
               A Paixão é o momento em que Cristo imprime em si com mais grandiosidade nossa humanidade realizando em Sua vontade humana a vontade Divina. A segunda leitura, que é um hino da Igreja primitiva, é uma profissão de fé em Jesus sofredor e glorioso. É o processo de transfiguração da humildade à glória. O homem foi feito imagem e semelhança de Deus. Na Encarnação que culmina na Paixão, Ele se faz imagem e semelhança do homem escravo do pecado, servo sofredor na morte vergonhosa da cruz. Por isso Deus o superexaltou. O nome que está acima de todo nome é a Sua Divindade. O próprio nome de Jesus revela o Pai, Deus é salvação. Ele foi o cordeiro mudo. Humilha-se e tem confiança no socorro de Deus. Como o Servo sofredor, cantado por Isaias (Is 50,4-7) ouve a voz de Deus e tem consciência de sua missão. Jesus em Seu sofrimento ouve a vontade do Pai. Ensina-nos que a humildade é estar aberto a Deus cada manhã.
Não calar a voz do povo
               A entrada de Jesus em Jerusalém foi um momento em que o povo pôde soltar a voz e acolher Jesus como o Messias: “Bendito o que vem em nome do Senhor”... “Este é o profeta Jesus, de Nazaré da Galiléia” (Mt 21,9.13). O povo escolhe quem o salva. Não se pode dizer que na Sexta-Feira o mesmo povo o condena. Podemos dizer que será ele a acolher as Palavras de Pedro no dia de Pentecostes. Deus está do lado do povo e o leva a manter-se de cabeça erguida e ter autonomia de sua consciência. Deus abre seus ouvidos para ouvir Sua voz. Como o Servo, aprende com o sofrimento a confortar os que sofrem. O povo é  solidário e socorre os abatidos. Por isso resiste com a cabeça erguida. É pacífico e tem confiança que seu sofrimento não é o fim, mas a passagem para a Glória.

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