PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA REDENTORISTA-50 ANOS CONSAGRADO |
“Santíssima Trindade”
Trindade,
uma família!
Celebramos
a festa da Santíssima Trindade. A festa está fora do Tempo Pascal, mas é
celebrada logo a seguir. O motivo: Não celebramos um fato da História da
Salvação como Memória, mas celebramos o Pai que envia seu Filho para a Salvação
e o Espírito Santo que santifica os corações, isto é, leva-os a viver a graça
da salvação trazida por Cristo e deixada para nós como Vida. O mistério de
salvação que envolve todos os tempos, quer mostrar quem é o Deus que nos escolheu
e nos amou em Cristo. É o Deus que Se manifestou e chamou-nos a participar de
sua vida. Sabemos que Deus criou o homem para manifestar nele a sua bondade. O
pecado do homem foi também um momento de manifestar sua misericórdia. Comunhão
não só no futuro, mas agora na comunidade. Deus é comunhão. Temos o costume de
dizer família para a Santíssima Trindade, mas é um termo frágil. Melhor é usar
o termo comunhão de vida das três Pessoas Divinas. A vida íntima da Trindade
orienta nossas famílias no modo de viver. É uma abertura permanente das Pessoas
Divinas, uma à outra. É igualmente acolhimento de tudo o que uma Pessoa Divina
tem em Si. É a humildade de saber amar, acolher e oferecer amor. A festa de
hoje convida à adoração das Três Pessoas Divinas. É um mistério que jamais poderemos alcançar
com totalidade, pois somos humanos. É um mistério aberto à nossa pequenez que
sempre convida a um maior conhecimento e comunhão.
Grava
no teu coração
Como
viver em nossa fragilidade a comunhão com o Deus amor? Recordando os benefícios
que fez conosco. O livro do Deuteronômio nos traz essa bela expressão:
“Reconhece, pois, hoje, e grava-o em teu coração, que o Senhor é o Deus lá em
cima no céu e cá embaixo na terra”. Não é um Deus distante. É um Deus presente
com a criação, a libertação do Egito e a presença permanente entre nós. Nosso
coração deve estar sempre atento ao bem que recebemos. Acima de tudo que possa
haver na terra, Ele é o Deus que Se comunicou. Não é um deus feito pelo homem,
mas o homem que é feito por Deus, à sua imagem e semelhança, como lemos em
Gênesis 1,26-27. Saímos das mãos de Deus, e caminhamos amparados por elas. No
livro do Êxodo temos a imagem do carinho de Deus para com seu povo: “De dia era
uma coluna de nuvens e de noite uma nuvem de fogo” (Ex 13,21). Era como sentiam essa presença
tão preciosa do Deus que desceu para ver o seu sofrimento no Egito e libertá-lo
(Ex 3,8). Essa
linguagem é o que acontece conosco. Assim Deus cuida de nós. Assim nós O
percebemos em outra linguagem. Por isso é preciso contemplar sua obra em nosso
favor e gravá-la em nosso coração.
Abbáh
Pai
Vivemos
a condição de filhos. Essa é a maior libertação que recebemos de Deus em nosso
caminhar humano: “Somos chamados de filhos e de fato o somos” (1Jo 3,1). Ser filho
em total participação da natureza e condições de herdeiros de Deus e
co-herdeiros de Cristo. Os israelitas foram libertados e conduzidos a uma
terra. Nós somos libertados e conduzidos ao coração do Pai. Podemos chamá-Lo
carinhosamente com o nome Abbah que significa Paizinho. Participamos do
mistério redentor de Cristo: “Se realmente sofremos com Ele, é para sermos
também glorificados com Ele” (Rm 8,15.17). Celebrar a Trindade não é somente reverenciar um
Mistério, mas fazer-se participante. Fazendo o Sinal da Cruz, nós o abraçamos e
colocamos em nossa vida.
Leituras: Deuteronômio 4,32-34.39-40; Salmo 32; Romanos 8,14-17;Mateus
28,16-20.
1. Celebramos
a Trindade que é comunhão de vida que se comunica.
2. É
um Deus presente, desde a criação, libertação e vida atual.
3.
Celebrar a Trindade é reverenciar um Mistério e
fazer-se participante dele.
Lar
doce lar
Clamamos nos salmos o desejo de
morar sempre na casa do Senhor (Sl 27,4). Era o sonho de todos que amavam a Deus. Um dia na
casa do Senhor vale mais que mil fora dela (Sl 84, 10). Se essa presença era o grande
atrativo para ir a Jerusalém... Cantavam: “Que alegria quando me disseram:
vamos à casa do Senhor” (Sl
121,1). E nós... que temos essa presença em todas nossas Igrejas? Muito
bom, mas estamos em melhor condição.
Estar na casa de Deus é permanecer
com Ele, pois está em nós. Não precisamos sair de casa para tê-Lo, encontrá-Lo,
gozar de sua presença. Ele é o mais íntimo no meu íntimo.
Por isso, o
grande empenho que temos que fazer, é buscá-Lo em nós mesmos.
Somos sacrários vivos da Eucaristia.
Somos casa de Deus, pois Jesus disse: “Se alguém me ama, guardará minha palavra
e meu Pai o amará e a Ele viremos e Nele estabeleceremos morada” (Jo 14,23).
O caminho espiritual deve partir
dessa presença amorosa e permanente de Deus em nós. Fora disso, é só vazio.
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