Nesta caminhada
quaresmal não só ouvimos falar dos Mistérios de Jesus, mas participamos deles. Ouvimos
que Jesus é a Água Viva e a Luz. Hoje o evangelho nos narra que Jesus é a Vida.
A estrutura da liturgia da Palavra nos conduz à retomada de nosso Batismo para
que a Vida de Cristo seja sempre mais nossa vida. Não sem razão Paulo diz: “Eu
vivo, mas não sou eu que vivo, pois é Cristo que vive em mim. Minha vida
presente na carne, eu a vivo pela fé no Filho de Deus que amou e Se entregou
mesmo por mim” (Gl 2,20). Para nos transmitir esta verdade deu-nos o grande sinal da
ressurreição de Lázaro. Cristo é senhor da vida e dá a vida a Lázaro porque é
Vida. Já dera a vida ao filho da viúva de Naim e à filhinha de Jairo. É o
prenúncio da Sua Ressurreição. Como a fé é dada por Deus, pela fé se obtém a
ressurreição para a Vida. Nossa ressurreição futura é garantida pela fé em
Jesus que, com Sua Ressurreição deu a Vida a todos os que creem. Diz a Marta:
“Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, mesmo que morra, viverá. E
todo aquele que vive e crê e mim, não morrerá jamais”. Marta faz a profissão de
fé: “Eu creio que tu és o Messias, o Filho de Deus, que deveria vir ao mundo” (Jo
11,25-27).
Pelo Batismo professamos a fé em Jesus. Nesta fé somos batizados. A vida cristã
não se trata de uma religião que reúne pessoas, nem de um amontoado de
doutrinas nem uma cultura religiosa. Ela consiste na fé em Jesus que dá a Vida
e por ela ressuscitamos dos males do pecado e recebemos a garantia da Vida
Eterna. A situação da pessoa está descrita na morte de Lázaro que já estava em
estado de corrupção. O salmo reflete a situação humana e espiritual com um
grito esperança: “Das profundezas clamo a vós... Se levardes em conta nossas
faltas, quem poderá subsistir? Mas em Vos se encontra o perdão eu Vos temo e em
Vós espero” (Sl 129)
Viver
segundo o Espírito
Paulo nos ensina
sobre viver não segundo a carne, mas segundo o Espírito que habita em nós.
Viver segundo a carne é deixar-se dominar pelos vícios e de suas consequências.
O uso dos bens materiais deve ser regulado pela fraternidade. É preciso render
para Deus. O serviço do poder deve ser orientado pelo serviço da humildade. Os
prazeres são fonte de alegria e santificação quando norteados pela adoração a
Deus. Mesmo sofrendo pelas consequências do pecado, podemos estar cheios da
graça de Deus. Jesus é Vida e dá vida onde o pecado deixou a morte. Pela fé
seremos vivificados.
Caminhar
com a mesma caridade
A celebração da
Quaresma é participação no Mistério de Cristo. Na oração da Missa: “Dai-nos,
por Vossa graça, caminhar com alegria na mesma caridade que levou o Vosso Filho
a entregar-Se à morte no Seu amor pelo mundo”. A alegria tem seu lugar no meio
de toda a dor que este tempo da Paixão nos mostra. Esta alegria é prenúncio da
Ressurreição de Jesus e de nossa Ressurreição. Jesus entrega-Se por amor. A
Paixão, diz S. Afonso, não se mede pela dor, mas pelo amor. Seguir Jesus vai
além das palavras, pois envolve os sentimentos, por isso rezamos: “Caminhar com
alegria”. Vivemos a mesma caridade, pois o amor de Jesus era Divino, não só
sentimento humano. Tudo procede de nosso Batismo que nos deu a Vida. É preciso
abrir os túmulos do egoísmo, como nos ensina o profeta Ezequiel. Ao nos
prepararmos para a Páscoa, reforcemos nossa disposição de seguir Jesus, de modo
particular, celebrando os sacramentos.
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