segunda-feira, 21 de maio de 2018

REFLETINDO A PALAVRA - Onde está Jesus?

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA-50 ANOS CONSAGRADO
2041. Estarei sempre convosco
              Para termos vida espiritual consistente não bastam as Escrituras, não bastam os sacramentos, não bastam as obras de caridade, não bastam os exercícios de piedade. Tudo é necessário, mas o que mais conta na vida cristã é a presença de Jesus em nosso meio. Ele é a fonte da vida cristã.  Disse: “Eu sou a videira, vós os ramos; quem está em Mim, e Eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer” (Jo 15,5). Buscamos Jesus longe, quando está muito perto de nós, em nós. A certeza dessa presença alimenta nosso dia a dia. Depois da Ascensão, não vemos no grupo dos discípulos um vazio saudoso deixado pela ausência Jesus. O texto da festa, que narra esse momento, diz que “Jesus foi elevado ao céu, e sentou-se à direita de Deus. Os discípulos então saíram e pregaram por toda parte. O Senhor os ajudava e confirmava sua palavra por meio dos sinais que a acompanharam” (Mc 16,19-20). Sabiam de sua presença. Ele dissera: “Eis que estarei convosco todos os dias até o fim dos tempos” (Mt 28,20). Paulo diz: “O Senhor esteve sempre a meu lado” (2Tm 4,17). A certeza de sua presença é sempre a garantia de sua ação e também da nossa. O mesmo Senhor que animou os apóstolos anima todo o povo de Deus. Impossível viver a fé sem sua presença constante. Às vezes queremos segurança em Deus, mas não acreditamos que já está ao nosso lado. Buscamos longe, quando está tão perto. Ele se deixa tocar pela nossa fé. Não queiramos visões. É preciso ter a visão que nos leva a vê-Lo nos muitos modos em que se manifesta. Há uma visão de espiritualidade que quer tocar, ver e sentir. Inútil, desnecessário e prejudicial. Jesus insiste com Tomé para crer (Jo 20,24-28).
2042. Virei a vós
              Celebrando a Ascensão temos a ideia de uma ida definitiva que não tem retorno, e que encerrou um capítulo da história de nossa fé. Agora toca a nós levar adiante a vida, com nossas forças, na presença do Espírito, como nos garantiu Jesus, que poderíamos fazer coisas maiores que Ele. Sabemos que os que têm fé, agem com muita força e sem medo. “Mas aqueles que esperam no Senhor renovam suas forças. Voam alto como águias; correm e não se fatigam, caminham e não se cansam” (Is 40,31). Ele está continuamente vindo ao nosso encontro. Quanto mais temos consciência de sua presença querida junto a nós, mais aprofunda nosso relacionamento com Ele. É muito bom ter familiaridade com Ele. Com Ele nos entendemos bem. Deus é fácil de ser entendido em suas contínuas intervenções em nossa vida. Vale a pena perceber sua presença que não incomoda, mas nos cerca de cuidado e de carinho como rezamos nos salmos. Quanto mais correspondemos, mais se torna claro.
2043. Onde dois ou três estão reunidos
              Jesus se encarnou tomando nossa carne. Por ela tivemos o contato com o Deus que Ele é. Em uma única pessoa, o Divino e o Humano. É a forma sacramental. Pelo visível, chegamos ao invisível. Em tudo na fé passamos por esse caminho. É a realidade simbólica sacramental. Cristo é o Sacramento do Pai. João disse: “O que ouvimos, o que vimos com nossos olhos, o que contemplamos e nossas mãos apalparam da Palavra da Vida” (1Jo 1,1). A comunidade tem a dupla dimensão da presença visível das pessoas e a presença invisível de Cristo que a une e a constitui como corpo do Senhor. É o que rezamos na prece eucarística: “pelo Espírito sejamos reunidos em um só corpo”, Corpo de Cristo. A comunidade torna visível o Corpo de Cristo, pois Ele está entre nós e em nós. Não há Igreja sem a presença de Cristo. Onde dois ou três estão reunidos, aí está Cristo.

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