PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA REDENTORISTA-50 ANOS CONSAGRADO |
2041. Estarei sempre convosco
Para termos vida espiritual consistente
não bastam as Escrituras, não bastam os sacramentos, não bastam as obras de
caridade, não bastam os exercícios de piedade. Tudo é necessário, mas o que
mais conta na vida cristã é a presença de Jesus em nosso meio. Ele é a fonte da
vida cristã. Disse: “Eu sou a
videira, vós os ramos; quem está em Mim, e Eu nele, esse dá muito fruto; porque
sem mim nada podeis fazer” (Jo 15,5). Buscamos Jesus longe, quando está muito perto de nós,
em nós. A certeza dessa presença alimenta nosso dia a dia. Depois da Ascensão,
não vemos no grupo dos discípulos um vazio saudoso deixado pela ausência Jesus.
O texto da festa, que narra esse momento, diz que “Jesus foi elevado ao céu, e
sentou-se à direita de Deus. Os discípulos então saíram e pregaram por toda
parte. O Senhor os ajudava e confirmava sua palavra por meio dos sinais que a
acompanharam” (Mc
16,19-20). Sabiam de sua presença. Ele dissera: “Eis que estarei
convosco todos os dias até o fim dos tempos” (Mt 28,20). Paulo diz: “O Senhor esteve
sempre a meu lado” (2Tm
4,17). A certeza de sua presença é sempre a garantia de sua ação e
também da nossa. O mesmo Senhor que animou os apóstolos anima todo o povo de
Deus. Impossível viver a fé sem sua presença constante. Às vezes queremos
segurança em Deus, mas não acreditamos que já está ao nosso lado. Buscamos
longe, quando está tão perto. Ele se deixa tocar pela nossa fé. Não queiramos visões.
É preciso ter a visão que nos leva a vê-Lo nos muitos modos em que se
manifesta. Há
uma visão de espiritualidade que quer tocar, ver e sentir. Inútil,
desnecessário e prejudicial. Jesus insiste com Tomé para crer (Jo 20,24-28).
2042. Virei a vós
Celebrando a Ascensão temos a ideia
de uma ida definitiva que não tem retorno, e que encerrou um capítulo da
história de nossa fé. Agora toca a nós levar adiante a vida, com nossas forças,
na presença do Espírito, como nos garantiu Jesus, que poderíamos fazer coisas
maiores que Ele. Sabemos que os que têm fé, agem com muita força e sem medo. “Mas aqueles que
esperam no Senhor renovam suas forças. Voam alto como águias; correm e não se
fatigam, caminham e não se cansam” (Is
40,31). Ele está
continuamente vindo ao nosso encontro. Quanto mais temos consciência de sua
presença querida junto a nós, mais aprofunda nosso relacionamento com Ele. É
muito bom ter familiaridade com Ele. Com Ele nos entendemos bem. Deus é fácil
de ser entendido em suas contínuas intervenções em nossa vida. Vale a pena
perceber sua presença que não incomoda, mas nos cerca de cuidado e de carinho
como rezamos nos salmos. Quanto mais correspondemos, mais se torna claro.
2043. Onde dois ou três estão reunidos
Jesus se encarnou tomando nossa
carne. Por ela tivemos o contato com o Deus que Ele é. Em uma única pessoa, o
Divino e o Humano. É a forma sacramental. Pelo visível, chegamos ao invisível.
Em tudo na fé passamos por esse caminho. É a realidade simbólica sacramental.
Cristo é o Sacramento do Pai. João disse: “O que ouvimos, o que vimos com
nossos olhos, o que contemplamos e nossas mãos apalparam da Palavra da Vida” (1Jo 1,1). A
comunidade tem a dupla dimensão da presença visível das pessoas e a presença
invisível de Cristo que a une e a constitui como corpo do Senhor. É o que
rezamos na prece eucarística: “pelo Espírito sejamos reunidos em um só corpo”,
Corpo de Cristo. A comunidade torna visível o Corpo de Cristo, pois Ele está
entre nós e em nós. Não há Igreja sem a presença de Cristo. Onde dois ou três
estão reunidos, aí está Cristo.
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