segunda-feira, 24 de julho de 2017

REFLETINDO A PALAVRA - “O verdadeiro crente em Deus”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
Deus fez o homem do barro
            A Escritura, mais que de palavras, é feita com o Espírito Santo. Crê quem crê verdadeiramente em Deus e não em seus próprios modos de pensar ou em teorias oportunistas. Precisamos iniciar sempre pelo conhecimento de nós mesmos. O que somos vai nos modelar nosso viver e agir. Tento compreender a partir da própria criação da humanidade. O primeiro passo nos vem do barro do qual fomos formados. Esse barro não é tanto o serviço de um oleiro, mas a descrição de nossa realidade. Somos frágeis e sempre estamos nos ajustando. Crescemos nos adaptando, moldando-nos e sendo moldados. A vida está sempre em movimento. Crer não é somente um ato intelectual de compreensão e de vontade ao dom de Deus, mas está unido ao nosso ser frágil. É na fragilidade que edificamos nossa vida. Fragilidade não é pequenez ou impossibilidade de crescer. É o melhor modo para acolher Deus que nos abre ao infinito crescimento. Crescemos de “glória em glória” diz Paulo (2Cor 3,18). Crer em Deus exige que nos sintamos frágeis e necessitados de sua bondade de Pai. Por isso nos abrimos. Jesus diz que o que Pai ocultou aos sábios e aos doutores e revelou aos pequeninos (Mt 11,25). O orgulho que provém da abundância de riquezas, de ciência e de poder obscurece o conhecimento de Deus. É um bloqueio que os humildes não têm, por isso podem conhecer o bem maior.
Soprou-lhe a alma espiritual
            Naquele barro Deus soprou o hálito de vida. E o homem se tornou alma vivente (Gn 2,7). É um ser vivo e tem a dimensão espiritual. Não foi criado como os outros animais. Sabemos que no momento da concepção é criada para cada homem uma alma única e intransferível. Não é somente um ser animal, mas também espiritual. Esse fôlego de vida que veio de Deus é uma participação em sua Vida Divina. Todos nós participamos da vida de Deus porque assim Ele nos fez. Isso não é uma opção, é um dom dado ao barro frágil. A dignidade do homem vem desse dom. Para crer usamos nossos sentidos espirituais de inteligência, vontade, sabedoria, consciência. Tudo isso será acrescido com o Dom que é o Espírito Santo. Ele penetra todo nosso ser. Temos tantos outros dons que nos fazem viver com intensidade. O grande dom da consciência nos fortalece e torna nosso frágil barro em fortaleza diante dos empreendimentos e das dificuldades da vida. Contemplando o mundo, podemos ver como o ser humano se desenvolveu nessa longa história da humanidade. Nós temos os resultados. Os dons espirituais nos elevam a grande dignidade do ser humano, pois podemos participar de forma completa da Divindade. Ainda mais quando sabemos que Jesus uniu essa fragilidade à Divindade. Quanta riqueza. Para crer é preciso aceitar.
Crescei e multiplicai-vos
            Deus deu a partida na raça humana: Sede fecundos! Crescei e multiplicai-vos e enchei a terra (Gn 1,28). Não somente aumentar a raça humana, mas criar e viver junto com os outros e estar unido ao outro fiel que crê em Deus. Toda humanidade é uma grande família. A fragilidade gera forças na unidade. Toda divisão, seja de raça, de cor, de crença, de condições, não tem sentido, pois todos viemos do mesmo Deus e voltamos para Ele. A riqueza do universo é a fraternidade. Tudo feito para todos. Ninguém é dono de nada. Somos passageiros e não levamos as paisagens conosco. Essa maravilha nos estimula a aproveitar nossos dons para que o mundo seja melhor. Crer em Deus é um dom precioso, pois responde à nossa condição humana. Crer e amar a todos é instaurar a condição Divina entre nós. Quem recusa outra pessoa como irmão, recusa Deus como Pai de todos.

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