Evangelho segundo S. Mateus 12,38-42.
Naquele
tempo, alguns escribas e fariseus disseram a Jesus: «Mestre, queremos ver um
sinal da tua parte». Mas Jesus respondeu-lhes: «Esta geração perversa e
infiel pretende um sinal, mas nenhum sinal lhe será dado, senão o sinal do
profeta Jonas. Assim como Jonas esteve três dias e três noites no ventre da
baleia, assim o Filho do homem estará três dias e três noites no seio da terra. No dia do Juízo, os homens de Nínive levantar-se-ão com esta geração e
hão-de condená-la, porque fizeram penitência quando Jonas pregou; e aqui está
quem é maior do que Jonas. No dia do Juízo, a rainha do Sul erguer-se-á com
esta geração e há-de condená-la, porque veio dos confins da terra para ouvir a
sabedoria de Salomão; e aqui está quem é maior do que Salomão».
Comentário do
dia:
Rupert de Deutz (c. 1075-1130), monge beneditino
Da Trindade e
suas obras, 42, 4; PL 167, 1130
O profeta Natan e Betsabé defenderam o seu
projeto perante o velho e sábio rei David, que estava a morrer (1Rs 1). Foi
então que Salomão, cujo nome significa «senhor pacífico», recebeu a unção real.
E todos se aproximaram dele e o seguiram, tocando flauta e fazendo uma grande
festa, de modo que a terra inteira vibrava com as aclamações, pois o rei havia
declarado: «Estabeleço Salomão como rei de Israel e de Judá» (v. 35.40). Esta
entronização prefigura indubitavelmente o mistério de que Daniel falava: «O
tribunal realizou sessão e foram abertos os livros. Vi aproximar-se, sobre as
nuvens do céu, um ser semelhante a um Filho do homem, que avançou até ao ancião,
para diante do qual O conduziram. E foram-Lhe dadas a soberania, a glória e a
realeza» (Dn 7,10-14).
Foi, pois, por iniciativa de um profeta que
Salomão foi estabelecido como rei, tal como foi ao cumprir as profecias no seu
sentido espiritual que Cristo, Filho de Deus, foi reconhecido como Rei pacífico,
Rei da glória do Pai, atraindo tudo a Si. Salomão tornou-se rei ainda em vida de
seu pai, tal como Cristo foi estabelecido rei por Deus Pai, que não pode morrer.
Sim, Ele fá-lo rei, «herdeiro de todas as coisas» (Heb 1,2), Aquele que não
morre nem morrerá nunca. E, coisa admirável e única, Cristo, o herdeiro de um
Pai sempre vivo e que não pode morrer, morreu; mas ressuscitou e nunca mais
conhecerá a morte.
Então Salomão foi sentado na mula do rei (1Rs 1,38).
Bem melhor, porém, é no trono de seu Pai, isto é, sobre toda a Igreja [...],
«acima de todo o principado, potestade, virtude e dominação» (Ef 1,21), que
Cristo está agora sentado «à direita da Majestade nos céus» (Heb 1,3). É por
isso que a multidão vai atrás dele, a multidão que canta e se alegra. E a terra
vibra com as suas aclamações. Também nós ouvimos a enorme alegria daqueles que
proclamam esta glória, ou seja, a alegria dos apóstolos falando as línguas de
todos (At 2) pois «por toda a terra se ouve o seu eco, até aos confins do
universo a sua palavra» (Sl 18,5).
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