quarta-feira, 26 de julho de 2017

REFLETINDO A PALAVRA - “Páscoa, o que é?”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
1077. História da Páscoa.
            O nome Páscoa tem uma origem discutida. Em aramaico o termo é pasha. Em hebraico é pesah que significa uma dança cultual, ou um fenômeno de astronomia, sempre dando a noção de passagem e de salto. A partir do livro do Êxodo 12,13.27, a palavra está relacionada com o fato que Deus “passou poupando” os primogênitos dos hebreus, enquanto  eliminava os primogênitos dos egípcios. O anjo exterminador saltava as casas que tinham o sangue dos cordeiros pascais passado nos umbrais e nos portais das casas dos hebreus. Vemos novamente o sentido de passar adiante. O termo páscoa (pesah), na bíblia, é usado tanto como a festa, como o animal sacrificado, por exemplo, sacrificar o cordeiro pascal. A origem da festa se perde na história da humanidade. A opinião mais comum é que a festa da páscoa tem uma origem antiqüíssima já celebrada pelos judeus já antes de Moisés. Era festa dos pastores que, no início da primavera oferecia as primícias do rebanho à divindade. Quando os judeus querem ir ao deserto para fazer sacrifício, devem levar os rebanhos. Outros afirmam que o sacrifício dos cordeirinhos como um rito expiatório. Pelo sangue colocado nos mourões dos apriscos tem a finalidade de afastar da casa ou dos rebanhos os demônios ou as pragas. A prescrição de assar o cordeiro inteiro lembra também os costumes nômades. Posteriormente a festa pastoril se uniu à festa dos pães ázimos que faziam os que eram agricultores. Antes eram duas festas distintas. Os hebreus, que já viviam neste ambiente, após o êxodo, deram sentido diverso a essas tradições que eles conheciam. A regulamentação destas festas é muito posterior, quando o povo já estava no país já havia séculos.
1078. Festa da Páscoa
O livro do Êxodo (12.1-14.43-49), que não é um texto muito antigo, guardou os costumes antigos. A festa devia ser celebrada no mês de Nisan (março/abril). Os ritos principais são: matar o cordeiro, fazer a refeição sacrifical que fortalece a solidariedade da família e o rito com o sangue, pelo qual a família é protegida contra o mal. Os incircuncisos não podiam participar. A festa era familiar. Posteriormente houve uma mudança: o animal não podia ser morto em casa. Devia ser morto, cozido e comido no santuário central, no templo, no primeiro dia da festa. O rei Josias fez uma reforma pelo ano 622 (2Rs 23,21-23), e estabeleceu que a festa devia ser em Jerusalém. Perdeu-se assim o caráter familiar. Quem deveria sacrificar o cordeiro eram os sacerdotes do templo. Depois comido nas casas particulares, como ocorreu com Jesus na Última Ceia. Junte-se aqui também o pão ázimo que deveriam comer durante uma semana.
1079. Uma festa para nós
            Não se pode compreender a liturgia cristã sem este pano de fundo dos costumes hebraicos. Certamente que a celebração tem o sentido novo. Lemos nos evangelhos que Jesus celebrou a ceia pascal usando o cordeiro e o pão ázimo. Celebrou a ceia como era celebrada pelo povo. Cristo é chamado de o Cordeiro Pascal sacrificado para o perdão dos pecados. Dele não foi quebrado nenhum osso quando o tiraram da cruz. Paulo diz: Cristo, nossa Páscoa foi sacrificado (1Cor 5,7). A ceia pascal celebrada na partida do Egito lembra a libertação do povo. Jesus é o Cordeiro Pascal que tira o pecado do mundo. A Eucaristia é a Ceia Pascal na qual nos alimentamos com o Corpo de Cristo sacrificado por nós. 

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