segunda-feira, 21 de novembro de 2016

REFLETINDO A PALAVRA - “Tudo pelo carinho”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
O amor tem precedência
             É bonito ver um casal com um filho no colo. É como uma fruta de uma árvore que amadurece e pode ser colhida quando é seu tempo. Papa Francisco, em sua Exortação Apostólica, Amoris Laetitia – Alegria do Amor, lembra questões da vida familiar de um modo tão simples que parecem banais, quando na verdade, são fundamentais. Ao refletir sobre a gestação e o crescimento dos folhos, tem uma importância muito grande à presença do pai e da mãe para a formação da criança, inclusive no espiritual. É missão a não ser delegada a outros. Não se trata da tradicional família, mas da família que transmite valores e vida. A presença da mãe é necessária, sobretudo nos primeiros meses de vida. “O enfraquecimento da presença materna, com suas qualidades femininas, é um risco grave para nossa terra... o gênio feminino é indispensável para a sociedade... uma sociedade sem mães, seria desumana porque elas sabem testemunhar sempre, mesmo nos piores momentos, a ternura, a dedicação e a força moral. As mães transmitem, muitas vezes, também sentido mais profundo da prática religiosa” (AL 173-174). Sintetizando as palavras do Papa podemos dizer que, como o mundo da criança é a mãe, assim ela concebe como é o mundo e como enfrentá-lo. A mãe é, para ela o retrato da mãe. O mundo consumista exigiu da mãe o trabalho para poder sustentar a família. É uma necessidade, mas não uma solução. Em sociedades menos consumistas poderemos desenvolver melhor a formação dos filhos. Não basta dizer que a juventude tem tantos problemas. É necessário ver de onde surgem esses problemas.
Meu velho pai
            É tão bom redescobrir a figura do pai que fica um pouco distante pelas circunstâncias da vida. É gostoso vê-lo já bem envelhecido e buscar nessa fonte de vida as riquezas que oferece. Quando morei na Angola ouvia a expressão: “Quando morre um idoso, queimou-se uma biblioteca”. Nessas culturas a figura do idoso é muito importante e orientadora. O “Sekulu” = o mais velho - tem a sabedoria. Pena que muitas dessas bibliotecas se queimam sem o uso necessário. O Papa Francisco continua sua instrução: “A figura do pai ajuda a perceber os limites da realidade, caracterizando-se mais pela orientação, pela saída para o mundo mais amplo e rico de desafio e pelo convite a esforçar-se a lutar” (AL 175). “A presença clara e bem definida das duas figuras, masculina e feminina, cria o âmbito mais adequado para o amadurecimento da criança” (id). A mãe cuida do ninho o pai estimula a voar. A figura dos idosos abandonados é desoladora. Os problemas que possuem são uma escola para se manifestar o amor.
Sociedade sem pais

            De um pai dominador e patrão, como pudemos ver na sociedade tradicional, passou-se a outro extremo da ausência do pai. O pai não está presente por motivos de trabalho e dos interesses pessoais. “A presença paterna e sua autoridade são afetadas pelo tempo cada vez maior que se dedica aos meios de comunicação e à tecnologia da distração. Além disso, hoje, a autoridade é olhada com suspeita e os adultos são duramente postos em discussão. Eles próprios abandonam as certezas, e por isso, não dão orientações seguras e bem fundamentadas a seus filhos... isso prejudica o processo adequado de amadurecimento pelo qual as crianças precisam passar e nega-lhes um amor capaz de orientá-las e que as ajude a maturar” (AL 176). Não se negam os ganhos atuais, lamentam-se as perdas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário