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| PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
João Batista é o único santo do qual celebramos o nascimento e morte.
Celebramos, normalmente, o dia da morte do santo, pois é o dia de seu
nascimento para Deus. De João celebramos o nascimento porque ele vem com uma
marca profunda de Deus, a presença do Espírito que o anima, já no seio materno,
como já tendo realizado esse nascimento para Deus. Ele vem “não da vontade da carne,
mas da vontade de Deus” (Jo
1,13). É esse o significado dos pais de idade avançada. Quando um moleque era muito fraco, chamavam-no de filho de
mulher velha. Não foi o caso de João Batista. Só Deus faz coisas impossíveis,
como diz o Anjo a Maria: “Este é o sexto mês para aquela que chamavam de
estéril; Para Deus, nada é impossível” (Lc 1,37). Foi anunciado pelo Anjo,
criado nos desertos, quer dizer, no contato com Deus, vencendo o mal. O deserto
faz a gente ser mais gente. Ele saiu forte. No seu nascimento se manifestou
grandemente a mão de Deus. Todos diziam: “Que virá ser este menino”? Porque a
mão de Deus estava com ele. João é um caminho de espiritualidade. É visitado
por Jesus, quando os dois estão no seio de suas mães. Sentiu a presença de Jesus
que lhe dá o Espírito. Salta de alegria no seio da mãe (Lc 1,44). Nele, Deus nos visita. Zacarias, no dia da circuncisão,
depois de libertado de sua mudez e surdez, canta: “Graças ao coração
misericordioso do nosso Deus, pelo qual nos visita o Astro das alturas” (78). Deus nos visita sempre. À medida que O reconhecemos, o
Espírito nos transmite a alegria da salvação. Deus nos conhece e nos sonda para
derramar sobre nós o mesmo Espírito, pois, como filhos de Deus, não nascemos da
carne, mas de Deus. Saber acolher a visita de Deus é fonte de espiritualidade.
805. Não
sou digno
Em João, entendemos como
conduzir nossa vida. Sabe seu lugar. João poderia ser um concorrente de Jesus.
Tinha fama, tinha uma palavra forte e o povo acorria a ele. Muitas vezes,
quando temos fama e sucesso, pensamos que é para nós e não para quem servimos.
João sabe seu lugar e apresenta Cristo. Tudo o que foi e o quanto fez, foi para
preparar os caminhos do Senhor, tendo a nobreza de dizer que não era “digno de
desatar as correias de sua sandália” (Lc 3,1),
o que era um serviço do escravo. Sabia ser forte para enfrentar os erros,
propor a verdade e reconhecer o Messias. A grandeza de João está na consciência
de sua missão de apontar o Messias. Ele o único dos profetas que mostrou o
Cordeiro Redentor e O batizou (prefácio). A dignidade de
João está na consciência de reconhecer o Cordeiro de Deus (Jo 1,35). Saber nosso lugar é espiritualidade.
806. Profeta
do Altíssimo
João
responde ao anseio do povo que desde há muito não via profetas. Um povo sem
profetas é um povo sem direção. Ele, criado no deserto, experimentado na
solidão, pode formar em seu coração a Palavra de Deus que o fez profeta
reconhecido pelo povo (Mt 21,26). A maior
profecia de João está em testemunhar o Cristo pela palavra forte e dar a vida
pela verdade (Mt 14,1ss). Jesus é a Verdade
que o faz profecia. Seu nascimento anuncia a misericórdia de Deus que se abaixa
para mostrar seu afeto. Isto é significado por seu próprio nome, João que quer
dizer Deus é favorável. Conhecido por Deus, conheceu a Deus, experimentou Deus
e conheceu Aquele que Deus enviou e por Ele constrói sua vida. João é para nós um caminho de acolher a visita
de Deus, do Messias e testemunhá-lo.
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