domingo, 20 de novembro de 2016

Homilia de Jesus Cristo Rei do Universo (20.11.16)

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
“Pregamos Cristo Crucificado”
 Um rei diferente!
            Desde a saída do Egito o povo de Israel era comandado por homens carismáticos que os dirigiam e socorriam nas desgraças. Em certo momento, no século onze exigiu que Samuel lhe dê um Rei “como têm os outros povos” (1Sm 8,5). O profeta e dirigente do povo, interpretou que o povo não quer Deus como seu rei. “É a mim que não querem”, diz Deus (7). O escolhido e ungido foi Saul. Desagradou a Deus e lhe retirado o Espírito. Davi foi ungido (1Sm 16,13). Deus lhe prometeu uma “casa que duraria para sempre”. A realeza judaica foi efêmera, tendo seu auge em Salomão. Os outros reis se deram à idolatria e exploração. Em Jesus, descendente de Davi, é cumprida a promessa. Os judeus esperavam um Messias glorioso que os libertasse dos inimigos. Mas Ele é um rei diferente e institui um Reino diferente, não para uma raça particular, mas para todos que O aceitam. A Igreja, continuando a missão de Jesus nem sempre pôs em prática seu ensinamento sobre a autoridade serviço: “O maior é aquele que serve. Eu que sou entre vós como aquele que serve” (Lc 22,27).  O povo acolheu Jesus. Os chefes O recusaram. O motivo foi sua realeza. Não estava conforme seus modelos. O modelo de Jesus corresponde ao desígnio do Pai: “Buscar as ovelhas perdida que eram os pecadores e os pobres que não tinham nenhuma esperança”. Quando está na cruz, recebe as zombarias dos chefes, dos soldados e dos ladrões crucificados com Ele. Foi um fracasso. Provocam dizendo: “Salva-Te a Ti mesmo, se de fato é o Cristo de Deus, o Escolhido” ... Se és o rei dos judeus, salva-Te a Ti mesmo!”(Lc 23,35-39). Interrogado por Pilatos responde: “Meu Reino não é desse mundo”...(Jo 18,36)
Estarás comigo no Paraíso
            Jesus passou pela tentação do poder que possuía como Filho de Deus. Foi a mesma tentação que passou no deserto: “Se Tu és o Filho de Deus...”. Na cruz o ladrão O insultava: “Tu não és o Cristo? Salva-Te a Ti mesmo e a nós!” Jesus quis permanecer no seu Paraíso que era sua entrega ao Pai pelo mundo. Ao ladrão que ficou bom ladrão, ao assumir Jesus recebe a melhor promessa do mundo. Diz: “‘Jesus, lembra-Te de mim, quando entrares no teu reinado’. Reponde: ‘Ainda hoje mesmo estarás comigo no Paraíso’” (Lc 23,35-43). Jesus supera a tentação do poder tendo diante de si a imagem do Paraíso que era o Pai. Superou todo o desejo de glória. Todos nós que desejamos o Paraíso só o conseguiremos se buscarmos sempre o serviço humildade que crucifica todo orgulho, tendência ao poder e à mania de querer aparecer e dominar. A comunidade cristã é convocada a ser o Paraíso que é o Reino da verdade e da vida, da santidade e da graça, da justiça, do amor e da paz (Prefácio). A realeza de Jesus não é um projeto humano. É divino.
Trocar de coroa
            Cristo morre prestando um grande serviço ao mundo de todos os tempos: Humilhou-Se. É o que vemos por todo lado, com dor, dentro da Igreja, mesmo nas comunidades pequeninas. Infelizmente A Igreja foi um reino ao lado dos outros, com a supremacia sobre o espiritual e o temporal. Papa era um rei como os monarcas medievais e renascentistas. Onde ficou o Jesus da Galiléia? Quando as Palavras de Papa Francisco ecoam como mudança, há uma rejeição injustificada. A pregação deve consistir num esforço conversão ao Cristo Crucificado, loucura para os gregos, escândalo para os judeus Para os que crêem ... (Cor 1,24). Não podemos pregar uma mudança se não tivermos em conta que a coroa que cinge a Igreja e cada cristão é a coroa do serviço e o amor dedicado.
Leituras:2º Samuel 5,1-3; Salmo 121;Colossenses 1,12-20; Lucas 23,35-43 
1.     A realeza de Jesus cumpre a promessa feita a Davi de uma casa eterna. Os chefes do povo recusaram Jesus porque não correspondia a suas idéias sofre o Messias. Jesus apresenta um rei que põe sua vida a serviço. 
2.    Recusado pelos chefes, soldados e ladrões, Jesus se mantém no seu Paraíso que era cumprir a vontade do Pai: servir a todos. Assim também deve ser a Igreja. 
3.    Cristo, com sua encarnação humilhou-se despojando sua realizada do sentido de poder e domínio. Esse é o caminho da Igreja. 
            O perigo do se.... 
            No momento da morte de Jesus os chefes do povo zombavam de Jesus, os soldados caçoavam e diziam: “Se és o rei dos judeus, salva-te a ti mesmo!”  Quando Jesus foi tentado pelo demônio, este dizia: “Se tu és o Filho de Deus....” (Mt 4,3ss). Era a grande tentação de Jesus. Tão humano que era, passava pela tentação e a vencia com a Palavra de Deus.
            A perseguição feita a Jesus culmina em condenação e morte. No momento extremo é aclamado como Rei e Senhor pelo ladrão que o reconhece: ‘“Lembra-te de mim, quando entrares no teu reinado’, Respondeu-lhe Jesus: ‘ainda hoje estará comigo no Paraíso”’ (Lc 23,42).
            Jesus não se improvisa rei, nem toma o poder por uma decisão pessoal. Deus encaminhara a história de seu povo e, depois dos juízes, dá-lhe um rei. O Reino de Israel se consolida em Davi que recebe a promessa de uma casa eterna. Essa promessa se concretiza em Jesus. De um reino terreno que tem como herança, abre a todos a herança de um reino eterno.
Na carta aos Colossenses ensina-nos quem é esse Rei que foi rejeitado, crucificado e ressuscitado: Ele é a imagem do Deus invisível, por Ele foram feitas todas as coisas, tudo foi criado por meio Dele e para Ele. Ele é a Cabeça do Corpo que é a Igreja, princípio e primogênito dentro os mortos. Deus fez habitar Nele toda sua plenitude e por meio Dele reconciliar consigo todos os seres por meio do sangue da sua cruz (Cl 1,12-20). Em poucas palavras temos a grandeza desse Homem que é Deus. Nossa fé assim crê e assim vive. Como o ladrão que chamamos de bom, conseguiu ser acolhido imediatamente no Reino, nós também, pela fé e dedicação de vida, podemos ser acolhidos e tomar posse com Ele do Reino.

            “Se tu és o Filho de Deus....”. Sim, somos filhos de Deus e herdeiros com Cristo.

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