segunda-feira, 28 de novembro de 2016

REFLETINDO A PALAVRA - “A Família se alarga”

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA CSsR
Amor que acolhe
                        Em sua Exortação Apostólica Amoris Laetitia – Alegria do Amor, o Papa Francisco reflete todas as questões que envolvem a família. Nos próximos números vai se dedicar à extensão que a família possui além de seu pequeno mundo. Toca em primeiro lugar, no caso das famílias que não têm filhos. Mesmo assim, o casamento não perde seu valor. A maternidade e paternidade se manifestam de outro modo. O casal sem filhos não é incompleto. Tem a possibilidade de fazer de seu matrimônio uma fonte de vida para os outros. Trata a seguir da adoção de filhos. É uma responsabilidade maravilhosa, mas por outro lado muito difícil. É uma grande oportunidade promover a vida. “Adotar é um ato de amor que oferece uma família a quem não tem... tornam-se assim, mediação do amor de Deus” (AL 179). “A escolha da adoção e do acolhimento expressa uma fecundidade particular da experiência conjugal” (AL 180). A leitura do Evangelho nos faz notar que a Família de Nazaré era muito alargada, onde encontra os parentes e amigos. “O casal que experimenta a força do amor, sabe que esse amor é chamado a sarar as feridas dos abandonados, estabelecendo a cultura do encontro e a luta pela justiça... e chegar a sentir cada ser humano como um irmão” (AL 183). O casal também fala de Jesus aos outros, transmite a fé, desperta o desejo de Deus e mostra a beleza do Evangelho e do estilo de vida que nos propõe (AL 184). Paulo nos convida a distinguir o Corpo do Senhor. Aqui está reclamando também a necessidade de reconhecer o Corpo do Senhor nos sofredores num exercício de fraternidade. A Eucaristia é fonte de vida espiritual e fraternidade para com todos.
Família no sentido amplo
            Entramos numa questão que vai contra a corrente. A família se dilui e se reduz ao pai, mãe e filho (a). Mas a fé cristã não está aí para fazer acordos, nem ceder os princípios fundamentais. Ela quer iluminar onde começam a surgir as trevas, frutos do pecado. Como a família se torna cada vez mais restrita, o Papa Francisco diz: “O núcleo familiar restrito não deveria isolar-se da família alargada, onde estão os pais, os tios, os primos e até os vizinhos”. Continua dizendo que há pessoas que necessitam de companhia, gestos de carinhos e ajuda. Os outros não são incômodos. Como o amor não é egoísta e fechado em si, o amor do casal transborda para a família alargada. É comum encontrarmos reunião de todos que têm sobrenome comum. Fizemos uma dessa para os netos de meu avô materno. Eram mais de 200 pessoas. Lembra ainda que a consciência de ser filho é muito rica. Recebemos o dom da vida. Há algo Divino e comporta até um mandamento. Aqui está o vínculo das gerações. O fato de deixar os pais para unir-se e fundar um novo lar não destrói a união, mas fortalece pela continuidade da vida (AL 188-190).
Muitos e um só corpo
            A comunidade da família se constitui também de idosos e irmãos. Os idosos são tesouros que necessitam muito trabalho para serem descobertos. Por isso, são facilmente descartados, abandonados e rejeitados. O carinho com eles é um investimento em nosso futuro. Foram heróis. Hoje podemos comprar tudo feito. Eles foram capazes de criar e levar adiante os filhos com poucas condições. Não podem ser descartados, muito menos pela Igreja. A história não começa conosco. Eles nos transmitem valores e fazem a passagem. A família que recorda é uma família de futuro (AL 193). Tive a felicidade de ter os pais por longos anos. Chegaram aos 75 anos de casados. Foram muito amados pelos filhos, netos e bisnetos. Foi uma bênção. Eles estarão sempre melhores quando nosso amor por eles for melhor.

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