Carolina Kózka: uma jovenzinha que nos ensina a altíssima dignidade que o ser humano tem, o ser mulher e o ser virgem.
Olhando o mapa da Polônia vamos ter dificuldade para encontrar a cidade de Tárnow. Poucos ouviram falar dela antes do dia 10 de junho de 1987, quando o papa João Paulo II, diante de mais de um milhão de pessoas, elevou aos altares uma jovenzinha de 16 anos.
A maioria dos assistentes eram agricultores dos povoados vizinhos. Tárnow fica próximo das fronteiras das repúblicas tcheca e eslovena, nas faldas dos Montes Cárpatos. É terra de extensas culturas e zonas montanhosas. O encanto da paisagem e dos vales que correm junto aos afluentes do Rio Vístula são o orgulho de Tárnow, quase tão grande como o que agora tem de Carolina.
O que há de exemplar na vida de uma jovem de povoado? Sua vida é tão simples que quase não se tem o que escrever. Mas, Carolina tem o mérito de ter morrido heroicamente.
Carolina nasceu no dia 2 de agosto de 1898, próximo de Tárnow, nas planícies do povoado de Wal-Ruda. Era a quarta de onze filhos de Jan e Maria Borzecka Kózka. A vida familiar era como a de qualquer lar católico do campo na Polônia de então: o trabalho duro de todos os dias, as orações em comum nas refeições, o Rosário diário, a Missa aos domingos. E sempre momentos intensos de convivência nos estreitos espaços da casa que abriga toda a família.
Carolina frequentou as aulas da escola local de 1904 a 1912.
A fotografia – quase a única que se conserva de Carolina – apresenta uma menina muito séria. Mas todos que conviveram com ela se recordam de seu caráter aberto, com seus olhos muito negros e vivos, e seu sorriso franco e alegre.
Apesar das distâncias, além do domingo ela ia assistir à Missa acompanhada pela mãe alguns dias da semana. Era vista também visitando os doentes do povoado; ajuda no ensino do catecismo aos seus irmãos menores. “Durante o dia ela sempre sussurrava as palavras ‘Ave Maria’, pois, como ela mesma dizia, estas palavras faziam-na ‘sentir uma grande alegria no coração’”. Ela rezava o Rosário constantemente e mesmo no seu trajeto para ir à igreja assistir à Missa.
Com frequência Carolina reunia os vizinhos e os parentes, principalmente as crianças, e eles liam as Sagradas Escrituras sob uma pereira perto de sua casa. Suas orações muitas vezes a ocupavam e ela dormia menos do que o necessário.
Franciszek Borzecki, tio de Carolina, era uma inspiração para sua fé. Ela o auxiliava na biblioteca e na organização de outras coisas na paróquia; também ensinava catecismo para as crianças da vizinhança. Desde a adolescência ela era dirigida pelo Padre Ladislao Mendrala, que acompanhava sua ativa vida no núcleo paroquial da aldeia.
No início da 1ª. Guerra Mundial (1914), tropas russas invadem o solo polonês. Em Tárnow a situação dos habitantes se torna muito insegura devido às várias mudanças das tropas. São requisitados todos os animais e os cereais que se encontra nas pequenas propriedades. A família Kózka vive em constante tensão, pois ouvem passar continuamente, perto de sua casa, contingentes de soldados que patrulham a zona. Não é recomendável sair de casa, menos ainda as crianças.
A partir de 13 de novembro, festa de São Estanislau Kóstka, Carolina começa uma novena recebendo diariamente a Comunhão.
No dia 18, à noite, toda a família está reunida junto ao fogão. Faz muito frio. Fora o vento sopra, ouve-se o sibilar entre os pinheiros. Ao longe se vê as luzes das fogueiras dos acampamentos militares. Às 9 horas chega à porta da casa um exaltado soldado russo, meio bêbado. Parece pedir ajuda, mas rechaça o pão que lhe oferecem. Apontando com sua arma, ameaçou levar Carolina e seu pai ao posto do comando. No caminho, na orla da floresta, o soldado obriga o pai a regressar ao povoado. O pai, aterrorizado, ajoelhou-se e disse ao soldado que o levasse, mas deixasse a filha voltar para casa. O agressor o ameaçou de morte se não obedecesse. Então o soldado arrastou a jovem para a floresta onde desejava violentá-la.
Casualmente dois jovens que haviam se escondido na floresta com dois cavalos que salvaram de serem requisitados, observaram como o soldado russo empurrava Carolina para frente, enquanto ela tratava por todos os meios escapar e corria e era alcançada de novo pelo soldado. Carolina se opunha como podia, mas era inútil. E os jovens, por mais que quisessem segui-los, os perdem de vista. Os jovens correm para o povoado para dar notícia do ocorrido. Infelizmente a busca da jovem não tem nenhum êxito. Em sua casa os pais e os irmãos choram desconsolados.
Por fim, no dia 4 de dezembro, um homem que anda pelo bosque recolhendo lenha encontra o cadáver mutilado de Carolina. Ao examinar seu corpo, chegou-se à conclusão que naquela noite tinha havido uma luta violenta entre ela e o soldado: feridas de baioneta na cabeça, pernas, costas e peito. Entre as feridas, se destacavam sobretudo as das mãos, com as quais tentara se defender das agressões. Fora recebendo aqueles ultrajes enquanto corria. Carolina correra em direção ao pântano, o que a salvou de mais ataques, pois era difícil o soldado alcançá-la ali. O soldado desistiu de seu propósito, mas era tarde demais para Carolina: as feridas que ele fizera causaram muita perda de sangue.
Ela morreu no pântano, mas com sua pureza intacta. Ela tinha somente 16 anos. Carolina foi assassinada porque defendeu sua virgindade com golpes, unhas e dentes. Centenas de pessoas acompanharam o enterro com a convicção de que Carolina havia morrido como mártir da pureza. Desde então começaram a chamá-la a “Estrela do Povoado”.
Em fevereiro de 1965, o Bispo Jerzy Ablewicz submeteu a causa de sua beatificação. Em 10 de junho de 1987 ela foi beatificada. Desde a beatificação suas relíquias foram colocadas no altar principal e são veneradas pelos paroquianos e peregrinos que todos os anos visitam seu túmulo e o local onde foi martirizada.
Conhecida como a Maria Goretti da Polônia, a Beata Carolina é vista por muitos, paroquianos e peregrinos, como um grande exemplo para os jovens do 3º milênio, devido sua humildade, coragem, e confiança em Deus. Ela é um símbolo para aqueles que buscam a salvação e desejam se santificar. É provável que o exemplo de Carolina Kózka choque frontalmente com a mentalidade atual. É inevitável, porém necessário para descobrir ou para redescobrir a justa hierarquia de valores. Esta jovem, filha da Igreja de Tárnow, fala com sua vida e com sua morte sobretudo aos jovens, mas também aos homens e às mulheres. Numa época em que vilipendiam a virgindade, a pureza, precisamos recordar exemplos como o desta jovem beata que defendeu sua honra até a morte.
A Beata Carolina Kózka é patrona dos jovens, da pureza e dos agricultores.
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