Evangelho segundo S. Lucas 21,12-19.
Naquele
tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Deitar-vos-ão as mãos e hão de
perseguir-vos, entregando-vos às sinagogas e às prisões, conduzindo-vos à
presença de reis e governadores, por causa do meu nome. Assim tereis ocasião
de dar testemunho. Tende presente em vossos corações que não deveis preparar
a vossa defesa. Eu vos darei língua e sabedoria a que nenhum dos vossos
adversários poderá resistir ou contradizer. Sereis entregues até pelos
vossos pais, irmãos, parentes e amigos. Causarão a morte a alguns de vós e
todos vos odiarão por causa do meu nome; mas nenhum cabelo da vossa cabeça
se perderá. Pela vossa perseverança salvareis as vossas almas».
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do
dia:
São Cipriano (c. 200-258), bispo de Cartago e mártir
«Os
benefícios da paciência»
«Pela vossa perseverança salvareis as vossas almas.»
O nosso Senhor e Mestre deu-nos este
mandamento para nossa salvação: «Aquele que resistir até ao fim será salvo» (Mt
10,22). [...] O próprio facto de sermos cristãos é o fundamento da nossa fé e da
nossa esperança. Mas, para que a esperança e a fé possam dar frutos, é
necessária a paciência. Não é a glória cá de baixo que procuramos, é a glória
futura. O apóstolo Paulo adverte-nos: «Nós fomos salvos, mas em esperança. Ver o
que se espera já não é esperar; se se vê, como se pode ainda esperar? Mas nós,
que esperamos o que não vemos, esperamo-lo com perseverança» (Rom 8,24-25).
Noutra passagem, Paulo dá o mesmo ensinamento aos justos que trabalham
para fazer frutificar os dons de Deus, a fim de prepararem para si mesmos
maiores tesouros no céu [...]: «Enquanto temos tempo, trabalhemos para o bem de
todos. [...] Não nos cansemos de fazer o bem; a seu tempo virá a colheita, se
não desistirmos» (Gal 6,10.9). [...] E, quando fala de caridade, Paulo junta-lhe
a perseverança e a paciência: «O amor é paciente, o amor é prestável, o amor não
é ciumento; não se vangloria, [...] não se irrita, não alimenta rancor [...],
tudo suporta, tudo confia, tudo espera, tudo sofre» (1Cor 13,4-7). Mostra assim
que o amor é capaz de perseverar até ao fim, pois sabe suportar tudo.
Por fim, diz noutra passagem: «Suportai-vos uns aos outros com amor;
esforçai-vos por guardar a caridade, no mesmo Espírito, pelo vínculo da paz» (Ef
4,2-3). Desta forma, mostra que os irmãos não podem conservar a unidade nem a
paz se não se encorajarem mutuamente, suportando-se, e se não conservarem o
vínculo da concórdia por meio da paciência.
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