Evangelho segundo S. Lucas 4,14-22a.
Naquele
tempo, impelido pelo Espírito, Jesus voltou para a Galileia e a sua fama
propagou-se por toda a região. Ensinava nas sinagogas e todos o elogiavam. Veio a Nazaré, onde tinha sido criado. Segundo o seu costume, entrou em dia
de sábado na sinagoga e levantou-se para ler. Entregaram-lhe o livro do
profeta Isaías e, desenrolando-o, deparou com a passagem em que está escrito: «O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu para anunciar a
Boa-Nova aos pobres; enviou-me a proclamar a libertação aos cativos e, aos
cegos, a recuperação da vista; a mandar em liberdade os oprimidos, a
proclamar um ano favorável da parte do Senhor.» Depois, enrolou o livro,
entregou-o ao responsável e sentou-se. Todos os que estavam na sinagoga tinham
os olhos fixos nele. Começou, então, a dizer-lhes: «Cumpriu-se hoje esta
passagem da Escritura, que acabais de ouvir.» Todos davam testemunho em seu
favor e se admiravam com as palavras repletas de graça que saíam da sua boca.
Diziam: «Não é este o filho de José?»
Da Bíblia Sagrada -
Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
Rupert de Deutz (c. 1075-1130), monge beneditino
Sobre a Santíssima
Trindade, 42
«O Espírito do Senhor está sobre Mim»
«Cumpriu-se hoje esta palavra da Escritura
que acabais de ouvir: "O Espírito do Senhor repousa sobre Mim, porque o Senhor
Me ungiu" (Is 61,1).» É como se Cristo tivesse dito: Porque o Senhor Me ungiu,
Eu disse sim, disse-o verdadeiramente, e volto a dizê-lo: O Espírito do Senhor
repousa sobre Mim. Onde foi, pois, em que momento foi que o Senhor Me ungiu?
Ungiu-Me quando fui concebido, ou melhor, ungiu-Me a fim de que fosse concebido
no seio de minha Mãe. Porque não foi da semente de um homem que uma mulher Me
concebeu, antes uma Virgem Me concebeu da unção do Espírito Santo. Foi então que
o Senhor Me assinalou com a unção real; consagrou-Me rei ungindo-Me, ao mesmo
tempo que Me consagrava sacerdote. E pela segunda vez, no Jordão, o Senhor
consagrou-Me por esse mesmo Espírito. […]
E porque está o Espírito
do Senhor sobre Mim? […] «Ele enviou-me a levar a boa nova aos pobres, a curar
os corações despedaçados» (Is 61, 1). Não Me enviou aos orgulhosos nem aos «que
têm saúde», mas como «médico aos doentes» e aos corações despedaçados. Não Me
enviou «aos justos», mas «aos pecadores» (Mc 2,17). Fez de Mim um «homem de
dores, experimentado nos sofrimentos» (Is 53,3), um homem «manso e humilde de
coração» (Mt 11,29). Enviou-Me «a anunciar a amnistia aos cativos e a liberdade
aos prisioneiros» (Is 61,1). […] A que prisioneiros, ou antes, de que prisão
venho anunciar a libertação? A que cativos venho anunciar a liberdade? Desde que
«por um só homem entrou o pecado no mundo e, pelo pecado, a morte» (Rom 5,12),
todos os homens são prisioneiros do pecado, todos são cativos da morte. […] Eu
fui enviado «a consolar […] os amargurados de Sião» (Is 61,2-3), todos quantos
se afligem por terem sido, devido aos seus pecados, privados e separados de sua
mãe, a «Jerusalém lá do alto» (Gal 4,26). […] Sim, consolá-los-ei dando-lhes
«uma coroa em vez das cinzas» da penitência, o «óleo da alegria», ou seja, a
consolação do Espírito Santo, «em vez do luto» da orfandade e do exílio, uma
veste de festa, ou seja, a glória da Ressurreição, «em vez do desespero» (Is
61,3).
Nenhum comentário:
Postar um comentário