domingo, 10 de agosto de 2014

FOI PAI ATÉ O FIM

PADRE CLÓVIS DE JESUS BOVO CSsR
O bom Januário vendia pipoca para ajudar nos estudos do filho Nelson, a única alegria na sua viuvez. O tempo corria, e o menino progredia. Nelson, já um belo rapaz cônscio da sua importância, estudava Medicina. O pai continuava vendendo pipocas para manter os estudos do filho. Este, porém, cercado de colegas ricos e cheios de vaidades, pouco ligava para o pai. Tinha vergonha dele, por ser um simples pipoqueiro. O dia da formatura chegou. Quem colocaria o anel no seu dedo? Certamente o pai, sugeriram. Mas ele teve a coragem de mentir: 
- Não tenho pai. Minha namorada vai no lugar dele.
No rancho, o velho pipoqueiro debatia-se em febre. Um amigo que o visitou, lhe contou que o filho estava se formando.
- Mas ele não me falou nada. Preciso abraçar meu filho, mesmo doente.
Saiu às pressas, amparado pelo amigo Artur.Era a imagem da morte à procura da vida. Quase às portas do salão, caiu desmaiado. Foram chamar o filho. O jovem médico, mordido pelo remorso, veio às pressas:
- Que aconteceu, meu pai? 
- Parabéns, meu filho. Seja feliz...
Foram suas últimas palavras. 
Lição para a vida: O olho que zomba do pai e despreza a mãe, arrancá-lo-ão os corvos do vale e devorá-lo-ão as aves de rapina (Prov. 30,17)

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