PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
O sentido da morte e da vida.
“Quem quiser ser o primeiro, seja o
último de todos e aquele que serve” (Mc 9,35). Jesus diz esta frase no contexto
no qual anuncia sua morte e ressurreição e no qual percebe os discípulos
discutindo sobre quem era o maior. Os discípulos ainda estavam bem verdes na
compreensão do projeto de Jesus. Não entendiam o sentido da entrega de Jesus à
morte, nem o sentido do serviço que o discípulo assume no Reino. Deste modo
Jesus explica o sentido da autoridade, do lugar mais importante e de ser o
primeiro no serviço aos irmãos. Mostra também que sua morte é um serviço. No
momento de sua morte torna-se o modelo para o discípulo que deve se entregar ao
serviço aos outros e ser o último de todos para ser o primeiro de todos. É o
caminho de Jesus, diferente do caminho do mundo. Ele está sempre na contramão
para do mundo. Quem toma caminho contrário, pode fazer muita coisa, mas não faz
como Jesus queria.
Ser grande é servir.
Ainda somos como os discípulos:
disputamos os primeiros lugares e nos preocupamos em ter autoridade. Não vemos
ninguém brigando por causa de serviço e dedicação aos pequenos e fracos. Como
andamos na contramão de Jesus! Deste modo perdemos toda a força de testemunho e
justificamos nossos conceitos e atitudes de autoritarismos em todos os níveis
da Igreja. Pior que a Igreja, é a sociedade. Basta ver nossos políticos. No
caminho do serviço Jesus indica a estrada do cristão. Aquele que não tem
somente o nome de cristão, que não somente se diz servidor, mas que segue,
efetivamente, a Cristo, participa da morte e ressurreição de Jesus fazendo o
serviço humildade. Isso não é ser bobo, embora pareça; Jesus o fez assim. Ele
dizia: “sede simples como as pombas, mas prudentes como as serpentes” (Mt
10,16). A prudência não elimina nem dispensa a simplicidade. As pessoas que
mais prestaram serviço à humanidade forram justamente os que não se preocupam
com as honras, lugares e atenções. Eles se fizeram os servidores e procuraram
fazer com que os outros crescessem. João Batista dizia: “é preciso que Ele
cresça e eu diminua”. É o Espírito que vem na carta de Tiago: Pensar só em si
não abre espaço nem para ser ouvido por Deus.
O dom do acolhimento.
Mais um pouco no caminho de nossa
identificação com Cristo: Acolher os pequeninos, os humildes. Este acolhimento
é a grande novidade da vida cristã. Eles são a imagem de Jesus, o pequenino do
Pai. Acolhendo os humildes, estamos acolhendo Jesus e seu Pai. Quando falamos
de espiritualidade e de experiência de Deus buscamos nas alturas e até queremos
ter dons especiais que os outros não tem. Ele está tão próximo de nós, tão à
mão. A experiência de Deus, a experiência de encontrá-lo e abraçá-lo, é acolher
o pequenino e o fraco. Temos montanhas de livros espirituais muito bons, mas
este ponto não é percebido como raiz e fonte da espiritualidade. Por isso é que
não funciona nem dá fruto nossa espiritualidade. Por isso, a melhor escola para
ser grande é a capacidade de ser pequeno, pois Jesus o fez assim.
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