PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
1381.Grandeza do pequeno
O
mar se faz de gotas, as praias de grãos de areia, os seres de células que se
dividem ainda sempre mais, como nos tem demonstrado a ciência. O infinito e o
limitado se tocam. É um hábito da sociedade dar valor a grandes personalidades,
aos grandes feitos e grandes gestos. Da história da humanidade sobraram alguns
heróis e alguns grandes monumentos. Sempre me vem a pergunta: e o povo, onde
estava? Foi ele quem fez tudo aquilo. Ele era o exército, o construtor, era o alicerce
de tudo. É preciso ver a vida a partir do pequeno edo frágil. Mesmo os grandes
foram pequenos. Na história, muitos momentos fundamentais foram realizados por
pequenos. Vejamos na Bíblia: Moisés salvou o povo do Egito. Ninguém fala de sua
irmãzinha que seguiu os passos da mãe quando ela o pôs no rio Nilo e comunicou
à filha do Faraó que havia uma mulher que poderia amamentá-lo. Era a própria
mãe de Moisés. Moisés não passaria de um grande príncipe mumificado. Refletindo
sobre a atitude de Jesus, vemos que se realiza o mesmo. Começou de pequeno, num
casal pequeno, simples, e pobre. Fez-se pequeno (Fl 2,7-8) e viveu como pequenoentre os pequenos. Escolheu um
pequeno grupo para continuar sua presença e missão. Percebe-se que Jesus
exerceu sua missão acreditando na força do fraco: “Eu te dou graças, ó Pai,
porque ocultastes estas coisas aos sábios e aos doutores e as revelastes aos
pequeninos” (Mt 11,25). O
Antigo Testamento ensina que o resto de Israel vai salvar o povo. O resto que
não tinha valor. Ele cultivou a
esperança, como vemos em Maria, José e nos que creram em Jesus. Fez uma
história diferente.
1382.Pequenas ações
Ser
pequeno para Jesus era ser humilde e servidor, como Ele o fez e diz: “Estou
entre vós como aquele que serve” (Lc 22,27). É pequeno gesto humilde que resolve: “Quem der até
mesmo um copo de água fresca a um destes pequeninos, por ser meu discípulo, em
verdade vos digo que de modo algum perderá a sua recompensa”(Mt 10,42). As bem-aventuranças refletem essa pequenez. Paulo,
ao falar da vida na família e na comunidade anota a importância das virtudes
dos pequenos gestos. A vida humana e também cristã,se alcançar grandes momentos,
é porque o construiu em pequenos grãos de areia, como os monumentos. Sem isso
vivemos de fantasia. O alicerce e a estrutura se firmam na união dos pequenos
grãos. É como a farinha que amassada com a água torna-se pão. É como o corpo
humano. As células se unem. É a caridade que se constrói. Aprendamos a praticar
a virtude da simplicidade e pequenez. É assim que somos sal e luz.
1383.Fiéis ao que é pequeno
A
sociedade e a Igreja pensam que é inútilse organizar a partir dos pequenos e
fracos. Mas já se disse que o povo reunido, jamais será vencido. Uma formiga
não é nada, mas unidas, transportam montanhas. Não só a estrutura deve se fazer
a partir dos fracos, como também a vida cristã se faz dos pequenos gestos de
humildade e caridade. Jesus colocou o serviço fraterno como a identidade do
discípulo. A morte de Jesus pareceu-nos um fracasso mas foi causa da
Ressurreição. Perder-se é ganhar-se. O Evangelho entra sempre na contramão do
mundo. Se fosse para aprovar tudo o que o mal produziu, e fazer igual, não precisaria
Jesus vir ao mundo. Não se despreza o que é grande, mas que se considere
pequeno porque aí se manifesta a força de Deus, “pois é na fraqueza que a força
de Deus manifesta todo seu poder” (2Cor12,9). O Papa Francisco tem convocado a Igreja a ir em busca
dos pequenos e dos abandonados. Pena que não é compreendido. ( pois todos
os que insistem em não compreendê-lo, ao contrário, se fazem grandes)
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