Evangelho segundo S. Marcos 10,1-12.
Naquele
tempo, Jesus pôs-Se a caminho e foi para o território da Judeia, para além do
Jordão. As multidões agruparam-se outra vez à volta dele, e outra vez as
ensinava, como era seu costume. Aproximaram-se uns fariseus e
perguntaram-lhe, para o experimentar, se era lícito ao marido divorciar-se da
mulher. Ele respondeu-lhes: «Que vos ordenou Moisés?» Disseram: «Moisés
mandou escrever um documento de repúdio e divorciar-se dela.» Jesus
retorquiu: «Devido à dureza do vosso coração é que ele vos deixou esse preceito. Mas, desde o princípio da criação, Deus fê-los homem e mulher.
Por isso,
o homem deixará seu pai e sua mãe para se unir à sua mulher, e serão os dois
um só. Portanto, já não são dois, mas um só. Pois bem, o que Deus uniu não o
separe o homem.» De regresso a casa, de novo os discípulos o interrogaram
acerca disto. Jesus disse: «Quem se divorciar da sua mulher e casar com
outra, comete adultério contra a primeira. E se a mulher se divorciar do seu
marido e casar com outro, comete adultério.»
Da Bíblia Sagrada -
Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
Beato João Paulo II (1920-2005), papa
Audiência geral de 02/04/1980
(trad. Copyright © Libreria Editrice Vaticana)
Pelo facto de o Verbo de Deus Se ter feito
carne, o corpo entrou, eu diria, pela porta principal na teologia. […] A
encarnação – e a redenção que dela provém – tornou-se também a fonte definitiva
da sacramentalidade do matrimónio. […] Muitos homens e muitos cristãos procuram
no matrimónio o cumprimento da sua vocação. Muitos querem encontrar nele o
caminho da salvação e da santidade.
Para eles é particularmente
importante a resposta dada por Cristo aos fariseus, zeladores do Antigo
Testamento. […] Com efeito, como é indispensável, no caminho desta vocação, a
profunda consciência do significado do corpo, na sua masculinidade e
feminilidade! Como é necessária uma consciência precisa do significado esponsal
do corpo, do seu significado gerador – dado que tudo isto, que forma o conteúdo
da vida dos esposos, deve encontrar constantemente a sua dimensão plena e
pessoal na convivência, no comportamento e nos sentimentos! E isto ainda mais no
contexto de uma civilização que permanece sobre a pressão de um modo de pensar e
de julgar materialista e utilitário. […]
Como é significativo que
Cristo, na resposta a todas estas perguntas, ordene ao homem que retorne, de
certo modo, ao início da sua história teológica! Ele ordena-lhe que se coloque
no limite entre a inocência-felicidade original e a herança da primeira queda.
Porventura não quererá dizer-lhe, deste modo, que o caminho por onde conduz o
homem, varão e mulher, no Sacramento do Matrimónio, isto é, o caminho da
«redenção do corpo», deve consistir em recuperar esta dignidade em que se
realiza, simultaneamente, o verdadeiro significado do corpo humano, o seu
significado pessoal e «de comunhão»?
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