PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+) E PADRE JOSÉ OSCAR BRANDÃO(+) REDENTORISTAS NA PAZ DO SENHOR |
Marcos, na composição de seu evangelho, colhe dos primeiros cristãos ou das pregações de Pedro os ensinamentos de Jesus. Marcos não quer fazer um relato de milagres, mas mostrar que o Reino de Deus implantou no mundo sua energia (Mc 1,15-16). Os milagres são expressão e anúncio. Não se trata de um novo médico, mas de um Salvador. Se não fosse assim haveria injustiça em Jesus que não curou a todos. A liturgia deste domingo proclama a grande fragilidade do povo, sujeito a tantos males e a força salvadora de Jesus. Na primeira leitura ouvimos o lamento dolorido de Jó. Mais que um personagem histórico, representa a humanidade que pergunta por que o justo sofre. O texto escolhido quer mostrar a que estado de sofrimento chega a pessoa humana. Jó, depois de tanto sofrimento, lamenta: “Não é uma luta a vida do homem sobre a terra? Seus dias não são como do mercenário?” (Jó 7,1); “A vida é um sopro (7). A partir do sofrimento de Jó entramos no texto do evangelho de Marcos. Num sábado, dia santificado, Jesus sai da sinagoga e vai à casa de Simão. Falam-lhe da sogra de Pedro que estava com febre. Pegou-a pela mão, ajudou-a a levantar-se. E a febre a deixou (Mc 1,30). Ao entardecer todo povo veio trazendo seus doentes e endemoniados (32). Ele os curou. Vemos aí a procissão de dores da humanidade. Na sociedade há uma grande chaga de dor, que de tantos modos, corrói o corpo e a mente das pessoas.
Ele sara os corações
Diante de todos os sofrimentos, Jesus anuncia o Reino que cura os males na sua raiz, por isso diz o texto: “Tirou muitos demônios” (34). A cura dos males e a purificação dos doentes tem um sentido em vista do Reino. É o que lemos na cura da sogra de Pedro. Ela foi curada e pôs a serví-los. A cura não é para si, mas para o serviço do Reino, na pessoa dos discípulos. As forças do mal reconhecem o senhorio de Jesus. Nosso relacionamento com Jesus, em nossos sofrimentos, é uma busca de vida, de cura e superação de nossos males. Mas se ficarmos só nisso e não formos produtivos e serviçais pelo Reino, não seremos renovados. Usamos o Reino egoisticamente, o que não nos traz salvação. A atitude de Jesus ao curar as pessoas é integrá-las em sua obra redentora. Ele convida a ir a outras aldeias e aí anunciar. A pregação de milagres é um grande prejuízo para o conhecimento de Jesus. Ele não veio para isso, mas para mudar o homem por dentro.
Alegria de evangelizar
Na carta de Paulo aos Coríntios podemos entender o que ocorre em quem teve sua fragilidade curada por Jesus: evangelizar para mim é uma necessidade. Sua pedagogia e prática é fazer-se escravo de todos, eu me fiz tudo (1Cor 9,22). Desde Pentecostes, até hoje, contemplamos o alegre vigor apostólico dos discípulos de Jesus, curados pela fé. Como o próprio Jesus, os discípulos encontram o vigor apostólico no diálogo íntimo com o Pai (Mc, 1,35). Percebemos nas comunidades muito vigor apostólico, mas não seguimos Jesus em sua busca do Pai. Esse diálogo era o alimento de seu apostolado. Precisamos fazer uma grande revisão de nossas Eucaristias que ficam na superfície e não nos penetra para curar do mal que nos isola do Reino. Nem sempre são fontes de oração.
Leituras: Jó 7,1-4.6-7;Salmo 146;
1 Coríntios 9,16-19.22-23;Marcos 1,29-39
1. Marcos escreve seu evangelho colhendo os testemunhos do povo. A narrativa dos milagres são para o anúncio do Reino que cura todos os males. Jó mostra a realidade sofredora da humanidade. No evangelho contemplamos a atitude curativa de Jesus.
2. As curas de Jesus não a solução de um problema, mas proclamação da força redentora do Reino. A sogra curada põe-se a serviço e ir com ele e vai também anunciar.
3. Paulo dá um testemunho de quem foi curado por Jesus para o anúncio do Reino.
Pisando na cabeça da cobra
A vida é um sopro, diz o velho Jó, homem experimentado no sofrimento. Ele clama por alívio em seu sofrimento. Tudo passa tão depressa. A vida não se faz mais por degraus, mas por vôos.
Jesus participou destes nossos sofrimentos, deste vazio que sentimos. E viveu tanto isso, que compreendia o sofrimento do povo. Jesus não é um curandeiro que maquia o sofrimento do povo, mas vai à raiz do mal. Pisa na cabeça da cobra maldita.
Jesus sentia a dor do povo em seus sofrimentos. A cura dos males físicos é símbolo da cura do mal maior que é o pecado. Está é sua missão.
Sempre existem milagres. Muitos perdem o milagre. Curam-se, ficam bons, mas não vencem o mal que tem dentro de si. Jesus curou a sobra de Pedro e ela se pos a servir. O milagre tem que ser levado adiante. Ser curado e não fazer nada pelos outros é o cúmulo da falta de fé.
Aprendemos de Jesus que buscava sempre na oração a força para levar a todos o anúncio do Reino, vencendo a cobra.
Homilia do 5º Domingo Comum (05.02.2012)
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