Francisca Siedliska, filha de uma Polônia nobre, no fim do século XIX, superando seus problemas de saúde e o desejo do pai de um bom casamento, conseguiu consagrar-se a Deus aos 31 anos. Em 1873, fundou as Irmãs da Sagrada Família de Nazaré para fortalecer a fé das crianças, mulheres e migrantes.
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Beata Maria de Jesus, Bom Pastor (Franciszka Siedliska)
"Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos" (Jo 13, 35). Aqui está a nova Beata Franciszka Siedliska, Maria de Jesus, Bom Pastor, filha da terra de Mazovia (Polônia), fundadora da Congregação das Irmãs da Sagrada Família de Nazaré. No meio de toda a oposição do ambiente do seu tempo, marcada pela cruz de diferentes sofrimentos, ela caminhou incansavelmente "para o caminho da fé viva, que estimula a esperança e trabalha através do amor", com a mesma caridade com que Deus amou o mundo.
Ela cresceu em uma casa que ela mesma descreveu: onde Deus não era o Senhor, mas desde a infância que ela tinha em seu coração um profundo anseio de amor absoluto. Ela o encontrou na primeira Comunhão e, desde então, permaneceu unida para sempre com Cristo pelo vínculo esponsal do amor. "Ele é o único propósito, o único objeto de todo o nosso amor" - escreveu em seu "Diário".
Ao longo de sua vida, ela foi capaz de trazer uma oração de forma madura com o apostolado ativo, a iniciativa criativa com a obediência concreta à vontade de Deus na Igreja. Ela descobriu, em particular, a necessidade de apoiar o espírito nacional e o renascimento moral da pátria em uma era de grande depressão, durante a divisão da Polônia.
Fonte de inspiração e um ponto de referência para ela e suas filhas espirituais foi o modelo da vida escondida da Sagrada Família de Nazaré.
Nos "Artigos" a congregação do ano de 1880, ela escreveu, entre outras coisas: "O modelo da nossa vida religiosa é a vida oculta do Senhor Jesus em Nazaré com Maria e José, que tentamos imitar através da renúncia e da morte total de nós mesmas e com a vida completamente escondida em Deus com Jesus Cristo".
Tal foi o teor de vida da Madre Siedliska e o programa que ela deixou como testamento para suas irmãs. A preocupação com o homem pobre, doente, tentado pela vida, abandonado, deficientes. A preocupação com a educação das crianças negligenciadas, sobretudo do ponto de vista religioso, para a conservação da vida dos ainda não nascidos. Assim: a escola, o hospital, a estrada!
Pela mesma razão, a Bem-aventurada Maria de Jesus, o Bom Pastor percebeu, a principal fonte de renascimento social na família cristã saudável. Contemplando a maternidade divina de Maria, ela é direcionada para a terra, para as tarefas que nela o homem tem de traduzir em ação: para os deveres dos cônjuges e pais, à dignidade do sacramento do matrimônio e à grandeza de pais católicos.
Eu gostaria de servir o amor humano, na vida e no seu desenvolvimento, de modo que nesta vida, este homem que nasceu de pais unidos a Deus, cresça e amadureça nesta união, para que a vida que vem de Deus seja tratada no seu desenvolvimento para ele, para que nele encontrar-se conscientemente o seu criador e Pai.
Essa foi a preocupação e o ideal de renovação da vida de acordo com o programa de Irmã Siedliska, que ela deixou em seu testamento, para sua família de Nazaré.
Papa João Paulo II – Homilia de Beatificação – 23 de abril de 1989
Franciszka Anna Józef nasceu em 12 de novembro de 1842, no castelo polonês de Roszkowa Wola. Sua família, os Siedliska, tinha laços de parentesco com aristocratas poloneses da região de domínio russo. Seu avô materno ocupava um cargo equivalente ao de um Ministro da Fazenda. O ambiente que marcou sua infância, como no caso da maioria dos seus contemporâneos, cedia às influências das ideologias políticas do momento, respirando um certo liberalismo que relegava a fé a um papel muito secundário.
Ela cresceu com o carinho de seus pais, mais preocupados com sua saúde e com sua formação cultural, do que dar-lhe uma educação religiosa. Em um ambiente embebido de indiferença religiosa, própria da filosofia daquele tempo, Francisca começou a conhecer a Deus através de uma governanta muito boa e culta, que também a ensinou a rezar, mas a morte repentina desta governanta privou-a de seu apoio espiritual.
Com a sensibilidade espiritual já viva aos 9 anos de idade, e vendo a mãe, Cecília, ficar gravemente doente, Franciszka não hesitou em solicitar insistentemente a graça da sua cura a Nossa Senhora de Czestochowa.
Pouco depois, em 1854, ela conheceu o Padre Leander Lendzian, capuchinho lituano que residia em Varsóvia quando Cecília se mudou para aquela cidade a fim de prosseguir o tratamento, e entre Franciszka e ele se iniciou uma união espiritual que ela considerou o "momento da minha conversão: eu fui conduzida ao padre como uma pagã, vazia de Deus e do Seu amor, voltei iluminada no amor”. Padre Leander preparou Franciszka para receber os sacramentos da comunhão e da confirmação. Foi o momento em que ela decidiu ser religiosa.
A notícia foi impactante para a família Siedliska. Seus pais tinham planos diametralmente opostos aos da filha. O pai não lhe dava alternativa além do matrimônio com um homem de posição igual à sua. Aparentemente, Franciszka se dobrou à sua vontade e os acompanhou em uma longa viagem pela Europa, durante a qual ficaram muito claros os pontos de vista diferentes de um e da outra.
Adan, o pai, insistia na tese do vantajoso casamento, e ela, que herdara seu forte temperamento, replicava mostrando a férrea decisão de seguir a Cristo, a quem, em particular, já consagrara a sua castidade. Tanta tensão emocional acabou abalando Cecília e Franciszka, que temia ter contraído a tuberculose. Enquanto visitavam médicos na Suíça e na França, uma insurreição obrigou seu pai a fugir da Polônia. Foi o momento da conversão de Franciszka. Adan morreu em 1870, deixando o caminho livre para a filha concretizar a sua consagração. Mas um novo obstáculo, a sua fraca saúde, continuou a impedir aquele ato.
Em 1873, por sugestão do frade capuchinho, que via com clareza a vontade de Deus para Franciszka, ela iniciou a fundação da congregação das Irmãs da Sagrada Família de Nazaré.
A nova comunidade deveria ser dedicada à adoração do Santíssimo Sacramento, à imitação da vida da Virgem Maria em Nazaré, à educação catequética das crianças; por causa da oposição do Governo russo, não se podia abrir na Polônia a Casa Mãe, então Francisca Siedliska partiu para Roma para apresentar o programa da nova Congregação ao Papa Pio IX.
Em 1º de outubro de 1873, ela foi recebida pelo Papa, que aprovou a ideia da fundação das "Irmãs da Sagrada Família de Nazaré"; de volta à Polônia, procurou escolher um lugar onde se estabelecer: foi para a França, para Lourdes, mas depois decidiu fundar sua Nazaré em Roma, e em 1874 para lá voltou, e teve como assessor o Geral dos Ressurrecionistas, Padre Semenko.
O lema de Franciszka era: Seja feita a vossa vontade.
O ideal ascético da fundação amadureceu em Loreto, em 1875, isto é, imitar a vida oculta e todas as virtudes da Sagrada Família de Nazaré; o período 1873-1876 foi chamado de "a primavera da Congregação", no primeiro domingo do Advento de 1875 teve lugar a fundação do novo Instituto com as primeiras noviças chegadas da Polônia, as três irmãs Wanda, Laura e Felicidade Lubowidzki.
Em 1881, ela fundou a ordem em Cracóvia e, três anos mais tarde, professou os votos religiosos, assumindo o nome de Irmã Maria de Jesus, Bom Pastor.
Querendo alargar o âmbito da Congregação para as famílias emigrantes poloneses nos Estados Unidos, em 1885, 1889 e 1896, foi para lá, abrindo três casas em Chicago e espalhando as irmãs por toda parte; em 1892, ela estava em Paris, onde abriu uma casa; em 1895 fez o mesmo em Londres.
Quando morreu, em 21 de novembro de 1902, aos 60 anos, deixou abertas 28 casas em diversos países, entre eles os Estados Unidos, a França e o Reino Unido.
Foi beatificada por João Paulo II em 23 de abril de 1989.
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