sexta-feira, 21 de julho de 2023

REFLETINDO A PALAVRA - “O caminho de Jesus”

SÃO JOÃO PAULO SEGUNDO
E
PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
Tu és o Cristo de Deus
 
“Jesus estava rezando num lugar retirado, e os discípulos estavam com Ele”(Lc 9,18). Estavam distantes do povo. Por que rezava? Ele tinha um permanente contato amoroso com o Pai. Em seus momentos difíceis, condividia suas decisões com o Ele. Jesus se encontra no meio de sua vida apostólica e vê o desconhecimento de sua missão. Pergunta: “Quem diz o povo que eu sou?” (18). Com esta pergunta Jesus pode medir o pensamento do povo a seu respeito: “Uns dizem que és João Batista; Outros, Elias; outros, algum antigo profeta que ressuscitou (19). Havia uma tradição que Elias voltaria. Havia uma expectativa sobre o futuro Messias que não condizia com o Messias que Jesus apresentava. É um desconhecimento absurdo depois de tanto tempo de anúncio do Reino. As profecias falavam dele. Pensam que Ele é mais um que surge. Jesus pergunta: ‘“E vós, quem dizeis que Eu sou?’ Pedro respondeu: ‘O Cristo de Deus!”’(20). A palavra grega Cristo é Messias em hebraico. A resposta de Pedro é suficiente para Jesus continuar seu caminho, pois ela é a pedra de fundamento da Igreja. Por que fazer silêncio sobre sua identidade de Messias? Para que não confundissem sua missão com todos os disparates que falavam dele. Então Jesus mostra o futuro do Messias: sofrer muito, ser rejeitado ser morto e ressuscitar no terceiro dia (21). Isto não é para ficar escondido, é para ser vivido também pelo discípulo. Ele explica o que significa seguir Messias: Pegar a cruz, perder a vida, perder-se a si mesmo, como Ele o fez. Neste texto podemos notar a presença dos discípulos, não só como aqueles que seguem Jesus, mas como parte mesmo do anúncio do Reino. Nós temos que ter consciência e conhecimento da importância da cruz no caminho de Jesus e no seu seguimento. Somente na extrema perda que encontramos a vida plena.
Revestir-se de Cristo. 
O profeta Zacarias profetiza depois de um tempo de grande desolação para a cidade por causa da destruição de 587 a.C. Deus ouve o clamor do povo e purifica-o, derramando sobre a cidade um espírito de graça e oração... e uma fonte acessível ... para purificação (Zc 12,10.13,1). Esta profecia se realiza em Cristo, traspassado pela lança. De seu lado sai sangue e água para a purificação. Jesus é a fonte aberta. Nós temos acesso a esta fonte pelo Batismo no qual somos purificados e revestidos de Cristo, como filho de Deus pela fé. Esta fonte está aberta para o mundo. S. Paulo conclui a demonstração, recordando que se os fiéis são propriedade de Cristo, então, segundo a promessa divina são o verdadeiro Israel, a verdadeira descendência de Abraão, herdeiros da divina herança prometida. 
Seguimento de Jesus 
As palavras de Jesus são o caminho para o discípulo: “Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz cada dia, e siga-me. Pois quem quiser salvar sua vida, vai perdê-la; e quem perder sua vida por causa de mim, esse a salvará” (Lc 9,23). Aqui está a diferença de Jesus que o põe em contradição com o mundo e, em particular, às expectativas judaicas. O seguimento de Jesus exige rupturas, como Ele rompeu com o esquema a seu redor. A vida cristã se funda neste modo de seguir Jesus, que é o único que leva à fonte aberta. Tomar a cruz, não do sofrimento, mas da entrega e renúncia para se salvar 
Leituras: Zacarias 12,10-11;13,1;
Salmo 62; 
Gálatas 3,26-29;Lucas 9,18-24. 
1. Jesus interroga os discípulos: “Quem diz o povo que eu sou?” As respostas manifestam o desconhecimento da pessoa de Jesus e da Escritura, pois o identificam com a tradição que Elias voltaria, ou profetas ressuscitariam. Volta-se para os discípulos e pergunta: “E vós, quem dizeis que eu sou?”. Pedro responde: “Tu és o Cristo de Deus”. Esta resposta confirma Jesus em sua missão. Jesus mostra que Messias Ele é: O Messias deve sofrer, ser rejeitado, morto e ressuscitará. A seguir indica que este é o caminho do discípulo. Só na perda existe o ganho da vida.
2. O profeta Zacarias profetiza depois de um tempo de desolação. Deus ouve o clamor do povo e abre para ele uma fonte de purificação. Esta profecia se realiza em Cristo que é a fonte aberta. Temos acesso a ela pelo Batismo. Por ele os fiéis são propriedade de Cristo. São o verdadeiro Israel. 
3. As palavras de Jesus aos apóstolos sobre o seguimento indicam que o discípulo tem que fazer o mesmo caminho de Jesus da renúncia e o desapego para chegar à salvação. O seguimento exige rupturas. A vida cristã se funda neste modo de seguir Jesus que é o único que leva à fonte aberta. A cruz não é da dor, mas da entrega e renúncia. 
Errando a porta do céu. 
É tão fácil ir para o Céu. Afinal é o destino de todos nós. Ninguém erra por acaso esse caminho. Ninguém é condenado sem querer. O que devemos fazer é seguir o caminho indicado por Jesus: “Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome cada dia sua cruz e siga-me”. Esta é a prova dos nove da verdadeira religião. Jesus não fala assim: vem para minha Igreja que vai ter dinheiro, saúde, bem estar, não ter problemas. Jesus dá isso também, mas oferece a cruz que está carregando. É tão triste ver as pessoas correrem atrás de si mesmas, como cachorro correndo atrás do rabo. A cruz é a chave do Céu. Deus não quer o sofrimento. Mas quer que levemos a vida no mesmo amor que Jesus carregou sua cruz. Essa compreensão da fé baseada em receber coisas boas de Deus vem de outras Igrejas e da devoção mal informada que só procura milagres. Se Jesus não me atende é porque minha oração não valeu. Essa tentação está no segundo mandamento: “Não tentarás o Senhor teu Deus”. Alguns dizem: “Não estou bem com Deus porque rezei e Ele não me atendeu”. A oração não é para ganhar coisas, mas Deus. Para ganhar Deus é preciso perder: “Quem quiser perder sua vida por amor de mim, salva-la-á”. Isso não é fácil, colega! 
Homilia do 12º Domingo Comum (20.06.2010)

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