quinta-feira, 27 de julho de 2023

EVANGELHO DO DIA 27 DE JULHO

Evangelho segundo São Mateus 13,10-17. 
Naquele tempo, os discípulos aproximaram-se de Jesus e disseram-Lhe: «Porque lhes falas em parábolas?». Jesus respondeu: «Porque a vós é dado conhecer os mistérios do Reino dos Céus, mas a eles não. Pois àquele que tem, dar-se-á e terá em abundância; mas àquele que não tem, até o pouco que tem lhe será tirado. É por isso que lhes falo em parábolas, porque veem sem ver e ouvem sem ouvir nem entender. Neles se cumpre a profecia de Isaías que diz: "Ouvindo ouvireis, mas sem compreender; olhando olhareis, mas sem ver. Porque o coração deste povo tornou-se duro: endureceram os seus ouvidos e fecharam os seus olhos, para não acontecer que, vendo com os olhos e ouvindo com os ouvidos e compreendendo com o coração, se convertam e Eu os cure". Quanto a vós, felizes os vossos olhos porque veem e os vossos ouvidos porque ouvem! Em verdade vos digo: muitos profetas e justos desejaram ver o que vós vedes e não viram, e ouvir o que vós ouvis e não ouviram.
Tradução litúrgica da Bíblia 
São João Cassiano(360-435) 
Fundador de mosteiro em Marselha 
Sobre os principados, III; SC 54 
O luxuriante paraíso das Escrituras espirituais 
Entre as verdades que a autoridade das divinas Escrituras destinou à nossa instrução, há algumas que estão expressas com tão óbvia clareza, mesmo para as mentes menos dotadas de penetração, que não só não são veladas pela obscuridade de um significado mais secreto, como nem sequer é necessária a ajuda da exegese: a letra das palavras já transmite o seu pleno significado. Outras, ao contrário, estão envoltas em misteriosa obscuridade e abrem um campo imenso aos esforços e à solicitude de quem deseja esclarecê-las e compreendê-las. A Escritura pode ser comparada com uma terra rica e fértil, na qual nascem e se desenvolvem muitos produtos que beneficiam a vida humana sem serem previamente cozinhados. Outros, se não perdessem a sua dureza natural ao fogo e não se tornassem macios e tenros, revelar-se-iam impróprios para o nosso uso ou mesmo nocivos. E há alguns que são naturalmente adequados para ambas as formas: se não passarem pelo fogo, a sua crueza não é desagradável, nem causa qualquer dano; a cozedura, no entanto, aumenta os seus efeitos positivos. Economia semelhante parece ser bem evidente no luxuriante paraíso das Escrituras espirituais: há passagens que, logo no seu sentido literal, brilham com uma claridade tão luminosa que, só por si, as palavras oferecem aos ouvintes alimento substancial e abundante; outras, pelo contrário, se não forem refinadas pela interpretação alegórica e suavizadas pela prova do fogo espiritual, longe de fornecerem ao homem interior um alimento sadio e purificado de germes malignos, serão mais prejuízo do que vantagem para ele; e há passagens que são vantajosas e necessárias tanto no seu sentido literal como no alegórico, pois em ambos os casos a alma retira delas sucos nutritivos.

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