quinta-feira, 27 de julho de 2023

REFLETINDO A PALAVRA - “Jesus, o bom Samaritano”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
REDENTORISTA NA PAZ DO SENHOR
Eu sou o teu próximo
 
Os entendidos na Palavra de Deus quiseram provar Jesus para saber qual era o ponto central da Lei de Deus. Esta lei era a alegria do coração. Todos podiam conhecê-la, pois “está bem a teu alcance, está em tua boca e em teu coração para que a possas cumprir” (Dt 30,14). A resposta ao amor de Deus era a prática da lei. “A Lei do Senhor é perfeita”, reza o salmo, “conforto para a alma” (Sl 18.b). Jesus mostra que a Lei de Deus vai ao fundo do coração e se transforma em atos de amor pelo próximo que é o mesmo amor de Deus. Praticando a misericórdia, tornamos presente a misericórdia de Deus. É por isso que Jesus afirma que veio “não para abolir a lei, mas para levá-la à perfeição” (Mt 5,17). Contou, então, a parábola do “bom samaritano”. Por que o samaritano? Jesus não fala que ele é bom, pois os samaritanos eram inimigos e tidos como hereges e maus. Ele é o oposto dos dois outros que passaram diante do homem caído na estrada: o sacerdote e o levita, representantes do que se podia dizer de bom na sociedade religiosa. Jesus faz uma crítica velada à instituição religiosa dizendo que o amor é que salva e não o status religioso. Não basta saber a doutrina ou ser bom na vida espiritual da comunidade cumprindo a lei com perfeição. É preciso praticar o amor até às últimas consequências. O samaritano, viu, teve compaixão, acudiu o homem, cuidou das feridas, colocou-o no próprio cavalo, levou-o para hospedaria e continuou os cuidados. Voltou, depois, para completar o cuidado. Assim Jesus o fez dando a vida até o fim. Ele se fez o próximo de cada homem e mulher sofredores. A prática do essencial da lei do amor inclui o amor ao próximo. Assim a lei é perfeita. 
Reconciliar em Cristo 
Quem é esse bom samaritano que cuida do homem decaído pela culpa do pecado? “Ele é a imagem do Deus invisível... a cabeça do corpo que é a Igreja...Deus quis reconciliar por meio dele todos os seres... realizando a paz pelo sangue de sua cruz” (Cl 1,15-20). Cristo “aproximou-se e fez os curativos no homem ferido” pelo mal. Todo ato de solidariedade é espiritual e nos identifica com Ele. Há uma espiritualidade voltada para Deus e outra voltada para Deus na pessoa do próximo. Alguns chamam isso muito social e até marxista. Jesus veio antes de Marx. É fácil fazer um culto bonito com muita sabedoria, com todas as regras e todas as roupas, e dar-se por satisfeito, enquanto há sofredores pelo mundo. A política e a economia levam de roldão os necessitados e se alimenta deles. A parábola pode mudar este quadro e fazer a unidade de todos os seres.
Faze isso e viverás! 
“Que devo fazer para receber como herança a vida eterna?” perguntara o homem. Jesus respondeu: “O que está escrito na lei de Moisés?” O homem citou o mandamento do amor. “Quem é o meu próximo?” pergunta (Lc 10,25-29). A parábola mostra não o próximo, mas que cada um é o próximo do necessitado, como Jesus foi o bom samaritano para todos nós, o próximo de todos. A misericórdia do samaritano é a mesma de Deus. A solidariedade nos faz como Cristo que em tudo foi igual a nós para ter total solidariedade. Por isso, a convivência com os simples é o caminho da realização do mandamento fundamental. Somente por aí temos a vida eterna. “Sabemos que passamos da morte pra a vida porque amamos os irmãos” (1Jo 3,14). Amar até o fim é cumprir toda a Lei. 
Leituras: Deuteronômio 30, 10-14;
Salmo 18,8-11;
Colossenses 1,15-20; Lucas 10,25-37. 
1. Os entendidos querem provar a Jesus com a pergunta sobre o ponto central da lei. Esta lei está ao alcance. Jesus mostra que a lei vai ao fundo do coração e acontece no amor ao próximo que é o mesmo amor a Deus. A parábola do samaritano explicita como se ama. O sacerdote e o levita mostram a falsa religião baseada numa pratica exterior da lei. O samaritano tem um amor consequente que vai até às últimas consequências. Assim foi Jesus que é o bom samaritano. 
2. Jesus, o bom samaritano, é a imagem do Deus invisível e a cabeça do corpo que é a Igreja. Ele aproximou-se e fez os curativos do homem ferido pelo mal. Todo ato de solidariedade nos identifica com Ele. A religião não é só conhecimento e ritos, mas amor como Jesus amou. Assim tanto a política como a economia podem mudar o mundo. 
3. À pergunta quem é meu próximo, Jesus responde que cada um é o próximo do necessitado, como Jesus foi o bom samaritano. Sabemos que passamos da morte para a vida porque amamos os irmãos. Amar até o fim é cumprir toda a lei. 
Tropeçando na verdade 
Um homem importante quis colocar Jesus em aperto, como outros haviam tentado com outras questões. A questão tocava o cerne da religião: o que era o fundamental. Jesus, sem sair do problema responde que a verdade fundamental é o mandamento do amor. E cita o mandamento “amarás a Deus e ao próximo”. “Mas quem é meu próximo?”. Pergunta o mestre da Lei. Jesus explica quem é o próximo com a parábola do bom samaritano. Os samaritanos eram inimigos dos judeus. A parábola conta que um homem foi ferido e caído no caminho. Então passam um sacerdote e um levita (um da igreja) e não socorrem o homem. Quem socorre é o inimigo. Quem é o próximo? O que socorreu! Faça isso e viverá. Jesus afirma que o próximo somos nós. O amor que Jesus ensina é o compromisso que vai até o fim na caridade. Só nos preocupamos em dar um prato, uma prata, ou mesmo pé no ouvido, mandando embora. Não fazemos uma ação coerente, com projeto e com solução. Sem isso não há caridade, mas tapeação da consciência. Cristo é o modelo. Ele é o bom samaritano, pois n’Ele habita tudo de Deus, isto é, é Deus. Somos samaritanos com Ele. Nós somos o próximo. Sendo samaritano é a imagem de Deus. Para os judeus, o pagão, o herege não eram o próximo. Por isso o amor deve ser sempre total. Nós podemos praticar essa verdade do amor. Ela é a lei que está a nosso alcance. A lei do Senhor é perfeita, conforto para a alma. O testemunho do Senhor é verdadeiro e sabedoria dos humildes, rezamos no salmo. 
Homilia do 15º Domingo do Tempo Comum (11.07.2010)

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