A felicidade não está onde buscamos, mas onde a colocamos em nosso cotidiano. Nosso dia a dia está intimamente ligado ao que somos. Há muita palavra bonita sobre o ser humano. Tenho medo muita teoria e isso não corresponder à realidade. A realidade primeira é que nós somos assim. Foi Deus quem fez. O modo como fez, não vem ao caso. Em nós há tanta coisa boa. O salmo diz: “Que maravilha sou eu Senhor!” (Sl 139,14). A pessoa humana não é complexa, é inesgotável. Tem tudo em si para a felicidade e a construção da felicidade dos outros. As fragilidades fazem parte de nosso ser, pois é limitado, quer dizer, pode crescer sempre. É um ser aberto ao crescimento. Paulo escreve: “Crescemos de glória em glória” (2Cor 3,18). Jesus mesmo usa muitas vezes a imagem da semente que tem tudo em si, mas para crescer. A tendência da natureza é, um dia, terminar. Melhor ainda: “Se o grão de trigo não morre, não produz fruto” (Jo 12.24). Nosso corpo é maravilhoso. As potencialidades da mente e do sentimento são infinitas. Tudo para ser desenvolvido. Dizer que o homem foi feito do barro significa poder ser sempre moldado. O osso da costela indica a participação na vida um do outro, do homem e da mulher, na complementaridade. Os dons, quer espirituais quer corporais que possuímos, são únicos no universo e não têm limites. É um jorrar de vida para que haja vida. Quanto bem nós fazemos aos outros! Imaginemos a multiplicação existente naquilo que fazemos. Fazer o bem é multiplicar a própria capacidade. Cada pessoa é um universo pronto a gerar vida em todos os sentidos. Isso não se mede pelos lucros e acúmulos de, mas pelo bem que se faz.
Meu pai me disse
As energias pessoais são corroboradas pela força e pela vitalidade da família que nos gerou e nos acolhe. Toda família tem maravilhas. Pode ocorrer que haja grandes males. Mas não há ninguém que seja só do mal ou seja só do bem. A família tem as limitações do pecado e de suas conseqüências, mas também possui a graça de Deus que sustenta na fragilidade. Todos têm dons e heranças preciosas. Destes pode-se tirar forças para viver. Mesmo os fracos têm dons e forças de fazer o bem. As famílias têm energias que provêm das tradições familiares e das preciosidades da raça da qual se originem e da formação que receberam. Se virmos o lado positivo de cada pessoa tornar-se-á mais fácil recuperar o ser humano danificado. Por isso é bom conhecer o que cada um recebeu na sua formação e partir daí para que se desenvolva o que cada um já tem em si. Como estamos mal na educação não respeitando o que cada um traz de casa. Isso não é sabedoria.
Que bom que você existe
Fazemos parte de uma sociedade que é extremamente rica em dons e oportunidades. Dizer que o mundo agora é ruim, que antigamente é que era bom, é uma conversa furada que atravessa todas as gerações. Por que só o passado é bom? Pecamos muito nisso, tanto na religião, como no cotidiano da vida. Já o livro do Eclesiastes estranha esta postura: “Não digas: Por que razão foram os dias passados melhores do que os de agora? Não é uma pergunta motivada pela sabedoria” (Ecl 7,10). Cada pessoa é sempre uma força de vida para os outros. Basta acolhê-la. Se as pessoas se transformam em feras, podemos ter certeza que houve uma razão e podemos mudar. Que bom que você existe. Sem, você o mundo seria triste. “Ensina-nos a contar os nossos dias assim teremos um coração sábio” (Sl 90,12).
ARTIGO REDIGIDO E PUBLICADO
EM JULHO DE 2010
Nenhum comentário:
Postar um comentário