Um netinho, rezando com a vovó o Pai-Nosso, ao dizer o pão nosso de cada dia, perguntou: - “Vovó, por que a gente não fala o pão nosso para a semana inteira?” – “Não, filho, responde ela, Deus quer que seus filhinhos comam sempre pão fresquinho, não pão velho”. Essa é a sabedoria de minha avó, a Mãe Rita, que sempre fazia café novo para quem chegava. Na vida cotidiana, os momentos são sempre os mesmos. Nosso coração tem sua batida que, quando bate diferente, preocupa. Não é necessário fazer grandes coisas boas. O que faz a vida são os pequenos gestos de acolhimento, de carinho, de caridade, de ajuda mútua, de amor. O bem que fazemos, com toda a certeza, produzirá seu fruto. Não precisamos estar sempre criando novas modalidades de espiritualidade e mesmo de modos humanos de viver. O importante é tê-los sempre como uma novidade, e fazê-los sempre novos. Por que temos nossos ritmos, nossos caprichos, nossas manias sadias? Somos assim. Até os animais tem seu jeitinho próprio de agir, seus ritmos e suas manias. A natureza tem suas estações e as fases. Sente-se, s vezes, que as pessoas se enfadam facilmente com a rotina. Querem sempre uma novidade, um embalo mais quente. A TV sempre apresenta novas chamadas. Muito do vazio que acontece nas pessoas é a falta de tornar denso o momento presente através da opção de viver a dimensão do serviço. O que fazemos, por menor que seja, é feito para Deus. Continuamos, como colaboradores, a construção do mundo como nos foi entregue na Criação: “Dominai terra!” (Gn 1,28). São os pequenos gestos que carregam o mundo, como as gotas o oceano, os grãos de areia as montanhas, as células dos corpos.
Tempo para viver
Na Igreja celebramos grandes momentos como Páscoa, Natal e outros. Belas festas! Temos também um longo Tempo Comum que parece ser a mesma coisa. Acompanha o ritmo da vida com a Vida de Cristo que também tem seu ritmo. O que faz a beleza da celebração, sempre a mesma, e sua capacidade de ser sempre nova. A celebração faz a diferença dos dias. Ele é um momento único, como único é cada momento da vida. Certamente percebemos que não são os dias festivos que dominam a vida, mas o dia-a-dia com seu ritmo costumeiro. Se tivermos festa todos os dias, não haverá mais dia de festa. Sempre tomamos o mesmo cafezinho, que é sempre novo. E é sempre bom. A grande batalha que enfrentamos é fazer o bem no cotidiano da vida. S. Paulo nos orienta: “Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem” (Rm 12,21). A espiritualidade vai costurar nossa vida na vida de Deus.
A cada dia sua pena
Jesus ensinava que “a cada dia basta seu cuidado” (Mt 6,34). Ele ensina que não devemos nos preocupar com o amanhã, pois o Pai do Céu cuida de nós como cuida dos passarinhos e das plantas (Mt 6,25-37). Eles não precisam se preocupar e dão um show de beleza e riqueza. Isso não significa irresponsabilidade ou jogar nas costas dos outros. Jesus ensina que, buscando o Reino de Deus e sua justiça, as outras coisas nos serão dadas por acréscimo (33). Isto quer dizer que, colocando o interesse do Reino no que fazemos, o amanhã estará garantido. O interesse do Reino é a dinâmica do amor.
ARTIGO REDIGIDO E PUBLICADO
EM JULHO DE 2010
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