Evangelho segundo São Mateus 13,44-52.
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «O Reino dos Céus é semelhante a um tesouro escondido num campo. O homem que o encontrou tornou a escondê-lo e ficou tão contente que foi vender tudo quanto possuía e comprou aquele campo.
O Reino dos Céus é semelhante a um negociante que procura pérolas preciosas.
Ao encontrar uma de grande valor, foi vender tudo quanto possuía e comprou essa pérola».
O Reino dos Céus é semelhante a uma rede que, lançada ao mar, apanha toda a espécie de peixes.
Logo que se enche, puxam-na para a praia e, sentando-se, escolhem os bons para os cestos, e o que não presta deitam-no fora.
Assim será no fim do mundo: os Anjos sairão a separar os maus do meio dos justos
e a lançá-los na fornalha ardente. Aí haverá choro e ranger de dentes.
Entendestes tudo isto?». Eles responderam-Lhe: «Entendemos».
Disse-lhes então Jesus: «Por isso, todo o escriba instruído sobre o Reino dos Céus é semelhante a um pai de família que tira do seu tesouro coisas novas e coisas velhas».
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário ao Evangelho de Mateus,10,9-10
A pérola de grande valor
Ao homem «que procura pérolas preciosas», apliquemos aquelas palavras: «Procurai e achareis» e «quem procura, encontra» (Mt 7,7-8). Com efeito, «procurai» e «quem procura, encontra» só pode referir-se às pérolas, em particular à pérola adquirida pelo homem que tudo deu e tudo perdeu. Foi por causa desta pérola que Paulo disse: «Aceitei perder tudo para ganhar Cristo» (Fil 3,8); este «tudo» são as pérolas preciosas, e «ganhar Cristo» é uma referência a essa pérola única «de grande valor».
Preciosa, seguramente, é a lamparina para quem se encontra nas trevas e dela tem necessidade até ao nascer do sol. Preciosa também é a glória resplandecente no rosto de Moisés (2Cor 3,7), bem como no rosto dos outros profetas; e bonita de ver, porque nos ajuda a seguir em frente até que possamos contemplar a glória de Cristo, da qual o Pai dá testemunho dizendo: «Este é o meu Filho muito amado em quem pus toda a minha complacência» (Mt 3,17). «Comparada com esta glória eminentemente superior, a glória do primeiro ministério desvaneceu-se» (2Cor 3,10). Temos necessidade, num primeiro tempo, de uma glória suscetível de desaparecer perante a «glória que ultrapassa tudo», tal como temos necessidade «de um conhecimento parcial», que «desaparecerá quando vier o que é perfeito» (1Cor 13,9s).
Assim, toda a alma que está ainda na infância e caminha «para a perfeição da idade adulta» (Hb 6,1) precisa de ser ensinada, envolvida e acompanhada até nela se instaurar «a plenitude dos tempos» (Gal 4,4). No fim, alcançará a maioridade e receberá o seu património: a pérola de grande valor, «o que é perfeito e faz desaparecer o que é parcial» (1Cor 13,10); alcançará esse bem que ultrapassa tudo: o conhecimento de Cristo (cf. Fil 3,8). Mas muitos não compreendem a beleza das numerosas pérolas da Lei e do «conhecimento parcial» divulgado por todos os profetas; imaginam, erradamente, que, sem terem compreendido a Lei e os profetas, poderão encontrar a única pérola de grande valor, que é a compreensão plena do Evangelho e todo o sentido dos atos e das parábolas de Jesus Cristo.
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