terça-feira, 2 de agosto de 2022

REFLETINDO A PALAVRA - “Pode ser que venha dar fruto”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
SACERDOTE REDENTORISTA
NA PAZ DO SENHOR
Se não vos converterdes
 
A cada ano litúrgico, no tempo da Quaresma, temos uma temática para o 3º, 4º e 5º domingos. No ano A temos a temática batismal; no ano B temos a temática da Aliança e no ano C, a temática da conversão. No evangelho deste 3º domingo lemos sobre a figueira estéril, no 4º, o filho pródigo (ou pai misericordioso) e no 5º a adúltera. Em cada domingo somos chamados à conversão porque o Pai é bom e misericordioso. Em nossa fragilidade, somos uma figueira, na comparação de Jesus. O jardineiro é Ele próprio. O dono é o Pai que cobra os frutos e não encontra já há três anos. Se não dá fruto deve ser cortada. Mas vinhateiro propõe: “Deixa mais esse ano, vou cavar em volta e colocar adubo. Pode ser eu venha a dar fruto, Se não der, então tu a cortarás” (Lc 13,8-9). Jesus conta a parábola após ouvir notícias de um massacre de Pilatos e da torre que caiu sobre 18 galileus. Na idéia das pessoas sofreram porque eram pecadores e pagaram por isso. Pagará se não se converter e não der frutos. Todos são chamados a serem, não uma árvore estéril, mas árvore que produza frutos. O vinhateiro, Jesus, dá os auxílios necessários, chega uma terrinha e assim a planta pode produzir. Ele quer nossa conversão e para isso oferece os meios. Se não nos resolvemos a mudar, converter e produzir frutos, Deus não tem nada mais a fazer nós. Assim nos condenamos a uma desgraça. Essa não será um acidente, mas a perda do Reino. A Quaresma é o tempo para esse questionamento sobre nossa situação diante do Pai que nos deu a vida e pede que produzamos frutos. A graça de Deus que nos vem pelos sacramentos e pelos dons que nos deu. Ele dá tempo, mas exige mudanças. 
Eu sou o Senhor 
A conversão não é obra somente de um esforço pessoal, mas da presença de Deus que liberta de todos os males, sobretudo da esterilidade de nosso coração. O Deus que conhecemos da Escritura, que chamamos de Javé, não é um Deus nas alturas, mas o Deus que se compromete com seu povo. É um Deus que caminha conosco. Moisés clama: “Caminha conosco”! ( ). O compromisso que assume para conosco e nos estimula a sair de nossos egitos, é consequente como acontece na libertação do Egito, na libertação de todos os males na vinda de Jesus. Assim lemos na aparição de Deus a Moisés no Horeb: “Eu VI a aflição de meu povo que está no Egito e OUVI seu clamor por causa da dureza de seus opressores. Sim, eu CONHEÇO seus sofrimentos. DESCI para libertá-los das mãos dos egípcios, e FAZÊ-LOS sair daquele país para uma terra boa e espaçosa, uma terra onde corre leite e mel” (Ex 2,7-8). Deus tem para conosco uma ação consequente. Não nos ama por pedaços. A cobrança de conversão vem do fato de que Deus fez tudo por nós, e os frutos não aparecem. Deus não cobra, mas nós devemos nos cobrar a nós mesmos em vista da expectativa que Ele tem. A conversão é para que produzamos frutos que permaneçam. 
Cuidado para não cair 
Na história da salvação temos muita coisa bonita. O povo viveu momentos de grande participação das maravilhas que Deus fez por ele: passar o mar Vermelho, comer o maná vindo do céu, beber água da rocha, receber a lei sob grandes sinais. Mas, a maioria desagradou a Deus. Foram assim de exemplo para nós, para não repetirmos o mesmo. “Portanto, escreve Paulo, quem julga estar de pé tome cuidado para não cair” (1Cor 10,12). É correspondendo à graça da redenção, produzindo frutos que nos manteremos em pé. A conversão permanente é o caminho do cristão.
Leituras: Êxodo 3,1-8; Salmo 102; 
1 Coríntios 10,-6.10.12; Lucas 13,1-9. 
1. Cada ano (A.B.C) temos uma temática para a Quaresma. Nesse ano C, no 3º, 4º e 5º temos a temática da conversão, com três figuras: a figueira estéril, o filho pródigo e a adultera. Há um chamado à conversão em cada domingo. A figueira é o símbolo do cristão que não produz frutos. O dono (o Pai) decide-se corta-lo. O jardineiro (O Filho) pede que espere um pouco, pois ele vai tentar. Senão corta. Jesus conta essa parábola para explicar que ninguém sofre por ter pecado, mas por não produzir fruto. Quaresma é tempo propício para chegar um adubo à árvore. 
2. A obra da conversão não é só um esforço pessoal, mas também uma presença forte de Deus que quer salvar e caminhar conosco. Por isso se chama Javé, como se manifestou a Moisés. Ele se compromete completamente, como diz: ouvi os clamores, vi o sofrimento, desci para libertar e levar para uma terra boa. Deus ama por inteiro. Conversão é corresponder ao que Deus fez por nós. 
3. Deus fez maravilhas por Seu povo. Os filhos de Israel passaram o Mar Vermelho, comeram o maná, beberam água da rocha, receberam a lei sob grandes sinais. Mas a maioria desagradou a Deus. Assim também podemos fazer, depois de tantas graças. Por isso Paulo insiste: quem julga estar de pé, tome cuidado para não cair. Para manter-se de pé, é necessário produzir frutos de conversão. 
Negando fogo 
Na liturgia do 3º Domingo da Quaresma temos duas árvores: o arbusto que Moisés viu no Horeb e a figueira estéril. Uma trouxe a presença de Deus que veio salvar o povo. A outra correu o risco de ser cortada por não dar fruto. O hortelão pede um tempo e chega uma terrinha com esterco. Assim também a nós. Se não nos convertemos, sairemos mal. Mas Deus dá sempre um tempo e uma alerta para a conversão. Aproveitemos, senão... Não adianta dar uma de bonito. É preciso produzir frutos e comprometer-se. 
Homilia do 3º Domingo da Quaresma
EM MARÇO DE 2007

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