PADRE HÉLIO DE PESSATO LIBÁRDI(+) REDENTORISTA |
É muito comum pessoas falarem que não precisam se confessar, porque já pagaram todos os seus pecados. Isso devido aos muitos dissabores, contratempos, sofrimentos que tiveram de enfrentar.
Isso é uma fé na doutrina errada, que diz que temos de pagar aqui tudo o que fizemos de mal e até o último centavo. Sequer nos lembramos que Jesus veio para nos salvar e que existe um perdão que nos purifica aos olhos de Deus e nos renova em seu Espírito Santo.
Na verdade muitos sofrimentos são consequências lógicas daquilo que se plantou e não há como não acontecerem. Álcool e gasolina sempre vão pegar fogo. Uma vida cheia de erros terá como consequência normal outra série de erros e desacertos.
Outros erros revelam a incapacidade da pessoa administrar bem a própria vida; mesmo esses vão provocar novos desajustes. Não vai aqui nenhum resgate ou pagamento pelo mal que fez.
Devemos sempre analisar nossos erros e prever as possíveis consequências que virão no futuro. Isso nos ajudará a enfrentar com mais serenidade o que vier a acontecer.
O caminho para a correção dos erros é o arrependimento. Um arrependimento que nasce da percepção do erro é um arrependimento sadio e sanante. Ele tem de nascer da consciência que fomos muito mal e que podíamos fazer melhor o que fizemos. Nasce da visão do problema que causamos e da ciência de que falhamos ao não sermos generosos com Deus que nos dá a possibilidade e a graça para agirmos de maneira mais certa. É bem diferente de um arrependimento que não cura, pois nasce do medo, do castigo que pode acontecer ou que já está acontecendo.
O arrependimento sincero nos põe diante da misericórdia de Deus que, em Jesus, nos acolhe e sempre perdoa. Mesmo assim com esse perdão, não significa que as consequências naturais e decorrentes do erro não vão acontecer. É como no acidente com colisão de veículos, há diálogo e perdão, mas o carro precisa de oficina e vai custar dinheiro.
Essa pessoa, que acredita que sofrendo já pagou os pecados, precisa sair desse conformismo e procurar um perdão renovador por meio de um arrependimento sincero, porque muitas vezes nem sofrendo se arrepende. O que transforma é a graça de Deus. O comodismo faz com que pessoas acabem assumindo os sofrimentos sem mudar nada e se auto-justifiquem por meio deles, impedindo assim uma renovação interior que lhes dê a capacidade de ir e não errar mais.
É um mistério esse medo de ser transparente e de dizer: Errei, preciso mudar de vida.
Pe. Hélio Libardi, C.Ss.R
EDITORA SANTUÁRIO
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