sábado, 29 de janeiro de 2022

EVANGELHO DO DIA 29 DE JANEIRO

Evangelho segundo São Marcos 4,35-41.
Naquele dia, ao cair da tarde, Jesus disse aos seus discípulos: «Passemos à outra margem do lago». Eles deixaram a multidão e levaram Jesus consigo na barca em que estava sentado. Iam com Ele outras embarcações. Levantou-se então uma grande tormenta e as ondas eram tão altas que enchiam a barca de água. Jesus, à popa, dormia com a cabeça numa almofada. Eles acordaram-no e disseram: «Mestre, não Te importas que pereçamos?». Jesus levantou-Se, falou ao vento imperiosamente e disse ao mar: «Cala-te e está quieto». O vento cessou e fez-se grande bonança. Depois disse aos discípulos: «Porque estais tão assustados? Ainda não tendes fé?». Eles ficaram cheios de temor e diziam uns para os outros: «Quem é este homem, que até o vento e o mar Lhe obedecem?». 
Tradução litúrgica da Bíblia 
São Gregório de Nissa(335-395) 
Monge, bispo 
 O inverno passou 
«Quem é este homem, que até o 
vento e o mar Lhe obedecem?» 
«Eis que o inverno passou», diz o Esposo, «e que desapareceram as chuvas» (Cant 2,11). O mal tem muitos nomes -- é inverno, chuva e granizo --, conforme a diversidade dos seus efeitos, e cada um destes nomes simboliza uma tentação específica. Chamamos-lhe inverno para simbolizar a multiplicidade de formas do mal. Quando há tempestades, o mar cresce, erguendo-se dos abismos, imitando os rochedos e as montanhas, elevando-se acima das águas dos cumes; e atira-se contra a terra como seu inimigo, precipitando-se sobre a costa e abalando-a com os sucessivos golpes dos seus fluxos, quais ataques de máquinas de guerra. Analisemos o significado simbólico destes e doutros males do inverno. O que é este mar de ondas severas? O que é esta chuva e este granizo? E como é que a chuva deixa de cair? O sentido profundo dos enigmas do inverno relaciona-se com a liberdade da nossa vontade. No princípio, a natureza humana florescia; mas o inverno e a desobediência secaram-lhe as raízes, a flor caiu e foi absorvida pela terra: o homem foi despojado da sua beleza imortal e a erva das suas virtudes secou, pelo arrefecimento do amor de Deus, enquanto a iniquidade crescia; ergueram-se em nós paixões sem nome, provocadas por ventos hostis, e causaram naufrágios funestos nas almas. Mas, quando veio Aquele que traz a primavera à nossa alma, Aquele que, quando um vento mau desperta o mar, ameaça o vento e diz ao mar: «Cala-te e está quieto», imediatamente se restabeleceu a calma e a serenidade, e a nossa natureza voltou a florescer, guarnecendo-se com as flores que lhe são próprias. As flores da nossa vida são as virtudes, que florescem agora e produzem os seus frutos «na estação própria» (Sl 1,3). Foi por isso que o Verbo declarou: «Eis que o inverno passou».

Nenhum comentário:

Postar um comentário