Lugar da Palavra
No segundo domingo comum, lemos o evangelho das Bodas de Caná. É texto rico de ensinamentos. E nos fixamos na manifestação aos discípulos. Hoje vemos Jesus iniciar sua missão, na sinagoga de Nazaré. Proclama sua missão como realização da profecia de Isaias. Sempre movido pelo Espírito afirma que Nele se realiza a profecia, dizendo: “Hoje se realizou essa passagem da Escritura que acabais de ouvir” (Lc 4,21). Interessante é notar que a comunidade de Nazaré era pequena e pobre. Ali se realiza a Palavra. Nossas comunidades humildes são também lugar da total realização do hoje de Deus. Sempre Cristo é total em sua ação. Leremos o texto sobre a grande assembleia de Esdras e Neemias depois do retorno da Babilônia. Temos o lugar nobre, a introdução e leitura do livro da Lei e sua explicação. Cada comunidade que se reúne o faz para ouvir a Palavra. Disseram a todos: “Este é um dia consagrado ao Senhor vosso Deus” (Ne 8,9). Onde se reúne a comunidade e é lida a Palavra de Deus, é um dia consagrado ao Senhor. Por isso dizemos: “Domingo é dia do Senhor”. É dia da Palavra. É dia da comunidade se alegrar. É dia de alegria a ser comemorado. É dia do Senhor que é dia da comunidade e dia da família que continua a celebração em sua casa. Os gestos, as aclamações, os cantos são parte da alegria da Palavra. Teremos sempre uma proclamação e acolhimento da Palavra com consciência e alegria. As grandes e pequenas assembleias realizam a comunicação do Senhor.
O livro aberto
Abrir o livro na celebração da comunidade é um belo símbolo da celebração da Palavra. É a Palavra aprisionada que salta viva no meio da comunidade, com o mesmo vigor do momento em que foi proclamada. Ela reúne o povo como na assembleia de Neemias, como em Nazaré, como Jesus vivo proclamava. É o hoje de Deus. “A Palavra é viva e eficaz, mais penetrante que uma espada de dois gumes... Tudo está nu e descoberto a seus olhos. E a ela devemos prestar contas” (Hb 4,12-13). Quando é proclamada, é o hoje de Deus. Ela tem o vigor de quem a pronunciou, que é o próprio Deus, pela boca dos profetas e dos apóstolos. Ela toca os corações, como lemos nos textos. Ela promove o culto: “Esdras bendisse o Senhor, o grande Deus, e todo o povo respondeu, levantando as mãos: Amém! Amém! Depois se inclinaram e prostraram-se diante do Senhor” (Ne 8,6.8). A Palavra de Deus conforta o povo depois do sofrimento do exílio, anima a reconstrução da cidade e a retomada da vida do povo. A Palavra proclamada é como um rio represado como toma vida e fertiliza as margens. É necessária a abertura do coração e o conhecimento sempre maior de seu vigor em nós.
A lei do Senhor é perfeita
O salmo nos faz refletir a maravilha da Lei de Deus. Lei não é proibição, recriminação. A Lei é a Palavra de Deus que dá conforto, sabedoria, alegria, uma luz aos olhos. O temor do Senhor é puro. Feliz o povo que tem essa sabedoria. Jesus em Nazaré não proclama mandamento, mas abre o caminho para a vida. Ali leva aos corações o carinho de Deus. É todo o Corpo de Cristo que vive em união. Não temos dado atenção à essa condição de nossa vida de cristãos. Estamos unidos entre nós e com Cristo, cabeça do Corpo. A esse corpo estão unidos todos os filhos de Deus. Essa compreensão nos explica muitos elementos da vivência de nossa fé. A vida divina percorre as veias desse corpo.
Leituras:Neemias 8,2-4ª.5-6.8-10;salmo18b;
1 Cor 12,12-14.27; Lucas 1,1-4;4,14-21
Ficha nº 2142
Homilia do 3º Domingo Comum (23.01.22)
1. Cada comunidade que se reúne o faz para ouvir a Palavra.
2. Quando a Palavra é proclamada, se faz o hoje de Deus.
3. A Vida Divina percorre as veias desse corpo.
Nem todo palanque é política
Todo mundo que sobe no palanque se dá uma de orador. E diz muita besteira. Há um orador que vale a pena: aquele que proclama a Palavra de Deus. São palavras de vida. Pena que nem sempre estamos falando a Palavra de Deus. Por quê? Porque não a vivemos com ardor. Vale a pena deixar que a Palavra de Deus passe por nós e chegue a todos. Assim o palanque não cai.
A comunidade é sempre convocada a ouvir. O que vemos com os olhos vai para nossa memória. O que ouvimos com nossos ouvidos vai para o coração e pode modificar nossas vidas. Assim se alimenta todo o Corpo de Cristo.
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