Os pensamentos e desejos fazem parte de nossa condição humana. É impossível não pensar ou não desejar.
Quanto aos pensamentos e desejos maus, Cristo deixou claro que não só é ilícito um ato mau como o próprio desejo mau, mostrando que devemos procurar a pureza e integridade em nosso interior.
Na medida em que ganhamos em interiorização, a moral dos pensamentos maus se torna mais exigente. Por outro lado não podemos exagerar no processo de interiorização, preocupação exagerada com detalhes e distinção numérica dos maus pensamentos.
Quando tratamos de questões afetivas não é tão fácil cortar os maus pensamentos e desejos em um piscar de olhos, como se fossem atos externos.
Precisamos distinguir entre os verdadeiros desejos de se fazer algo mau e que talvez não aconteça por falta de ocasião propícia e os desejos meramente imaginativos que surgem espontaneamente no coração humano. Os desejos maus provocados nos levam a crer que quem os produz esteja mais para um tratamento clínico do que em estado mental capaz de gerar a maldade.
O ensinamento de Jesus: “quem olhou com maldade, já pecou em seu coração”, mostra-nos bem que o pecado está na maldade que permitimos se aninhe em nosso coração. Não é preciso nem praticá-la. Mas fica claro que não se trata aqui de reações espontâneas para as quais não cabe censura. Jesus condenou a maldade.
O ser humano é uma unidade existencial, não cabe aqui ficar separando o interno do externo, o que vai qualificar um pensamento ou desejo como mau é exatamente a capacidade de querer o mal.
Ao procurar fazer com que a pessoa se liberte de uma doutrina extremamente moralizante, que produz bloqueios por meio de uma série de censuras e pressões, não temos o intento de facilitar a libertinagem. Procurar esclarecer e orientar não é favorecer desmandos.
Não só deve preocupar-nos extirpar a maldade entre os desejos e pensamentos que nos surgem, mas lembramos que também é bom nos impor a todo momento certa higiene mental, dentro do que Jesus falou: “Se teus olhos forem sujos, todo o teu corpo será sujo”. No fundo se trata de um cuidado e vigilância sobre nossos sentidos sem cair na obsessão do que poderíamos chamar de “consciência doentia”, que destrói a si mesma numa preocupação obsessiva em ver se consentiu ou não nos maus pensamentos.
Não somos anjos, mas pessoas de carne e osso, e assim como somos é que temos de colaborar na realização do plano de Deus.
Pe. Hélio Libardi, C.Ss.R.
EDITORA SANTUÁRIO
Nenhum comentário:
Postar um comentário