Dom Oscar Romero nasceu no dia 15 de agosto de 1917 numa família de origens humildes. Em 1931 ingressou no Semináerio Menor de S. Miguel, onde ficou conhecido como 'O menino da flauta', pela sua habilidade em utilizar uma flauta de bambu que herdou de seu pai. Em 1937, ingressou no Seminário Maior São José de la Montaña, em San Salvador, e sete meses depois, viajou para estudar teologia em Roma, onde presenciou as calamidades da Segunda Guerra Mundial. Em 4 de abril de 1942 foi ordenado padre.
Em 21 de junho de 1970 foi nomeado bispo auxiliar de San Salvador, e em 15 de outubro de 1974, bispo de Santiago de María. Em 3 de fevereiro de 1977 foi nomeado Arcebispo de San Salvador.
Em março de 1977, ocorreu o assassinato de seu amigo, o padre Rutilio Grande, junto com dois camponeses. Esse incidente, transformou Romero, que passou a denunciar as injustiças sociais por meio da rádio católica Ysax e do semanário Orientación. Por isso, chegou a ser conhecido como "A voz dos sem voz". Óscar Romero denunciava, nas suas homilias dominicais, as numerosas violações de direitos humanos em El Salvador e manifestava publicamente a sua solidariedade com as vítimas da violência política, no contexto da Guerra Civil de El Salvador.
Oscar Romero concordava com a visão católica da Teologia da Libertação e não com a visão marxista. "Um jornalista uma vez perguntou-lhe: “Concorda com a Teologia da Libertação?” E Romero respondeu: “Sim, claro. Contudo, há duas teologias da libertação. Uma vê a libertação como libertação material. A outra é de Paulo VI. Eu estou com Paulo VI."
Romero manifestou várias vezes a sua desaprovação pela Teologia da Libertação de inspiração marxista. Quando lhe disseram “Há duas igrejas, a igreja dos ricos e a igreja dos pobres; acreditamos na igreja dos pobres mas não na igreja dos ricos”, Romero declarou: "Claramente estas palavras são uma forma de demagogia e nunca hei de admitir uma divisão da Igreja." E acrescentou: "Só existe uma Igreja, a Igreja que Cristo pregava, a Igreja a que devemos dar inteiramente os nossos corações" e "Só existe uma Igreja, a Igreja que adora o Deus vivo e que sabe dar o valor devido aos bens da terra".
Na véspera de sua morte, fez um pronunciamento contundente a respeito da repressão em seu país: "Em nome de Deus e desse povo sofredor, cujos lamentos sobem ao céu todos os dias, peço-lhes, suplico-lhes, ordeno-lhes: cessem a repressão".
Óscar Romero foi assassinado enquanto celebrava a missa, em 24 de março de 1980, por um atirador de elite do exército salvadorenho. A sua morte provocou uma onda de protestos em todo o mundo e pressões internacionais por reformas em El Salvador.
Em 2010, a Assembleia Geral das Nações Unidas proclamou o dia 24 de março como o Dia Internacional pelo Direito à Verdade acerca das Graves Violações dos Direitos Humanos e à Dignidade das Vítimas em reconhecimento à atuação de Dom Romero em defesa dos direitos humanos.
Em fevereiro de 2015 o Papa Francisco aprovou o decreto de beatificação do arcebispo salvadorenho, reconhecendo-o como mártir. No início da celebração de beatificação foi lida uma mensagem do Papa, na qual afirmava que: "Em tempos de coexistência difícil, Romero soube como guiar, defender e proteger o seu rebanho. Damos graças a Deus porque concedeu ao bispo mártir a capacidade de ver e ouvir o sofrimento de seu povo. Quando se entende bem e se assume até as últimas consequências, a fé em Jesus Cristo cria comunidades artífices de paz e solidariedade".
Foi canonizado a 14 de outubro de 2018.
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