Evangelho segundo São João 8,1-11.
Naquele tempo, Jesus foi para o monte das Oliveiras.
Mas, de manhã cedo, apareceu outra vez no Templo, e todo o povo se aproximou dele. Então sentou-Se e começou a ensinar.
Os escribas e os fariseus apresentaram a Jesus uma mulher surpreendida em adultério, colocaram-na no meio dos presentes e disseram a Jesus:
«Mestre, esta mulher foi surpreendida em flagrante adultério.
Na Lei, Moisés mandou-nos apedrejar tais mulheres. Tu, que dizes?».
Falavam assim para Lhe armarem uma cilada e terem pretexto para O acusar. Mas Jesus inclinou-Se e começou a escrever com o dedo no chão.
Como persistiam em interrogá-lo, ergueu-Se e disse-lhes: «Quem de entre vós estiver sem pecado, atire a primeira pedra».
Inclinou-Se novamente e continuou a escrever no chão.
Eles, porém, quando ouviram tais palavras, foram saindo um após outro, a começar pelos mais velhos, e ficou só Jesus e a mulher, que estava no meio.
Jesus ergueu-Se e disse-lhe: «Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou?».
Ela respondeu: «Ninguém, Senhor». Disse então Jesus: «Nem Eu te condeno. Vai e não tornes a pecar».
Tradução litúrgica da Bíblia
Bispo de Hipona(norte de África),
doutor da Igreja
Sermão 13
«Nem Eu te condeno»
Diz o salmo: «Deixai-vos instruir, juízes da Terra!» (Sl 2,10). Na Terra, são juízes os reis, os governantes, os príncipes e os juízes dos tribunais. E devem instruir-se, porque são a Terra que julga a Terra; mas ela deve temer Aquele que está no Céu. Eles julgam os seus iguais: o homem julga um homem, o mortal, um mortal, o pecador, um pecador. Se Nosso Senhor fizesse ressoar, no meio desses juízes, esta sentença divina: «Quem de entre vós estiver sem pecado, atire a primeira pedra», não começariam todos a tremer?
Aos fariseus que, para O tentarem, Lhe tinham trazido uma mulher surpreendida em adultério , Jesus disse: «Quereis lapidar esta mulher como está prescrito na Lei. Pois bem, quem de entre vós que estiver sem pecado, atire a primeira pedra». Enquanto O questionavam, escrevia no chão, para «instruir a Terra»; mas, quando lhes deu esta resposta, levantou os olhos, «olhou para a Terra e ela estremeceu» (Sl 104,32). Os fariseus, confundidos e a tremer, foram-se embora, um após outro. A pecadora ficou só com o Salvador: a doente com o médico, a grande miséria com a grande misericórdia. Olhando para esta mulher, Jesus perguntou-lhe: «Ninguém te condenou?». «Ninguém, Senhor». Mas agora, ela está diante de um juiz sem pecado. «Ninguém te condenou?». «Ninguém, Senhor, e, se Tu não me condenares, ninguém poderá tocar-me». Silenciosamente, o Senhor responde a esta inquietação: «Nem Eu te condeno. A voz da consciência impediu os teus acusadores de te punirem; a Mim, é a misericórdia que Me faz socorrer-te». Meditai nestas verdades e «deixai-vos instruir, juízes da Terra!».
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