domingo, 28 de março de 2021

Homilia do Domingo de Ramos (28.03.21)

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
53 ANOS CONSAGRADO
45 ANOS SACERDOTE
“Bendito o que vem” 
 Domingo de Ramos
Celebramos o 6º domingo da Quaresma, caminhando para o Tríduo Pascal. Nesse dia celebramos o Domingo de Ramos que é uma memória desse momento da vida de Cristo. Os fatos de sua vida não podem ser conhecidos só como um acontecimento fechado em si, mas se direcionam para a realização do desígnio salvador do Pai na morte e ressurreição de Cristo. A oração Pós-Comunhão da Missa diz: “Como pela morte de vosso Filho nos destes esperar o que cremos, dai-nos, pela sua ressurreição, alcançar o que buscamos”. Estamos envolvidos no Mistério da Redenção. Por ele fazemos nossa Páscoa. A celebração de hoje tem dois momentos: a festiva entrada de Jesus saindo de Betfagé até Jerusalém. É uma celebração na qual refazemos espiritualmente aquele momento. O segundo é a Missa que tem o clima da Paixão. Nela lemos a narrativa de sua Paixão segundo Marcos. Podemos até dizer que começamos alegres, para encontrar, depois da dor da Paixão, a alegria da Páscoa. Retomamos a tensão da semana que Jesus viveu em Jerusalém. É curioso notar que a entrada de Jesus está direcionada à cidade, não só no sentido físico, mas espiritual, quando ele chora sobre ela dizendo: “Ah! Se nesse dia também tu conhecesses a mensagem da paz” (Lc 19,41). O sentido espiritual da procissão que fazemos é fazer com Jesus a caminhada do sofrimento para a ressurreição. Isso é já participar do Mistério Pascal de Jesus. Não colocamos ramos ou mantos sobre o caminho, mas colocamos os nossos corações para que Jesus possa entrar em nossa Jerusalém. 
Humilhou-se até a morte 
A primeira leitura e a carta de Paulo aos Filipenses descobre para nós a figura do Servo sofredor ao qual Jesus é identificado. Isaías descreve-o como um sofredor que não recusa o sofrimento. A figura profética do Servo lembra os sofrimentos de Jesus. Por que Jesus sofre? Esse hino de Filipenses, usado pela comunidade, reflete o sofrimento de Jesus que assume a forma de escravo – servo. A aniquilação de Jesus (kénosis – na linguagem da teologia) descreve sua pessoa no máximo de sua humanidade sofredora. Em Jesus, a virtude que o faz redentor é a humildade. Humano, igual a nós, humilhou-se a si mesmo, fazendo-se obediente até a morte e morte de cruz. Morte de cruz não é só a morte dada ao escravo, mas é também um sinal de maldição: “Aquele que é pendurado é um objeto da maldição divina” (Dt 21,23). Quando os chefes dizem: “Crucifica-o” (Mc 15,13), estavam dizendo que nem Deus O quer. Por isso Jesus vai clamar na cruz: “Meu Deus, Meu Deus, por que me abandonastes?” (Mc 15,34). Essa foi a maior humilhação para Jesus, pior que a dor. O salmo 21, que Jesus reza na cruz, descreve os sofrimentos da Paixão. 
Anunciarei vosso nome 
O salmo faz uma bela leitura desse momento doloroso de humilhação pelo qual Jesus passa. Em Jesus, e também em nós, o sofrimento não é o fim de tudo. O Deus que fere, cura as feridas (Jó 5,18). O salmo reza: “Anunciarei o vosso nome a meus irmãos e no meio da assembleia hei de louvar-vos” (Sl 21). O Mistério Pascal de Cristo continua no anúncio como já feito após a Ressurreição como Jesus diz: “Vá dizer a meus irmãos” (Jo 20,17). É um anúncio de Vida. A Ressurreição explica todo o sofrimento que Jesus teve que passar. Torna-se assim a garantia de tudo que passamos por seguir Jesus. O sofrimento jamais é sem sentido. Jesus deu o sentido ao inexplicável: A vida doada. O resultado depende de Deus. “O grão de trigo... se morrer, produz muito fruto” (Jo 12,24). 
Leituras: Marcos 11,1-10;Isaías 50,4-7;
Salmo 21; 
Filipenses 2,6-11;Marcos 15,1-39. 
1. O sentido espiritual da procissão é fazer a caminhada do sofrimento para a ressurreição. 
2. A aniquilação de Jesus descreve sua pessoa no máximo de sua humanidade sofredora. 
3. O sofrimento jamais é sem sentido. Jesus deu o sentido ao inexplicável. A vida doada. 
Uma festa sem convite 
Jesus mandou pegar um jumentinho que ninguém montara ainda. Devia ser novo e pequeno. E o povo faz festa. Não sabia o que estava acontecendo, mas estava bom. Tem até a lenda de que ele pensava que a festa era para ele. Depois, sozinho, ninguém ligou para ele. A festa era do povo que via em Jesus a esperança. Às vezes achamos que somos o centro. Penso que participar da festa de Jesus é estar feliz com Ele na festa dele. Não é dar uma de jumento, mas, que a gente leve Jesus por onde for, mesmo não entendendo o que Ele faz. Já está bom.

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