terça-feira, 22 de dezembro de 2020

REFLETINDO A PALAVRA - “Não vos falta nenhum dom”!

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
52 ANOS CONSAGRADO
45 ANOS SACERDOTE
Ah, se rompesses os céus e descesses!
(Is.63,19). O tempo do Advento chegou. É o tempo da vinda do Cristo. Tanto se fala de vinda que acabamos não esperando mais nada. Mas esta é certa, embora a hora seja incerta. A certeza da vinda alegra-nos. A incerteza da hora nos enriquece de esperança. O povo esperava, no tempo do profeta Isaias, uma mudança radical no seu mundo. Esperava-se que Deus tomasse uma atitude forte que fosse um espetáculo de mudança. Mas a espera faz conhecer que Ele já está no meio de nós. A espera dá-nos tempo de conhecer a nós mesmos e perceber a forte presença de Deus e a riqueza dos dons que recebemos dEle. 
Temos agora 4 semanas de Advento: Até o dia 16.12 celebramos a segunda vinda de Cristo e depois celebramos a preparação imediata à celebração de sua vinda na carne, seu nascimento e sua presença no meio de nós. O fim dos tempos, que chamamos de segunda vinda, não é algo distante de nós. É uma presença constante que cobra a vigilância que se chama perseverança. Ele diz que estaria conosco até o fim dos tempos. Quer dizer que a segunda vinda não é mais do que o estímulo ao cristão transformar sua vida numa constante vitória sobre os males e o bom uso de todos os dons que lhe são dados. 
A leitura de Isaias, capítulo 63, é uma proclamação da atenção de Deus para com seu povo: “Senhor, tu és nosso Pai, nosso redentor”! (Is 63,16). A palavra redentor,significa que Deus é responsável por cada um e tem o direito de defender o seu parente no sofrimento. “Não se ouviu dizer, jamais os olhos viram que um Deus, exceto tu, tenha feito tanto pelos que nele esperam” (Is 64,3). Esta redenção, como vemos na queixa do profeta, reclama de Deus o porquê deixou que o povo se extraviasse. Mas, Deus não é um distante esquecido “Vens ao encontro de quem pratica a justiça com alegria” (Is 64,4). Este reconhecimento de Deus leva a reconhecer também a condição de fragilidade e pecado em que o povo se encontra: “Nós nos tornamos imundície e todas as nossas obras são como um pano sujo. Murchamos todos como folhas, e nossas maldades empurram-nos como vento” (Is 64,5). O reconhecimento da fragilidade é o maior dom da graça, pois nos conduz a Ele. 
O tempo da espera é também o tempo da colheita das boas obras: “Dou graças a Deus a vosso respeito, por causa da graça que Deus vos concedeu em Cristo Jesus: Nele fostes enriquecidos em tudo, em toda palavra e em todo conhecimento, à medida que o testemunho de Cristo se confirmou entre vós. Não tendes falta de nenhum dom, vós que aguardais a revelação de Jesus Cristo” (1 Cor, 1,4-7). Deste modo podemos esperar: frágeis, mas enriquecidos da fé naquele que é nosso Pai e nosso Redentor. Preparemo-nos para o Natal na alegria e na fraternidade.
Nunca se ouviu dizer que um Deus se fizesse menino só para dizer que nos ama! 
(Leituras: Isaias 63,16-17.19;64,2-7; 
1 Coríntios 1,2-9; Marcos 13,33-37)
Homilia do 1º domingo do Advento
Em novembro de 2002

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