Evangelho segundo São Lucas 6,12-19.
Naqueles dias, Jesus subiu ao monte para rezar e passou a noite em oração a Deus.
Quando amanheceu, chamou os discípulos e escolheu doze entre eles, a quem deu o nome de apóstolos:
Simão, a quem deu também o nome de Pedro, e seu irmão André; Tiago e João; Filipe e Bartolomeu,
Mateus e Tomé; Tiago, filho de Alfeu, e Simão, chamado o Zelota;
Judas, irmão de Tiago, e Judas Iscariotes, que veio a ser o traidor.
Depois, desceu com eles do monte e deteve-Se num sítio plano, com numerosos discípulos e uma grande multidão de pessoas de toda a Judeia, de Jerusalém e do litoral de Tiro e de Sidónia.
Tinham vindo para ouvir Jesus e serem curados das suas doenças. Os que eram atormentados por espíritos impuros também ficavam curados.
Toda a multidão procurava tocar Jesus, porque saía dele uma força que a todos sarava.
Tradução litúrgica da Bíblia
Bento XVI
papa de 2005 a 2013
Audiência geral de 3/5/2006
(tradução © copyright
Libreria Editrice Vaticana),rev.
«Chamou os discípulos e
escolheu doze entre eles,
a quem deu o nome de apóstolos»
A Tradição Apostólica não é uma coleção de objetos e palavras, como uma caixa que contém coisas mortas; a Tradição é o rio da vida nova que vem das origens, de Cristo até nós, e nos envolve na história de Deus com a humanidade. Este tema da Tradição é de grande importância para a vida da Igreja.
O Concílio Vaticano II realçou, a este propósito, que a Tradição é apostólica antes de tudo nas suas origens: «Dispôs Deus, em toda a sua benignidade, que tudo quanto revelara para a salvação de todos os povos permanecesse íntegro para sempre e fosse transmitido a todas as gerações. Por isso, Cristo Senhor, em quem se consuma toda a revelação de Deus Sumo (cf 2Cor 1,30; 3,16; 4,6), mandou aos apóstolos que pregassem a todos os homens o Evangelho, como fonte de toda a verdade salutar e de toda a disciplina de costumes, comunicando-lhes os dons divinos» (Dei Verbum, 7).
O Concílio prossegue, anotando como tal empenho foi fielmente seguido «pelos apóstolos, que, pela sua pregação oral, os exemplos e as instituições, comunicaram aquilo que tinham recebido pela palavra, a convivência e as obras de Cristo, ou aprendido por inspiração do Espírito Santo» (ibid.). Com os apóstolos, acrescenta o Concílio, colaboraram «varões apostólicos, que, sob a inspiração do mesmo Espírito Santo, escreveram a mensagem da salvação» (ibid.).
Como chefes do Israel escatológico, também eles doze como doze eram as tribos do povo eleito, os apóstolos continuam a «colheita» iniciada pelo Senhor, e fazem-no antes de tudo transmitindo fielmente o dom recebido, a boa nova do Reino que veio até aos homens em Jesus Cristo. O seu número expressa, não só a continuidade com a santa raiz, o Israel das doze tribos, mas também o destino universal do seu ministério, que leva a salvação até aos confins da Terra. Isto pode ser captado apreciando o valor simbólico dos números no mundo semítico: doze resulta da multiplicação de três, o número perfeito, por quatro, número que remete para os quatro pontos cardeais, e portanto para todo o mundo.