domingo, 30 de agosto de 2020

Beata Teresa Bracco, Mártir da pureza – 29/30 de agosto

     Nasceu em 24 de fevereiro de 1924, penúltima de sete filhos, em Santa Giulia, no Piemonte, Itália. Seus pais, Ângela e Tiago Bracco, foram para ela um exemplo de fé e fortaleza cristã: em 1927 sepultaram em apenas três dias dois filhos de nove e quinze anos. Uma fé submetida ao cadinho da prova. Ângela abria todos os dias um grande livro de orações e aos domingos, após a missa, Tiago questionava as filhas mais velhas sobre a palavra ouvida e o sermão do padre.  No fim do dia, o próprio Tiago dirigia a oração do Rosário em família. O nome de Teresa ela recebera em honra da “pequena santa” de Lisieux, beatificada em 1923.
     Teresa só pôde frequentar até o quarto ano do primeiro grau, pois com o seu trabalho de pastorinha procurou contribuir para o sustento da família. Uma de suas companheiras da época testemunhou como ela sempre tentava trazer seu rebanho para onde Ginin estava (como era chamada Teresa na família). Por que? Porque Ginin sabia rezar o Rosário. Ela sempre estava com o terço e o seu trabalho diário era marcado pela alternância de Ave-Marias.
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     Teresa era uma jovem extremamente reservada, modesta, delicada no relacionamento com as pessoas, sempre pronta a dar a sua ajuda. E bela: dois grandes olhos escuros e aveludados sobressaíam num rosto sereno e pensativo, emoldurado por grandes tranças castanhas. Bela, mas sem qualquer vaidade. Sabia atrair a admiração respeitosa dos conterrâneos: “Uma garota assim, eu nunca tinha visto antes e jamais vi depois”, afirmou um deles. “Havia nela algo de diferente das demais garotas”, recorda uma amiga. “Era a melhor de nós todas”, confia sua irmã Ana.
     Ginin – como era chamada – sacrificava de boa vontade preciosas horas de sono para poder comungar. A igreja não ficava tão perto de sua casa, e a missa era ali celebrada ao alvorecer. Mesmo assim, Teresa jamais renunciava à Santa Missa, por nada no mundo. A Eucaristia, a devoção à Nossa Senhora e a espiritualidade das obrigações, eis o segredo da sua santidade.
     Na casa da família Bracco chegava regularmente o Boletim Salesiano. No número de agosto de 1933, destacava-se em primeiro plano o retrato do pequeno Domingos Sávio, cujas virtudes heroicas a Igreja acabava de reconhecer. Teresa cortou a terceira página que trazia a figura de Domingos Sávio; o menino era filho de camponeses, como ela, e na escola de Dom Bosco havia chegado ao exigente propósito: “A morte, mas não o pecado”. A pequena – tinha apenas nove anos – ficou fascinada por ele, e colocou a página na cabeceira da cama. Desde então, o mote de Domingos foi também seu. Declarou guerra ao pecado: “Antes, eu me deixo matar”, escreveu. E manteve o propósito.
     Na manhã do dia 28 de agosto de 1944, depois de assistir a Santa Missa, Teresa encontrou um carregamento de esterco preparado por sua irmã Maria para ir e espalhar no campo de Braia. Ela, portanto, partiu para o trabalho que a esperava, mas depois de um tempo a notícia da chegada de tropas alemãs em sua aldeia chegou até ela. Pensando então na mãe deixada sozinha no local (seu pai falecera há apenas dois meses), ela abandonou suas ferramentas de trabalho para correr para casa.
     Diante da investida nazista, mulheres e crianças encontraram refúgio no desfiladeiro Rocchezzo. Os alemães invadiram e sequestraram as mulheres mais jovens, incluindo Teresa, como espólios de guerra. Mas ela, por amor aos ensinamentos evangélicos recusa vigorosamente a se submeter aos desejos do oficial nazista que a levou consigo, e tenta escapar pela floresta, mas ele a alcança e, tomado pela fúria, a estrangula, depois disparou um tiro de pistola no coração. Não satisfeito com tal ferocidade, com sua bota chutou-a na têmpora esquerda até romper seu crânio. Seu corpo torturado foi encontrado na floresta dois dias depois, em atitude de defesa suprema de sua integridade física. Teresa tentara inicialmente fugir às atitudes brutais do soldado; depois, vendo a inutilidade de seus esforços, preferiu renunciar à vida a perder a virtude tão ciosamente conservada.
     Uma morte inútil, dizem. Ela poderia ter sobrevivido à violência, como as outras duas meninas, e retornado em segurança para sua família. Por que se opor ao mal tão fortemente? Mas, poucos meses após sua morte, falava-se de alguém que havia recebido benefícios pela intercessão de Teresa. A fama do seu martírio espalhou-se assim pelas paróquias vizinhas enquanto a vox populi a aclamava como a nova S. Maria Goretti de Langhe.
     O seu sacrifício não foi senão o último de uma vida inteiramente vivida pelo Evangelho. Toda a dinâmica do assassinato foi esclarecida pelo exame dos restos feitos em 10 de maio de 1989, sob a ordem do tribunal eclesiástico. João Paulo II beatificou-a em Turim no dia 24 de maio de 1998, memória de Maria Auxiliadora, durante sua peregrinação ao Santo Sudário.
     Sua data de culto foi colocada no Martirológio Romano em 29 de agosto, enquanto a diocese de Acqui Terme e a Região do Piemonte a recordam em 30 de agosto.
     Que testemunho significativo para as jovens gerações do terceiro milênio! Que mensagem de esperança para aqueles que se esforçam para ir contra a maré do espírito do mundo! Que dela aprendam a fé quotidianamente vivida, a intransigente consistência moral, a coragem de sacrificar, se necessário, também a própria vida, para não trair os valores que dão sentido à vida!
Panorama de Langhe
Fontes: santiebeati e Bollettino Salesiano, Março, 2004

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