segunda-feira, 24 de agosto de 2020

REFLETINDO A PALAVRA - “Não eram reis, talvez não fossem três”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
52 ANOS CONSAGRADO
45 ANOS SACERDOTE
Vieram Magos do Oriente. Assim diz a Bíblia. Não disse quantos eram ou se eram reis. Eram magos, estudiosos dos movimentos dos astros, homens da ciência. E quando são homens de verdadeira ciência, conhecem os caminhos de Deus. Conhecendo as profecias, sabiam daquela que dizia o profeta pagão Balaão: “Vejo, mas não agora, contemplo, mas não de perto: Um astro se levanta dos acampamentos de Jacó e se torna chefe” (Números, 24.17). Este astro não é aquele cometa que se coloca nos presépios, mas é o próprio Cristo. Os Magos seguiam uma estrela para encontrar a estrela viva, o sol vivo que ilumina todo homem que vem a este mundo. Eles seguiam a estrela. Quando viram novamente a estrela sentiram uma alegria muito grande. Quando entraram na casa, viram o Menino com Maria, sua mãe. Ajoelharam-se diante dele e o adoraram. Depois abriram seus cofres e ofereceram presentes: ouro incenso e mirra. 
O mundo jazia nas trevas, como diz o profeta Isaias a Jerusalém na primeira leitura. Ele conclama: Levanta-te Jerusalém porque chegou a tua luz. Esta luz é a presença do Senhor. Os povos caminham à tua luz. Levanta os olhos ao redor e vê: todos se reuniram e vieram a ti. Fala também dos que vem de longe trazendo ouro, incenso e mirra. O mundo em trevas vê uma luz. São Paulo diz, na carta aos Efésios, que ele recebeu a revelação de Deus e teve conhecimento do mistério: todos os povos são admitidos à mesma herança, como membros do mesmo corpo são associados à mesma promessa em Jesus Cristo por meio do Evangelho. Deus é Deus de todos. Cristo veio para todos. Por isso Paulo anuncia. 
A oferta de ouro, incenso e mirra significa que este Cristo que nasce, que eles adoram é o Senhor rei do universo a quem se oferece o outro. É Deus, a quem se oferece o incenso de adoração. Mas é também o homem das dores, que participa de nossas fraquezas, dores e morte, pois a mirra, que é uma resina, era usada para embalsamar cadáveres, servia de anestésico para a dor e é amarga. Esta é a resposta que podemos dar ao Menino que nos foi dado. Herodes recusou e quis matar. Os Magos acolheram, adoraram e voltaram por outro caminho. Não fizeram o jogo de Herodes, caindo na sua ideologia e seu pecado. 
A Igreja, nós os cristãos de todas as Igreja e denominações, não podemos nos fechar e achar que Cristo é nosso. Somos chamados a ser como Paulo: anunciar a todos. Chamar todos à luz de Cristo e não a nós. Faremos muito mal se assim o fizermos. Quem não é missionário de Cristo destrói o Cristo como Herodes quis fazer. O Cristo não pode ser feito a nosso modelo, mas nós devemos ser semelhantes a Ele. Eles não eram reis, não eram três, mas eram fiéis e de fé inteligente. 
(Leituras:Isaias60,1-6;Efésios3,2-3a.5-6;Mateus,2,1-12) 
Homilia da Epifania do Senhor (04.01.2002)

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