Juazeiro era apenas uma pequena aldeia, a três horas de cavalo da cidade do Crato, sede do município, com poucas casas e uma capelinha dedicada a Nossa Senhora das Dores. Foi ali, que em 1872, chegou um padrezinho jovem, de 28 anos de idade, formado em Seminário de linha tradicional, em Fortaleza. Sua liderança, seu zelo, sua linha religiosamente firme, mudaram as feições da vila. Era o Padre Cícero Romão Batista, natural do Crato, vizinha sede do município. Tudo andava bem, na simplicidade do trato do padre com o seu povo humilde, quando aconteceu um fato com a devota Maria de Araújo. Ao comungar (março de 1889), a hóstia colou-se na boca e verteu sangue. No começo, o Padre Cícero abafou o fenômeno quanto pode. Mas, o fato aconteceu em outras ocasiões e a noticia se espalhou, chegando aos ouvidos do bispo de Fortaleza, que mandou uma primeira comissão para investigar. A comissão concluiu que não havia explicação humana para o fenômeno. O bispo encomendou uma segunda e apressada comissão. Esta decretou que se tratava de invencionice de fanáticos. Os padres das cidades vizinhas, que deram apoio ao fenômeno, foram obrigados a se retratar. Os da primeira comissão foram punidos. E o padre Cícero foi suspenso de ordens, e proibido de celebrar missa e os sacramentos. O caso foi parar em Roma. Padre Cícero foi pessoalmente conversar com o Santo Padre e voltou mais confortado, porém, desconsiderado ainda pelas autoridades da Igreja. Lutou até o fim, na defesa de sua inocência. Faleceu no dia 20 de julho de 1934 aos 90 anos. Sua morte foi pranteada por todos. Sessenta mil pessoas acompanharam o cortejo fúnebre até a Igreja do Socorro, onde foi sepultado, ao lado de sua mãe, de sua irmã e da devota Maria de Araújo. Sua morte não foi a morte de Juazeiro. O fenômeno das romarias tem aumentado a cada ano. Sua vida e sua obra continuam atraindo a atenção de estudiosos de todo o mundo. Na virada do milênio, o Padre Cícero Romão Batista foi eleito “o cearense” do século.
PADRE CLÓVIS DE JESUS BOVO CSsR
Vice-Postulador da Causa
Venerável Padre Pelágio Sauter CSsR
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