Iniciamos,
no artigo 1777, uma reflexão sobre a espiritualidade e santidade a partir do
ensinamento do Papa Francisco chamado “Alegrai-vos e exultai” (Gaudete et
exsultate). É um documento muito claro, simples e instrutivo. Vamos ler juntos
essa maravilha. No primeiro capítulo fala-nos sobre a chamada à santidade. E
reconhece que a santidade existe. Podemos dizer que “estamos circundados,
conduzidos e guiados pelos amigos de Deus”.
Como somos um corpo que tem como os membros que já estão no Paraíso, os
que estão na terra e os que estão no Purgatório. Esse é o Corpo cuja cabeça é
Cristo. Por isso estamos em permanente união com os santos. Da parte de Deus
somos todos santos, pois estamos unidos a Cristo, o “Santo de Deus”. Essa união
com os santos é uma realidade necessária, uma vez que estamos unidos a eles. E
diz o Papa, citando Papa Bento XVI: “Não devo carregar sozinho o que, na realidade,
nunca poderia carregar sozinho. Os numerosos santos de Deus protegem-me,
amparam-me e guiam-me” (GE 3). Os que já chegaram à
presença de Deus, os santos, mantêm conosco laços de amor e comunhão (GE 4). Essa comunhão é a garantia que temos que a santidade existe e que
participamos dela em qualquer condição que estejamos. Posso ser pecador, mas
não excluído da força desse mistério de Deus do qual participa todo Corpo de
Cristo. Os santos estão conosco em nossas dificuldades, também espirituais. Quando
um corpo tem algo doente, todo o organismo se volta para recuperá-lo. Assim
também é no corpo espiritual. Ninguém sofre sozinho. Todos estão unidos a ele. A
santidade do Corpo de Cristo cura nossas feridas.
1780. Vida doada
Papa Francisco
deu-nos mais um critério de santidade. Reconhece o que nos ensina a prática da
Igreja sobre o grau de virtudes necessárias para ser reconhecido como santo,
seja na prática das virtudes seja o martírio. Mas coloca mais um aspecto que
não era levado em conta: A doação da vida no dia a dia: “Nos processos de
beatificação e canonização, tomam-se em consideração os sinais de heroicidade
na prática das virtudes, o sacrifício da vida no martírio e também os casos em
que se verificaram o oferecimento da própria vida pelos outros, mantido até à
morte. Esta doação manifesta uma imitação exemplar de Cristo, e é digna da
admiração dos fiéis
(GE 5). A dedicação a uma causa ou a pessoas,
como no caso de pessoas doentes ou necessitadas, ou um trabalho social, é um
critério muito válido para os processos de beatificação ou canonização. Na
verdade é a caridade extrema de uma vida que se doa. Aqui encontramos até
dentro de nossas famílias aquele ou aquela que tudo deixou para estar com os
pais ou outras pessoas. A causa, mesmo sendo humana, é Divina, pois o amor é
sempre Divino.
1781. Ninguém se salva sozinho.
Temos a impressão que
santidade é um problema pessoal. Diz o Papa: “O Espírito Santo derrama a
santidade, por toda a parte, no santo povo fiel de Deus, porque ‘aprouve a Deus
salvar e santificar os homens, não individualmente’. O Senhor, na história da
salvação, salvou um povo. Não há identidade plena, sem que pertença a um povo.
Por isso, ninguém
se salva sozinho, como indivíduo isolado, mas Deus
atrai-nos tendo em conta a complexa rede de relações interpessoais que se
estabelecem na comunidade humana: Deus quis entrar na dinâmica dum povo"(GE 6). A vida da comunidade é o seio no qual
cresce a santidade. Não podemos ter a santidade como algo totalmente pessoal.
Vemos nos santos sua participação na vida do povo. Temos que fazer o caminho
juntos.
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