PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA REDENTORISTA 50 ANOS CONSAGRADO |
Anunciar sem perder
O enriquecimento da comunicação
atual trouxe para dentro de nossa casa o mundo que era distante. Pregamos o mesmo evangelho pregado pelos apóstolos
com os meios atuais. O Papa Francisco alerta para alguns riscos: “algumas
questões fundamentais que fazem parte da doutrina moral da Igreja e ficam fora
do contexto que lhes dá sentido. Pior quando os aspectos secundários por si só
não manifestam o núcleo da mensagem de Cristo” (EG 34). A velocidade
da comunicação pode não favorecer chegar ao mais importante do Evangelho
ficando somente em aspectos secundários. O anúncio deve ir ao conteúdo que é a
transformação da pessoa em uma nova criatura. Não basta apresentar somente frases
bonitas de autoajuda, slogans, imagens que comovem, mas não movem. Tudo é muito
bom, mas não é completo. O que mais assusta é o desconhecimento de pontos
básicos e fundamentais da doutrina da Igreja. O povo não foi bem catequizado. Por
isso mesmo não se pode exigir um conhecimento que não receberam nem dar por
suposto o conhecimento da doutrina. Urge então ir ao coração do Evangelho que é a beleza do amor salvífico de Deus
manifestado em Jesus Cristo, morto e ressuscitado (EG
16).
As verdades da fé e da moral estão unidas e conduzem ao essencial. Jesus resume
todo seu ensinamento no amor. Não é uma conversa mole para amaciar o coração,
mas tem em Jesus e em sua entrega na cruz o ponto central que dá sentido a tudo
mais. É bom saber de cor (significa coração) a doutrina, mas é necessário
levá-la ao coração. S. Paulo insiste no fundamental que é “a fé que age pelo
amor” (Gl 5,6). A fé e o amor estão intimamente
unidos, se complementam e se explicam.
Misericórdia é amor
Santo Tomás
explica esse fundamento da fé: “O elemento principal da Nova Lei é a graça do
Espírito Santo que se manifesta através da fé que opera pelo amor”. O nome do
amor é misericórdia. Ela é a maior das virtudes. Ela é o primeiro culto, pois é
o que mais agrada a Deus, uma vez que garante o bem ao próximo (Idem). Vivemos uma
religião egoísta e intimista. Pensamos só em nós, quando o verdadeiro bem é
pensar nos outros. O Papa Francisco continua afirmando que esta é a atitude de
quem é superior. Como estamos no lugar de Deus, o poder que nos foi dado é usar
seu poder de misericórdia e não de dominação. É poder de debruçar-se sobre os
outros. Lembramos a parábola do bom samaritano: “Quem foi o próximo do homem
que caiu nas mãos dos bandidos? Aquele que usou de misericórdia (Lc
10,37).
A conclusão da parábola é mais clara: “Vai, e faze o mesmo”.
Anúncio vivido
A transmissão da Palavra exige uma
proporção, isto é, percorrer os diversos temas da doutrina. A formação do povo
de Deus exige mais dos evangelizadores. Estamos mal de pregação. É necessário mais
conteúdo. Essa parte, reservada em particular aos padres e bispos, necessita de
maior atenção. Há muitos que reclamam que não levam nada da celebração. Também
o pregador deve ser ouvinte da Palavra, não somente um transmissor. Somos os
primeiros ouvintes da Palavra. O Papa encerra o texto: “Não podemos pregar
ideologias, pois a mensagem correrá o risco de perder o seu frescor e já não
ter o “perfume do Evangelho” (EG 39). Há ideologias
de esquerda e também de direita. Podemos ter certeza que conseguiremos anunciar
quando acreditamos em Cristo com a fé de discípulo. Se anunciarmos o coração do
Evangelho, poderemos garantir a força do anúncio vivido.
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