“O
Espírito é que dá vida, a carne de não adianta nada. As palavras que vos falei
são espírito e vida” (Jo
6,63). Ao completar seu discurso sobre o Pão da Vida que culmina na
frase que escandalizou todos, pois se tratava de comer sua carne e beber seu
sangue para ter união com Ele. Mesmo os discípulos estavam desconcertados.
Jesus não diminui a força de seu ensinamento e diz aos poucos que sobraram com
Ele: “Vós também não quereis ir embora?” Jesus não diminui seu ensinamento para
agradar. O mesmo fizera Josué propondo ao povo uma escolha: ou voltar aos
deuses dos antigos pais da Mesopotâmia ou da população do país, ou ao Senhor?
Não obriga, mesmo dizendo que ele e sua família serviriam o Senhor (Js 24,15-17). É uma
questão de vida. Seguir o Senhor é optar pelo que Ele propõe. Não se trata de
mudança de doutrina para agradar. Deus oferece a vida e não escravidão, como é
a proposta possível de voltar ao Egito. A tentação de voltar atrás é permanente
em nossa vida. A proposta de Jesus ao dizer que crer Nele é ter a vida eterna.
Comer sua carne e beber seu sangue é ter a vida eterna. Alimentar-se de sua
Palavra e alimentar-se de sua Carne é a mesma coisa. A fé que dá a Vida se
sustenta com o alimento que dá a vida. Eucaristia, que é a finalidade das
palavras de João, não é somente receber um pão como símbolo, é unir-se a uma
Pessoa que dá sua Vida. É uma opção e deve penetrar todos os seguimentos da
vida, como o fez Jesus
Para
onde iremos?
Os
discípulos de Jesus disseram: “Esta palavra é dura, quem pode suportar?” (Jo 6,60).
Os
apóstolos igualmente ficaram desapontados. E Jesus não entrega sua doutrina
pelo aplauso. A proposta é definitiva. Como Josué toma uma posição, Pedro faz
mais uma profissão de fé na pessoa de Jesus: “A quem iremos, Senhor? Tu tens
palavras de vida eterna. Nós cremos firmemente e reconhecemos que Tu és o Santo
de Deus” (Jo 6,69).
A palavra de Jesus quer conduzir os discípulos a uma decisão definitiva por
Ele, mesmo correndo os riscos de, como Ele, serem recusados na comunidade. A
Eucaristia, no ensinamento de João é um ato definitivo. Ou creio ou me retiro.
Não podemos, diante dela, ficar amorfos, sem vida e sem opção. É o que vemos
nas missas dominicais. A Missa não os modifica. Pior que negar é não tomar
conhecimento da verdade ali presente. A presença de Jesus como pão e vinho não
nos impressiona. Na verdade, não sabemos o que estamos fazendo. Somente depois
que fazemos a escolha por Jesus, podemos entender melhor o Sacramento que nos é
oferecido. Ele modifica nossa vida. Não podemos nos deixar levar pelo
minimalismo religioso de estar na igreja e não sermos Igreja dos que creem em
Jesus. Por isso tanto abuso. A Eucaristia não são só ritos. É Vida Eterna.
Um
projeto de amor
O
texto de Paulo aos Efésios não foi escrito como explicação do texto do Evangelho,
mas podemos refletir que a família, o matrimônio cristão, é a célula que traz
em si a opção por Jesus e a recusa de seguir outros deuses, pois amor de
dedicação e entrega só se encontra no Deus de Jesus, na Trindade, simbolizada
também na terra prometida. Mesmo que o texto tenha uma conotação diferente da
nossa, podemos entender que Paulo insiste que cada um viva para o outro, usando
os termos: “ser solícito” um para com o outro. Usa a comparação Cristo e
Igreja. O amor de Cristo por sua Igreja é uma opção total a ponto de dar a
vida. A Igreja é solicita por Cristo dando-lhe tudo de si.
Leituras: Josué 24,1-2ª.15-17.18b;Salmo 33;Efésios 5,21-32; João
6,60-69.
1. Jesus
como também, Josué pede uma resposta de opção vital.
2. A
escolha de Jesus nos direciona também na opção sacramental.
3. O
matrimônio realiza e exemplifica a opção por Cristo.
Jesus, corda curta
Esse
texto do evangelho no qual Jesus não aceita que se creia pela metade. Não em
doutrina de compromisso. Não aceita a frase que muitos dizem: Sou católico, mas
não aceito tudo. Negar uma verdade é negar Aquele que a ensinou. Trata-se de
doutrina, não de coisas exteriores.
Diante
da posição de alguns que se afastaram por não aceitarem a proposta de comer sua
carne e beber seu sangue, o que era totalmente novo para eles. Jesus não recua. Isso era vital. Crer Nele é ter a vida
eterna. Comer sua carne e beber seu sangue é ter a vida. Ele não precisa e nem
quer quem negue essa verdade. Prefere ficar sozinho. Mas não arreda pé de sua
verdade.
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