domingo, 26 de agosto de 2018

Homilia do 21º Domingo Comum (26.08.18)

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
50 ANOS CONSAGRADO
“Provai e vede” 
Uma proposta de vida
            O Espírito é que dá vida, a carne de não adianta nada. As palavras que vos falei são espírito e vida” (Jo 6,63). Ao completar seu discurso sobre o Pão da Vida que culmina na frase que escandalizou todos, pois se tratava de comer sua carne e beber seu sangue para ter união com Ele. Mesmo os discípulos estavam desconcertados. Jesus não diminui a força de seu ensinamento e diz aos poucos que sobraram com Ele: “Vós também não quereis ir embora?” Jesus não diminui seu ensinamento para agradar. O mesmo fizera Josué propondo ao povo uma escolha: ou voltar aos deuses dos antigos pais da Mesopotâmia ou da população do país, ou ao Senhor? Não obriga, mesmo dizendo que ele e sua família serviriam o Senhor (Js 24,15-17). É uma questão de vida. Seguir o Senhor é optar pelo que Ele propõe. Não se trata de mudança de doutrina para agradar. Deus oferece a vida e não escravidão, como é a proposta possível de voltar ao Egito. A tentação de voltar atrás é permanente em nossa vida. A proposta de Jesus ao dizer que crer Nele é ter a vida eterna. Comer sua carne e beber seu sangue é ter a vida eterna. Alimentar-se de sua Palavra e alimentar-se de sua Carne é a mesma coisa. A fé que dá a Vida se sustenta com o alimento que dá a vida. Eucaristia, que é a finalidade das palavras de João, não é somente receber um pão como símbolo, é unir-se a uma Pessoa que dá sua Vida. É uma opção e deve penetrar todos os seguimentos da vida, como o fez Jesus
Para onde iremos?
            Os discípulos de Jesus disseram: “Esta palavra é dura, quem pode suportar?” (Jo 6,60).
Os apóstolos igualmente ficaram desapontados. E Jesus não entrega sua doutrina pelo aplauso. A proposta é definitiva. Como Josué toma uma posição, Pedro faz mais uma profissão de fé na pessoa de Jesus: “A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna. Nós cremos firmemente e reconhecemos que Tu és o Santo de Deus” (Jo 6,69). A palavra de Jesus quer conduzir os discípulos a uma decisão definitiva por Ele, mesmo correndo os riscos de, como Ele, serem recusados na comunidade. A Eucaristia, no ensinamento de João é um ato definitivo. Ou creio ou me retiro. Não podemos, diante dela, ficar amorfos, sem vida e sem opção. É o que vemos nas missas dominicais. A Missa não os modifica. Pior que negar é não tomar conhecimento da verdade ali presente. A presença de Jesus como pão e vinho não nos impressiona. Na verdade, não sabemos o que estamos fazendo. Somente depois que fazemos a escolha por Jesus, podemos entender melhor o Sacramento que nos é oferecido. Ele modifica nossa vida. Não podemos nos deixar levar pelo minimalismo religioso de estar na igreja e não sermos Igreja dos que creem em Jesus. Por isso tanto abuso. A Eucaristia não são só ritos. É Vida Eterna.
Um projeto de amor
            O texto de Paulo aos Efésios não foi escrito como explicação do texto do Evangelho, mas podemos refletir que a família, o matrimônio cristão, é a célula que traz em si a opção por Jesus e a recusa de seguir outros deuses, pois amor de dedicação e entrega só se encontra no Deus de Jesus, na Trindade, simbolizada também na terra prometida. Mesmo que o texto tenha uma conotação diferente da nossa, podemos entender que Paulo insiste que cada um viva para o outro, usando os termos: “ser solícito” um para com o outro. Usa a comparação Cristo e Igreja. O amor de Cristo por sua Igreja é uma opção total a ponto de dar a vida. A Igreja é solicita por Cristo dando-lhe tudo de si.
Leituras: Josué 24,1-2ª.15-17.18b;Salmo 33;Efésios 5,21-32; João 6,60-69.           
1.  Jesus como também, Josué pede uma resposta de opção vital.
2.  A escolha de Jesus nos direciona também na opção sacramental.
3.  O matrimônio realiza e exemplifica a opção por Cristo. 
Jesus, corda curta 
Esse texto do evangelho no qual Jesus não aceita que se creia pela metade. Não em doutrina de compromisso. Não aceita a frase que muitos dizem: Sou católico, mas não aceito tudo. Negar uma verdade é negar Aquele que a ensinou. Trata-se de doutrina, não de coisas exteriores.
Diante da posição de alguns que se afastaram por não aceitarem a proposta de comer sua carne e beber seu sangue, o que era totalmente novo para eles. Jesus não recua.  Isso era vital. Crer Nele é ter a vida eterna. Comer sua carne e beber seu sangue é ter a vida. Ele não precisa e nem quer quem negue essa verdade. Prefere ficar sozinho. Mas não arreda pé de sua verdade.

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