Santo
é aquele que vive a espiritualidade, isto é, o caminho ensinado por Jesus. Já no Antigo Testamento lemos a
preocupação com a espiritualidade: “Sede santos, porque Eu sou santo, diz o
Senhor” (Lv 11,44). A
Palavra insiste em sermos justos, vivendo na santidade. Jesus ensina: “Sede
perfeitos como vosso Pai celeste é perfeito” (Mt 5,48). Seu Evangelho é o caminho de santidade. Nele há
tudo que precisamos para realizar a santidade em nossa vida. Os apóstolos
aprenderam de Sua vida e Sua Palavra. As epístolas dão orientações claras para
fazermos este caminho. A comunidade primitiva é um testemunho. Nos primeiros três séculos, santo era o
mártir que deu a vida por Jesus. Quando acalmaram as perseguições, os cristãos criaram
um novo modo de espiritualidade vivendo nos desertos. Ali venciam o mal e se
dedicavam à oração. Eram os monges. Os leigos viviam a espiritualidade como os
monges. Deste modo não temos uma
espiritualidade para o leigo, para o povo que vive a luta do dia a dia. A
maioria dos santos são padres, freiras e bispos. No século XIII, S. Tomás de
Aquino retomou o ensinamento de Jesus dizendo que a espiritualidade se constrói
no amor. S. Francisco de Sales (s.XVI) ensinou
que os leigos, nas diversas situações em que vivem, podem ser santos. S. Afonso
afirma que todos podem ser santos, cada um em sua condição de vida. Mas, houve
um teólogo bispo que ensinou que é muito difícil ir para o Céu. Isso prejudicou
muito o povo. O Concílio redescobriu a
vocação do leigo, como vocação primeira na Igreja.
1280.
Como entender a espiritualidade hoje?
O relacionamento com Deus e com os outros é um tesouro.
A espiritualidade é o encontro com Deus que já nos conquistou (Fl 2,12). A abertura a Deus se faz com totalidade, aceitando
nossas fragilidades. A seguir,
sabemos que a espiritualidade não é individualista. Cada um é responsável pela
própria salvação, mas essa se faz na comunidade. Jesus diz: “Quem ama a Deus,
ame seu irmão” (1Jo 4,21).Os
santos primaram pelo amor aos necessitados. O amor a Deus e ao próximo deve ser
com todo o coração, com toda a alma e com toda a inteligência (Dt 6,3
–Mt 22,37). O amor vai até à última
consequência. Esse amor de dar moedinhas é doril para consciência que não
assume a caridade.
1281.
Tudo pelo amor!
Espiritualidade não é tirar a pessoa do mundo. Nós
nos santificamos como pessoas. A santidade inclui a inteligência, os
sentimentos, o corpo, o relacionamento com as pessoas, a afetividade, os
prazeres da vida, a família e o ambiente em que vivemos. Aqui vemos o risco de
uma espiritualidade que não envolve a pessoa inteira e fica só em rezas ou
reflexões. O corpo humano foi considerado causa de pecado. A sexualidade foi
vista só sob o prisma do pecado e não sob a bondade de Deus que assim nos fez
para que o amor fosse total. O casal se santifica em seu relacionamento de
amor. Nossa carne é necessária para a espiritualidade. Todas as paixões são
boas. Basta orientar-nos no amor que Jesus nos ensinou. Como vamos orientar?
Pela Palavra de Deus que nos anima e orienta. Temos a força de Cristo que
recebemos nos sacramentos. A Eucaristia, Corpo e Sangue de Cristo nos
fortalecem e põem em contato com Jesus que foi gente como nós. Na comunidade
colocamos nossos dons a serviço. Temos o mundo maravilhoso em que moramos e
pelo qual podemos chegar a Deus, como nos escreve Paulo (Rm 1,20). O mundo nos leva a Deus. A espiritualidade não é
um momento de oração, mas uma vida na qual buscamos a Deus com a totalidade de
nosso ser para amar e servir totalmente aos irmãos.
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