quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

REFLETINDO A PALAVRA - “Espiritualidade caminho de todos”

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
1279. História da Espiritualidade    
            Santo é aquele que vive a espiritualidade, isto é, o caminho ensinado por Jesus. Já no Antigo Testamento lemos a preocupação com a espiritualidade: “Sede santos, porque Eu sou santo, diz o Senhor” (Lv 11,44). A Palavra insiste em sermos justos, vivendo na santidade. Jesus ensina: “Sede perfeitos como vosso Pai celeste é perfeito” (Mt 5,48). Seu Evangelho é o caminho de santidade. Nele há tudo que precisamos para realizar a santidade em nossa vida. Os apóstolos aprenderam de Sua vida e Sua Palavra. As epístolas dão orientações claras para fazermos este caminho. A comunidade primitiva é um testemunho. Nos primeiros três séculos, santo era o mártir que deu a vida por Jesus. Quando acalmaram as perseguições, os cristãos criaram um novo modo de espiritualidade vivendo nos desertos. Ali venciam o mal e se dedicavam à oração. Eram os monges. Os leigos viviam a espiritualidade como os monges. Deste modo não temos uma espiritualidade para o leigo, para o povo que vive a luta do dia a dia. A maioria dos santos são padres, freiras e bispos. No século XIII, S. Tomás de Aquino retomou o ensinamento de Jesus dizendo que a espiritualidade se constrói no amor. S. Francisco de Sales (s.XVI) ensinou que os leigos, nas diversas situações em que vivem, podem ser santos. S. Afonso afirma que todos podem ser santos, cada um em sua condição de vida. Mas, houve um teólogo bispo que ensinou que é muito difícil ir para o Céu. Isso prejudicou muito o povo.  O Concílio redescobriu a vocação do leigo, como vocação primeira na Igreja.
1280. Como entender a espiritualidade hoje?
O relacionamento com Deus e com os outros é um tesouro. A espiritualidade é o encontro com Deus que já nos conquistou (Fl 2,12). A abertura a Deus se faz com totalidade, aceitando nossas fragilidades. A seguir, sabemos que a espiritualidade não é individualista. Cada um é responsável pela própria salvação, mas essa se faz na comunidade. Jesus diz: “Quem ama a Deus, ame seu irmão” (1Jo 4,21).Os santos primaram pelo amor aos necessitados. O amor a Deus e ao próximo deve ser com todo o coração, com toda a alma e com toda a inteligência (Dt 6,3 –Mt 22,37). O amor vai até à última consequência. Esse amor de dar moedinhas é doril para consciência que não assume a caridade.
1281. Tudo pelo amor!
Espiritualidade não é tirar a pessoa do mundo. Nós nos santificamos como pessoas. A santidade inclui a inteligência, os sentimentos, o corpo, o relacionamento com as pessoas, a afetividade, os prazeres da vida, a família e o ambiente em que vivemos. Aqui vemos o risco de uma espiritualidade que não envolve a pessoa inteira e fica só em rezas ou reflexões. O corpo humano foi considerado causa de pecado. A sexualidade foi vista só sob o prisma do pecado e não sob a bondade de Deus que assim nos fez para que o amor fosse total. O casal se santifica em seu relacionamento de amor. Nossa carne é necessária para a espiritualidade. Todas as paixões são boas. Basta orientar-nos no amor que Jesus nos ensinou. Como vamos orientar? Pela Palavra de Deus que nos anima e orienta. Temos a força de Cristo que recebemos nos sacramentos. A Eucaristia, Corpo e Sangue de Cristo nos fortalecem e põem em contato com Jesus que foi gente como nós. Na comunidade colocamos nossos dons a serviço. Temos o mundo maravilhoso em que moramos e pelo qual podemos chegar a Deus, como nos escreve Paulo (Rm 1,20). O mundo nos leva a Deus. A espiritualidade não é um momento de oração, mas uma vida na qual buscamos a Deus com a totalidade de nosso ser para amar e servir totalmente aos irmãos.

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