Ser
profeta em tempos maus
A
pregação de Jesus provocava grande admiração no povo. Ele via Nele um profeta e
um mestre diferente do modelo ao qual já estavam habituados a ver nas
sinagogas. O poder que Jesus demonstrava não estar apenas em seus milagres e no
choque com os demônios, como nos diz Marcos. O que impressionava era o modo
como ensinava. Jesus continua a vida da sinagoga num ritmo novo, buscando na
Palavra de Deus sustento para a vida do povo. Não ficava repetindo frases
feitas e tradições inúteis, aquelas que muito O irritavam. Ele é profeta. Havia
um ensinamento que vinha do Deuteronômio (18,15), sobre um profeta como Moisés. Esse
seria o Profeta e não simplesmente um profeta a mais. Vimos nos textos sobre
João Batista que lhe perguntaram se ele não seria o Profeta. “Ele disse: Não!” (Jo 1,20). Ensinar com autoridade não era uma questão de poder,
mas de densidade de pregação que nascia de seu interior no contato com a
Palavra e com o Autor dessa Palavra. Jesus, homem que buscava o Pai, tinha na
sua oração a capacidade de acolher as palavras do coração do Pai. Os tempos são
maus em todos os tempos, pois o mal faz seus discípulos e impõe ao mundo suas
maldades. A força profética de Jesus é descartar esse poder, que diziam ser
possessão do demônio. Marcos mostra a vitória de Jesus contra o mal. O demônio
o chama de Santo de Deus. Diante do Bem, o mal confessa sua inutilidade. Iniciando
o novo tempo litúrgico somos convocados a seguir o Profeta Jesus.
Não
fecheis o vosso coração
Pela abertura do coração à Palavra
de Deus podemos tirar o mal, o demônio, do caminho da fé. A tentação está
presente na vida do homem e da mulher desde o início da humanidade. Deus não
nos fez bonecos que Ele molda sem nossa participação. Deus quer que O
escolhamos, que abramos nosso coração a sua presença e a sua graça salvadora. O
mal nos faz escravos; a graça nos torna livres. Deus não se impõe, propõe. Diante
do anúncio dado pelo profeta Jesus, somos convidados a abrir o coração: “Oxalá
ouvísseis hoje a sua voz: ‘Não fecheis os corações como em Meriba’” (Sl 94). Jesus não vai
tirar nossos “demônios” com gritos, mas com nossa colaboração de fé. Não
busquemos milagres em nossa vida cristã. O grande milagre é ouvir a Palavra e
converter nosso coração mudando nossas vidas a partir da Palavra de Jesus. Seu
ensinamento movia os corações. Quem procura ser profeta de Jesus, anunciador de
sua Palavra e Vida, tem que ser coerente. É triste ver os cristãos com vida
dupla. Uma coisa na Igreja e outra na rua.
Equilíbrio,
fé e vida
A
vida de fé exige sempre uma vida coerente. Paulo, na carta aos Coríntios (2Cor 7,32-35) coloca
uma questão difícil. Os cristãos esperavam a volta de Cristo ainda naquela
geração. Jesus deixara algumas questões que levavam a esse pensamento. Então,
por que se casar e não aproveitar para preparar a vinda do Senhor? O casamento
exige muita preocupação e ocupação para viver bem casado. Nem por isso é contra
o casamento e a vida afetiva. Queria que fossem como ele dedicados ao Senhor.
Podemos entender o ensinamento de Paulo na sua totalidade: em qualquer
circunstância da vida que escolhamos, vivamos para o Senhor na caridade como
nos vai indicar em outros textos. A caridade será sempre a raiz de todos os
bens. Podemos também lembrar que toda vocação pode realizar plenamente o
Evangelho em nossa vida.
Leituras: Deuteronômio 18,15-20; Salmo 94; 1Coríntios 7,32-35; Marcos
1,21-28.
1. Jesus
é um profeta a ser ouvido não pelos seus milagres, mas por sua palavra.
2.
É preciso ter um coração aberto para acolher.
3.
A vida humana, vivida cristamente, é um caminho
completo para a salvação.
Xô Satanás.
Jesus aprontava umas boas e bonitas.
Havia na sinagoga um homem com um espírito mau que começa a provocar Jesus. Com
duas palavras Ele manda o espírito embora. Isso tem que ser entendido como um
homem mau que provocava Jesus. A pregação de Jesus foi suficiente para transformar
o homem.
O povo se deliciava com as palavras
de Jesus, pois tinham conteúdo humano e Divino. Isso faz dele o Profeta
prometido. Jesus não está concorrendo com o mal. Ele é o Senhor da vida e dos
corações.
Paulo, que era solteiro, acha que sua
atitude é o melhor modo de esperar a vinda de Cristo que estava próxima. Mas
ele mesmo reconhece que, vivendo bem em qualquer estado de vida, estamos na
espera do Senhor.
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