Evangelho segundo S. Marcos 12,13-17.
Naquele
tempo, foram enviados a Jesus alguns fariseus e partidários de Herodes para O
surpreenderem no que dissesse. Aproximaram-se e disseram: «Mestre, sabemos
que és sincero e não Te deixas influenciar por ninguém, pois não fazes aceção de
pessoas, mas ensinas com sinceridade o caminho de Deus. É lícito ou não pagar o
tributo a César? Devemos pagar ou não?».
Mas Jesus, conhecendo a sua
hipocrisia, respondeu-lhes: «Porque Me armais esse laço? Trazei-Me um denário
para Eu ver». Eles trouxeram-no e Jesus perguntou-lhes: «De quem é esta
imagem e esta inscrição?». Eles responderam: «De César». Então Jesus
disse-lhes: «Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus». E eles
ficaram muito admirados com Jesus.
Tradução litúrgica da
Bíblia
Comentário do dia:
Santo Atanásio (295-373),
bispo de Alexandria, doutor da Igreja
Sobre a Encarnação do Verbo, 13
Dado que os homens se tornaram insensatos e
que o engano dos demónios lançou sobre eles uma sombra que escondeu o
conhecimento do verdadeiro Deus, o que haveria Deus de fazer? Calar-Se perante
uma situação destas? Aceitar que os homens se extraviassem e não O conhecessem?
[...] Deus não podia permitir que as suas criaturas se extraviassem para longe
dele e fossem sujeitas ao nada, sobretudo se este extravio se tornasse para eles
causa de ruína e perdição, quando os seres que participaram na imagem de Deus
(Gn 1,26) não devem perecer. Que é pois necessário que Deus faça? Que fazer,
senão renovar neles a sua imagem, a fim de que os homens possam de novo
conhecê-lo?
Mas como fazer isto, a não ser pela presença da imagem do
próprio Deus (Col 1,15), o nosso Salvador Jesus Cristo? Tal não é realizável
pelos homens, porque eles não são a imagem, mas criados segundo a imagem; também
não é realizável pelos anjos, porque nem eles são imagens. Foi por isso que o
Verbo de Deus, Ele que é a imagem do Pai, veio até nós, a fim de estar em
condições de restaurar a imagem no fundo do ser dos homens. Por outro lado, tal
não poderia produzir-se se a morte e a degradação que a segue não fossem
destruídas. Foi por isso que Ele tomou um corpo mortal, a fim de poder destruir
a morte e restaurar os homens, feitos à imagem de Deus. Assim, pois, a imagem do
Pai, o seu santíssimo Filho, veio até nós para renovar o homem feito à sua
semelhança e para vir ao encontro dele, que estava perdido, oferecendo-lhe a
remissão dos seus pecados, como Ele próprio disse: «Eu vim procurar e salvar o
que estava perdido» (Lc 19,10).
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