PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
774. Tudo começa aqui
A
temática da Ressurreição é um desafio espiritual para cristianismo. Para os que
crêem em Jesus, este acontecimento é o núcleo da fé. “Se Cristo não ressuscitou
é vã nossa fé” (1Cor
15,14), escreve S. Paulo. Uma fé que não se funda na Ressurreição não
tem razão de ser. Nós vivemos na superfície. Por isso não temos consistência
espiritual. Somos piedosos e podemos até fazer milagres, mas falta o impulso
fundamental que justifique nossa vida. Na verdade as igrejas cristãs perderam
esse impulso fundamental. Isso pode prejudicar a maneira de viver a fé. Certo
que não destrói a força da Ressurreição, pois Jesus é maior que nossas
fraquezas. O que ocorreu foi que, na dificuldade de apresentar a verdade da
Ressurreição, optou-se pela piedade popular no culto aos santos e na devoção
aos acontecimentos humanos de Jesus ou a busca do milagre para uma construção
de uma vida sem dor ou problemas. A verdade fundamental da Ressurreição, tem
que permanecer como base de toda a vida cristã. Sem isso, corremos o risco de
deixar a fonte de lado e buscar cisternas rachadas que não retém água. A Igreja
nasce da Ressurreição de Jesus dos mortos. Há uma comunhão entre a Igreja e
Cristo na sua Ressurreição. Quando dizemos Igreja, dizemos todos nós. A vitória
de Jesus sobre a morte dá a todo o universo a vida que o mal do pecado lhe
tirou. A partir daquele momento a vida dos discípulos tomou novo rumo. Eles
viram o Senhor glorioso. Eles nos transmitiram esta realidade e nós
acreditamos.
775. Vida na Ressurreição
A
vida do povo de Deus se funda na Ressurreição. Toda e qualquer atividade
espiritual tem sentido na medida que está unida a este momento de Jesus. Por
isso, pelo Batismo, nós participamos da Morte e Ressurreição de Jesus. Através
da Palavra, dos símbolos e dos ritos, realizamos
externamente a verdade que ocorre internamente. A Eucaristia torna presente
para nós o mesmo acontecimento e nós participamos dele e recebemos a mesma vida
de Cristo em sua Morte e Ressurreição. Em cada celebração litúrgica entramos em
comunhão com esse mistério de Cristo de acordo com a Palavra e o símbolo. Por
exemplo: uma é a aproximação que realizamos no matrimônio, outra na ordenação,
outra em uma bênção, seja de um vivo, seja de um falecido. Mas é a mesma.
776. Ressuscitados com Cristo
A Páscoa de
Cristo, além a liturgia, penetra toda a vida cristã em todas suas
manifestações. Pelo Batismo vivemos a vida do alto, onde está Cristo à direita
de Deus, como lemos na Páscoa (Cl 3,1). A vida do alto não nos tira da terra, mas eleva o que
é da terra. Todo ato de amor é um momento de ressurreição. Ela retira de nós o
mal e nos retira de todos os momentos de morte pelo mal. Nossas atividades
tornam-se momentos de Ressurreição. Vividos em Cristo, nossos atos nos conduzem
a Deus e são santificadores, seja o trabalho, seja o lazer, seja a batalha da
vida, sejam os prazeres que Deus colocou em nossa carne. A santificação das
realidades terrestres não vem da quantidade de água benta que nelas colocamos,
mas da capacidade de vida de amor com que as vivenciamos. Ressuscitados com
Cristo, ressuscitamos com Ele o mundo que nos rodeia. Esta é a missão para o
fiel. No domingo da Ressurreição Jesus dá o Espírito Santo para a
reconciliação: “A paz esteja convosco..... A quem perdoardes os pecados eles
serão perdoados” (Jo
20,21-22).
Nenhum comentário:
Postar um comentário