Na beleza do amor estão
compreendidas todas as energias humanas. Quanto mais é amor, mais nos aproxima
de Deus. Por isso o casamento é o caminho mais natural para a santidade da
pessoa humana. O amor carnal supõe seu enriquecimento no amor de amizade para
chegar ao amor Divino, que chamamos de ágape. É a conjunção dessas três
dimensões que realiza a pessoa humana e a santifica. Não é sufocando o amor humano
carnal que teremos o amor Divino. A manifestação de Deus ao mundo se deu na
carne de Jesus que sabia amar. As penitências que afligem o corpo não são para
matar a carne, mas para nos abrir também ao espiritual. Encontramos Deus em
nosso ser total de carne, alma e dimensões psicológicas e intelectuais. O
desvio do erótico se dá na falta de alteridade, pois está na exploração do
outro. Os extravios não dignificam o homem e a mulher. A autoeducação, diz o
Papa, realiza mais intensamente a pessoa e não renuncia ao intenso prazer, diz
S. Tomás. Quando mais buscamos o amor ao outro, em suas mais diversas dimensões,
mais encontramos Deus na pessoa do outro. Por isso o matrimônio insiste que os
dois serão uma só carne. Deus está também na dimensão do prazer. Lembra ainda o livro do Eclesiástico: “Num dia
feliz desfruta dos bens” (Eclo 7,14). O limite do
prazer será sempre o prazer do outro. O egoísmo destrói o amor, pois é seu
contrário. S. João Paulo IIensina que “o ser humano é chamado à plena e matura
espontaneidade das relações que é o fruto gradual do discernimento dos impulsos
do próprio coração”. O erotismo é um assunto a ser aprofundado para superar a
má formação e os abusos (AL 151-152).
1790. Violência
não cabe no amor
Há problemas e patologias (doenças) na
sexualidade matrimonial. O ideal é bonito, mas a realidade às vezes maltrata e
destrói. Não pode ser “ocasião e instrumento de afirmação do próprio eu e da
satisfação egoísta dos próprios desejos e instintos” (AL
153).
Papa Francisco descreve uma situação constante no campo da sexualidade e
pergunta: “Podem-se ignorar ou dissimular as formas constantes de domínio,
prepotência, abuso, perversão e violência sexual que resultam de uma distorção
do significado da sexualidade, sepultam a dignidade dos outros e o apelo ao
amor sob uma obscura procura de si mesmo?” (AL 153). Mesmo no
matrimônio, a sexualidade pode tornar-se fonte de sofrimento e manipulação... O
ato sexual imposto ao cônjuge, sem consideração ....não é um ato de amor...” (Al
154).
Ninguém pode ser colocado a “serviço do outro”; nenhum dos cônjuges fique fora
da alegria do amor. Papa Bento XVI afirma em sua encíclica, Deus é Amor: “Se o
homem aspira a ser somente espírito e quer rejeitar a carne como herança apenas
animalesca, então espírito e corpo perdem sua dignidade” (DCE
nº 5).
1791. Os que não
se casaram
Toda a beleza do matrimônio não
desaparece quando alguém não se casa. Há diversas situações, contudo essa vida
não pode ser vazia de amor. “Há pessoas que não se casam porque consagram a vida
por amor a Cristo e aos irmãos. Na Igreja e na sociedade, a família é
enriquecida pela sua dedicação” (AL 158). “A virgindade
é uma forma de amor”. Jesus escolheu esse caminho e foi um homem completo porque
viveu o amor como caridade. O solteiro vive já o mundo definitivo. Matrimônio e
virgindade são modalidades diferentes de amar (AL 161), sempre no
serviço oblativo. Não ser casado não pode ser uma fonte de vazio e de amargura,
mas capacidade de vida que se doa ao extremo justamente onde o amor se torna
vida compartilhada. Exige a sexualidade como entrega aos outros.
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