PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
Bendito o rei que vem!
Nos
reunimo-nos para ir ao encontro de Cristo que vem. Não se trata de uma
celebração em que recordamos um acontecimento. Fazemos memória, isto é, vivemos
o mesmo mistério na celebração. Acolhemos Cristo. S. Gregório de Creta, pelos
anos 700, prega que devemos ir ao encontro de Cristo no monte das Oliveiras...
imitemos os que foram a seu encontro não para estendermos os ramos de oliveira
a sua frente... mas para nos prostrar-nos a seus pés, com humildade e retidão
de espírito a fim de receber o Verbo de Deus que se aproxima, e acolher aquele
Deus”. Nas celebrações da Semana Santa não há diferença entre o que ocorreu no
momento histórico e o que vivemos na fé. Por isso, digamos levantando os ramos
espirituais: “Bendito o que vem em nome do Senhor”. Em todas as missas nós
repetimos estas palavras para significar que Ele sempre vem ao nosso encontro e
nós O acolhemos com alegria. A liturgia do dia tem dois momentos: o alegre e
festivo da procissão e o doloroso da narrativa da Paixão. Pela Paixão chegamos
à glória. Jesus entra em Jerusalém como o rei prometido e o povo O identifica.
Jesus entra em confronto com os fariseus que dizem: “Mestre, repreende teus discípulos!”.
Ao que responde: “ Se eles se calarem as pedras gritarão” (Lc 19,39-40). A
solenidade de Ramos interessa para o mundo de hoje. Tenhamos segurança que toda
essa pressão contra Cristo, significa sua importância, do contrário, não teria
tantos inimigos. Por isso: “Bendito o que vem”!
Um exemplo de humildade
A
Semana Santa é uma escola para conhecer Jesus. Isaías disse que Ele aprende como
aluno”(Is 50,4).
Jesus não é somente o Salvador e o Rei glorioso no Céu, mas é o exemplo de
obediência e humildade. Sabemos que a humildade está presente na Trindade pelo
mútuo acolhimento. Jesus era aberto ao Pai, sem orgulho. Qual o sentido de
humildade? Rezamos: “Ó Deus, para dar aos homens um exemplo de humildade,
quisestes que nosso Salvador se fizesse homem e morresse na cruz...” (oração). A humildade
é a chave de entendimento da Paixão de Cristo. Ele se abaixou ao extremo, como
lemos em Filipenses: “Humilhou-se a si mesmo, fazendo-se obediente até à morte,
e morte de cruz” (Fl
2,8). É o único modo de chegar à ressurreição. A atitude de humildade
que caracteriza a Paixão está explicada no Lava-Pés. Humildade e acolher no
serviço humilde de escravo. A morte de Jesus é também a morte do escravo. Jesus
aceita até o abandono de Deus. Por isso vemo-lo gritar na cruz: “Meu Deus, meu
Deus, porque me abandonaste?”(Sl 22,1). É o máximo da humilhação. Assim é reconhecido pelo
ladrão que pede: “Lembrai-vos de mim, quando entrares no teu Reinado” (Lc 23,42). “Por isso
Deus o exaltou!” Exclama Paulo (Fl 2,9).
Todo joelho se dobre
A
entrada de Jesus em Jerusalém ilumina a Paixão que não é o fim, mas o meio para
se chegar à glorificação. No mundo, as forças da oposição à fé se tornam até
instrumentos de morte. É uma participação nossa nas dores do Cristo. Não
podemos perder de vista que Cristo venceu e que tudo será submetido a seu
domínio. Mesmo que não se diga, vemos em muitas atitudes do mundo, as sementes
do evangelho. Por isso, diante do universo, nós dobramos o joelho e O acolhemos
como Senhor. No abandono, também nós lamentamos, mas creiamos na glória que se
aproxima.
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