Jesus chegou
ao ponto máximo de sua vida e missão. É o momento de ouvir suas últimas
palavras. Quanto desejamos guardar as palavras daqueles que amamos. “Tendo
amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o estremo do amor” (Jo, 13,1). A
Quinta-Feira Santa é um tesouro de ensinamento. Jesus deixa para nós o que tem
de melhor: seu caminho de vida que foi amor de entrega que culmina na Eucaristia.
Iniciando a Ceia, o que aparece? Uma bacia para lavar os pés. Parece que o
discurso está errado. Mas não! O gesto de lavar os pés, serviço humilde e
fraterno de acolhida, é a síntese de todo este momento de sua vida. A
Eucaristia que institui para o memorial de sua morte e ressurreição e o Reino
implantado são o serviço que Ele fez. Se servirmos com humildade e amor,
estaremos fazendo o que Ele fez e, com Ele, redimimos o mundo. É sua nova
Páscoa. Por que tanta humildade? É a vida da Trindade Santa: humildade e acolhimento.
Jesus fez o discurso perfeito: disse: “Compreendeis o que vos fiz? ...Se
portanto, eu, o Mestre e Senhor e vos laveis os pés também vós deveis lavar os
pés uns dos outros. Dei-vos o exemplo para que, como eu vos fiz, também vós o façais”
(Jo 13,12-14).
Jesus sintetiza seu ensinamento em um gesto simples. Sua Morte e Ressurreição,
como obra de Redenção que permanece na Eucaristia, só se entende a partir do
amor que se doa e serve.
772. Sexta-feira
Santa – o extremo amor
Só Ele mesmo
poderia amar assim! O amor só é
amor, se não tiver medidas. Ninguém ama picadinho, um pedaço para cada um.
Assim foi Ele: Amou até o extremo do amor. Todos os sofrimentos coroaram-no
como Rei da Vida, Senhor do mundo, num trono elevado, vestido do manto vermelho
do sangue de todos os sangues. Esta é sua Verdade. Ele disse: “Vim para dar testemunho da Verdade”,
diz a Pilatos. Este pergunta: “O que é a verdade?”Já dissera: “Eu sou a
Verdade”. Verdade é amar por completo, não ter o que reservar para si. É incompreensível
que um Deus tão amoroso chegasse a ponto de se entregar, no Filho, a tanto
sofrimento. Ele assumiu nossas dores. Só Ele mesmo poderia dar sentido, quando
acabara todo o sentido. Estar diante da cruz de Jesus é uma escola para
aprender a amar. Quando formos capazes de aprender a misericórdia de Deus,
podermos saber o que significa a cruz. Os cristãos querem milagres, vida boa
sem problemas. A Redenção veio pela dor, pela entrega. Quem não quer a cruz, não
aprendeu a amar. A Mãe ali estava, pois o sangue a fecunda para os nascimentos
dos filhos da Verdade.
773. Sábado Santo, o amor que dorme
Rezamos na profissão de fé, o Creio: “Desceu à mansão
dos mortos” ou, aos infernos. Não se trata do Inferno, mas, como se acreditava,
que os mortos viviam nas sombras da morte. Desceu para ir ao encontro de Adão,
a ovelha perdida, para libertá-lo da morte por sua morte na cruz. Fazemos um
sábado silencioso para deixar escorrer para dentro do coração as riquezas desse
amor de verdade. A Igreja faz silêncio para entrar com Ele neste mistério. Ele
é a esperança para todos os que morreram antes de sua morte. Nesta esperamos
vivemos também nós. Ele passou por tudo que passamos para podermos passar com
Ele as agruras da morte e o silêncio do futuro até que brilhe a luz. O silêncio
do Rei que dorme é um mistério e um dom. Mistério porque podemos participar
dele e viver a morte como caminho da vida. Dom, porque em Deus encontramos o
repouso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário