sexta-feira, 21 de outubro de 2016

REFLETINDO A PALAVRA - “Cristo ressuscitou!”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
Abriu as portas da Eternidade
   Ele ressuscitou de verdade! Esta é  nossa profissão de fé e a razão de tudo o que fazemos. Infelizmente a Ressurreição ainda não penetrou nossas vidas, pois a religiosidade popular esteve desligada da liturgia. Para nosso povo, a Semana Santa acaba na procissão do Senhor Morto. Foi assim que aprendeu. É sua cultura religiosa. Os discípulos inicialmente estavam desiludidos, confusos, temerosos, assustados e não acreditavam. Para eles tudo acabara, como disseram os dois discípulos que iam para Emaús: “Nós esperávamos que Ele fosse libertar Israel. Agora já são três dias que estas coisas aconteceram” (Lc 24,21).  Nossa fé na Ressurreição se funda no testemunho do encontro pessoal dos discípulos com Jesus. Do medo vão à alegria incontida. Seu testemunho e a graça do Espírito dão-nos também a ventura de crer que Ele está vivo. “Ele é o verdadeiro Cordeiro que tirou o pecado do mundo, morrendo, destruiu a morte, ressurgindo, deu-nos a vida” (prefacio). Deus ressuscitou Jesus porque foi fiel até à morte cumprindo a vontade do Pai. “Por isso Deus o exaltou”, escreve Paulo aos Filipenses. A Ressurreição não é um acontecimento só de Jesus e alguns seguidores. O que acontece com Ele atinge o universo. Como, em sua encarnação, assumiu em Si o Universo e, em sua Morte dominou o mal, em sua Ressurreição abriu a vida a toda a humanidade. Rezamos:  “Ó Deus, por vosso Filho Unigênito, vencedor da morte, abristes hoje para nós as portas da eternidade. Concedei que, celebrando a Ressurreição do Senhor, renovados pelo vosso Espírito, ressuscitemos na luz da vida nova” (oração). Todo o universo participa da Ressurreição. As portas do Paraíso, fechadas pelo pecado dos primeiros pais, Adão e Eva, são abertas para todos, sem distinção. A própria natureza participa da ventura de ser libertada (Rm 8,21). Pedro prega que Ele está vivo, pois apareceu para “eles que comeram e beberam com Ele depois de ressuscitado dos mortos” (At. 10,41).
Viu e creu
No primeiro dia da semana, isto é, em nosso domingo, Maria Madalena vai ao túmulo. Vai chorar um defunto e cumprir os ritos do sepultamento. Encontra a pedra da entrada afastada. Corre a avisar Pedro e João. Estes correm. João chega primeiro e espera Pedro. Este entra e vê. João entra e crê. Crer tem o sentido de compreender o mistério. As faixas de linho jogadas por terra e o sudário dobrado de lado. Por quê dobrado? Ouvi que há uma tradução de dobrado por murcho que significa um invólucro que esvaziou. Eles não compreenderam que Ele devia ressuscitar. Somente a aparição e a luz do Espírito farão que compreendam. Assim também a nós.
Buscai as coisas do alto
Celebrar a Ressurreição é ter um novo modo de compreender a vida. S. Paulo convida a celebrar a Páscoa não com o velho fermento, nem com o fermento de malícia e perversidade, mas com os pães ázimos, na pureza e na verdade”(1Cor 5,8). Fermento significa a mentalidade. Buscar a Eucaristia é buscar o alimento da Ressurreição, como rezamos: “Sacrifício pelo qual a vossa Igreja maravilhosamente renasce e se alimenta”. A Eucaristia é a celebração do Mistério Pascal de Cristo em sua Ressurreição. S. Paulo convida a buscar as coisas do alto (Cl 3,1) para passar a vida fazendo o bem (At 10,38). 
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